sexta-feira, 31 de maio de 2013

O LEGADO DO CONDE FERREIRA - 4



Como se pode calcular e sabemos de experiência, não faltavam ideias e desejos, quase sempre incumpríveis por falta de meios.
Toda esta acção legislativa produziu os seus efeitos no sentido de se incrementar a instrução primária e popular, dotando algumas localidades de edifícios escolares construídos com esta finalidade. Os poucos existentes na época eram residências familiares adaptadas a escolas, quando não servia de escola a própria casa do professor.
Terminarei esta evocação do Conde Ferreira, citando D. António da Costa: “Como homem, o Conde de Ferreira não podia ser isento de imperfeições. Se as teve, desconte-lhas a caridade, de que ele na hora extrema foi tão magnânimo para a instrução popular. E quando de dentro de todos aqueles edifícios escolares se elevarem, de geração em geração, os cantos infantis de tantas crianças, exulte o espírito do benfeitor, por ter concorrido para iluminar os entendimentos que jaziam nas trevas” .
Os efeitos deste nobre gesto, espalhando os benefícios da cultura aos mais carenciados, estenderam-se por todo o País.
O projecto fornecido com a planta do edifício escolar era mais ou menos uniforme, com ligeiras adaptações às características topológicas de cada localidade. Mas a doação do benemérito destinava-se a 120 localidades que, uma vez aderentes, tinham também de dar o seu contributo, quer no terreno destinado à construção, quer em mão de obra, quer nos materiais e restantes despesas.
A doação feita em 1866 era de 144.000$000 de réis, pelo que caberiam a cada localidade 1200$000 réis, pois que se destinava a 120 edifícios. De todo o País, conforme se deduz da leitura do mapa que ilustra este artigo. 

                                                  Francisco Goulão