quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

DELIBERAÇÃO



Fora posto em minha mente
que ser nada e nada ter,
                        ao dispor de toda a gente,       
só servir é meu dever.

Fui de mim um grande ausente,
ignorando o próprio ser.
Hoje eu sou de mim um crente,
bem que em parte a converter.

Numa busca permanente,
me encontrei. Estou contente:
A mudança aconteceu.

Já liberto, diferente,
decidi, é pacto assente:
Vou servir, mas sendo eu.

João d’Alcor


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

SEJA ÚNICO!



Os nossos níveis de satisfação e de insatisfação, na maioria das vezes, têm a ver com os pontos de referência com os quais nos comparamos. Quando nos comparamos com os que têm mais, sentimo-nos mal. Quando nos comparamos com os que têm menos, sentimo-nos gratos.
Apesar de termos exatamente o mesmo em qualquer dos casos, os nossos sentimentos perante a vida variam drasticamente em função daqueles com quem nos comparamos. Basta pensar nos Jogos Olímpicos: receber uma medalha de prata ou de bronze pode implicar uma emoção positiva extremamente forte quando comparado com os que ficaram para trás, ou de extrema tristeza quando comparada com quem ganhou a de ouro.
Devemos evitar comparações, quer para nos sentirmos melhor ou pior. É positivo identificarmos modelos que nos ajudem a estabelecer metas, mas dentro do que é possível atingir e com o que temos ao nosso alcance.
Nós somos imperfeitos, essa é a nossa riqueza. Somos uma mistura complexa de capacidades e limitações. As pessoas felizes aceitam os insucessos como oportunidades de aprendizagem, pois são os que mais falham que mais aprendem e mais longe chegam.
As pessoas infelizes, pelo contrário, tendem a assumir o fracasso e a exacerbá-lo, usando-o não só como uma representação de si próprias como também como uma previsão de resultados futuros. Sendo assim, vale a pena alimentarmos a nossa autoestima e termos como referência nós próprios: o que somos e o que queremos alcançar.
Quando o desejo é fruto do nosso eu mais profundo, faremos sempre o nosso melhor e já isso é um grande sucesso!

                                                   Rossana Appolloni

sábado, 26 de janeiro de 2013

DIFERENCIAR A RELAÇÃO PEDAGÓGICA




               A introdução de novos modos de relacionamento do professor com os alunos é talvez o tipo de diferenciação que exige uma maior competência pedagógica da parte daquele. Não é apenas de natureza inata; ela aprende-se também e deveria estar no cerne da formação de professores.
            A turma tem que estar minimamente organizada para que se possa dar resposta a um ensino em que a entreajuda, a colaboração, o trabalho de grupo constituam uma realidade. É certo que o professor deixará de ser o único referente mas multiplicar-se-ão as suas possibilidades de apoio aos alunos.
            As TIC (tecnologias da informação e comunicação), por outro lado, poderão ser um instrumento privilegiado nesta diferenciação. Elas permitem criar situações de permuta de conhecimento, inclusive fora da sala de aula, que favorecem uma relação mais personalizada do professor com o aluno. Já vai havendo numa ou noutra escola professores que, através do Twiter ou da simples mensagem electrónica, contactam com os seus alunos e lhes dão indicações, sugerem pistas ou os incentivam nos seus trabalhos.
            Um instrumento, porém, se tem salientado nos últimos anos, nas TIC, mas ainda de uso bastante restrito, como induzindo a reflexão em comum, estimulando a participação dos alunos, seja com os pares, seja com o professor, fazendo nascer hipóteses paralelas ou, até, divergentes. Trata-se do quadro interactivo (QI). Estudos recentes parecem mostrar que ele, favorecendo a formação da turma como grupo, pode constituir-se como um autêntico construtor de aprendizagens.
            Relativamente ao professor, o Q.I. encoraja-o a planear as aulas que tenham actividades interactivas, enriquecendo-as com imagens, gráficos e interagindo com conteúdos que se encontrem na Internet, ao mesmo tempo que é levado a concentrar-se nas respostas dos alunos. Ele pode ser um indutor de mudança dos modos de ensinar do professor e, assim, contribuir para o seu desenvolvimento profissional.
            Nem tudo serão rosas, no uso do Q.I.! Haverá também espinhos, o primeiro dos quais é a exigência de uma formação adequada nas TIC por parte do professor. Mas só superando os obstáculos se consegue alcançar a meta. E esta vale a pena ser atingida!

