Um
dos fatores de maior importância para uma “boa pessoa” é estabelecer relações
positivas com os outros. Manter relações harmoniosas e acalmar conflitos onde
quer que eles existam é a grande prioridade, pelo que, com muita facilidade, as
outras questões passam para segundo plano, nomeadamente aquelas relativas aos
próprios interesses, quer pessoais, quer profissionais. Isto significa que ser
boa pessoa é incompatível com a progressão na carreira ou a dedicação a
atividades de seu interesse?
A
teoria de que as boas pessoas têm um caráter fraco é infundada. A vontade de
querer agradar sempre os outros não choca necessariamente com um caráter
assertivo ou competitivo, características essenciais para se conquistar um
cargo de chefia, por exemplo. Tudo passa pela atitude. Ser assertivo não
implica ser agressivo. Trata-se apenas de ter segurança no que se quer e não
ter receio de enfrentar incompatibilidades, pois elas existem sempre. Da mesma
forma, ser competitivo ou ambicioso não implica passar por cima dos outros,
apenas ultrapassar barreiras para alcançar a própria meta.
Costuma
haver uma associação imediata entre os que detêm o poder e a falta de
preocupação pelos outros, mas é perfeitamente possível manter os valores
fulcrais de uma “boa pessoa” e simultaneamente conquistar sonhos ambiciosos.
Pode-se conjugar a atenção pela necessidade dos outros com a atenção pela
própria necessidade. Há momentos em que é preciso fazer uma escolha, mas tal
não implica prejudicar alguém. Há momentos em que também nos devemos ouvir para
sentirmos o que verdadeiramente nos traz bem-estar, alegria e satisfação, pois
o termos a nossa atenção demasiado focada nos outros também pode significar uma
incapacidade de olharmos para nós próprios. Não nos esqueçamos que só quando
estivermos em harmonia connosco conseguimos ajudar verdadeiramente o próximo.
Rossana Appolloni