                                                        Mário Freire
            

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O MÉTODO DE ENSINO MÚTUO E O INÍCIO DA FORMAÇÃO DE DOCENTES II



Fizemos a nossa estreia no blog com um artigo sob o mesmo título com a intenção de, face às dificuldades da época, felizmente ultrapassadas, salientar os grandes problemas daquela época: a carência de docentes, a existência do analfabetismo generalizado e a necessidade de promover a alfabetização de multidões. Daí a necessidade de leccionar turmas de cem alunos.
Parecendo inoportuna a insistência, defendo que o futuro desejado só poderá melhorar se houver conhecimento dos obstáculos vencidos, de forma a proporcionar a aprendizagem simultânea a dezenas de alunos. É nosso propósito aproveitar a oportunidade para uma reflexão e consequente estudo sobre o pioneirismo na formação e aperfeiçoamento pedagógico dos indivíduos encarregados de preparar e formar as gerações discentes.
Parece, pois, legítima esta intenção em qualquer situação da vida e referida a qualquer actividade humana; mais justificada nos parece quando abordada em blog frequentado por muitos interessados no ensino.
Eis-nos, assim, perante a pergunta: - Quando teve início em Portugal a preparação “sistematizada” dos professores?
A resposta, parecendo fácil, carece de enquadramento temático e geográfico, pelo que, não surgindo definitiva e objectiva, envolve alguma dificuldade.
Não oferece dúvida que a Carta de lei de 6 de Novembro de 1772 conferia poderes à Real Mesa Censória para se certificar de que os candidatos a mestres régios possuíam as necessárias habilitações, através de exames efectuados em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e capitanias das Colónias.  Refiro este diploma legal por marcar a oficialização do ensino público e a responsabilização do Estado por criar, manter e fiscalizar este nível de ensino. Mas não há referência explícita à forma de preparar os mestres. À Real Mesa Censória apenas incumbia certificar-se de que o candidato reunia as habilitações indispensáveis ao bom desempenho do cargo.
Sobre a iniciação da formação de mestres existem alguns documentos irrefutáveis, ligados à aplicação do Método de Ensino Mútuo, também conhecido por Método de Bell e Lancaster.
Duas palavras apenas sobre o método mútuo, que aparece em despique com o indevidamente chamado método simultâneo, sempre utilizado como prelecção de um docente a vários discentes em aprendizagem.
Face à profusão de alunos e à exiguidade de mestres habilitados, o método mútuo apresentava a vantagem de permitir a reunião, num salão compatível, de turmas enormes de cem ou mais alunos dirigidos por um só professor, auxiliado por alunos mais adiantados, que tomavam a seu cargo a orientação de um grupo restrito de dez alunos (decúria). No fundo, consistia na prática jesuítica da centúria, reminiscência romano-militar experimentada pelo oficial e capelão inglês Bell e desenvolvida pelo também inglês Lancaster, em finais do século XVIII e inícios do XIX. Há notícias da sua aplicação em Portugal durante o primeiro quartel do século XIX, exaradas em documentos que passaremos a analisar.
Referiremos em primeiro lugar o testemunho de Cândido Xavier (1769-1833), definido nos seguintes termos: “desde o 1º de Março de 1816 existia naquela cidade (Lisboa) uma escola normal, na qual se tinham habilitado 81 mestres; que desde o mês de Junho de 1817 se acham em actividade as escolas nos regimentos; que, além destas, se abriram outras nos estabelecimentos Reais (sic), como no Deposito geral de cavalaria, e na Cordoaria; que em umas e outras eram recebidos não só os militares e seus filhos, mas também os dos habitantes; que no princípio de Outubro de 1818 havia 18 destas novas escolas em Lisboa e Província da Estremadura, 10 na Beira, 5 em Trás- os-Montes, 9 no Porto e Província do Minho, 10 no Alentejo e 3 no Algarve; que até àquela data se tinham matriculado nelas 1891 militares, 1952 paisanos, no todo 3843 discípulos, dos quais 367 se achavam já habilitados, e destes 60 militares tinham por essa causa sido promovidos a oficiais superiores; que o número dos que frequentavam em 3 de Agosto de 1818 era de 2518, dos quais 296 no alfabeto, 409 no silabário, 410 no vocabulário, 801 nas frases e períodos e 602 na leitura corrente; que 304 escreviam na areia, 445 na ardósia e 1730 em papel; que 827 se achavam nos princípios gerais da numeração, 785 na composição e decomposição dos números inteiros e decimais, 242 na dos numeros quebrados, e 61 nas regras de 3; ultimamente, que o numero médio de discípulos paisanos, com que as 55 escolas existentes naquela época se aumentavam cada mês era de 60 a 70” .
                                           
                                                           Francisco Goulão

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES ENTRE HOMENS E MULHERES NA UNIÃO EUROPEIA




A igualdade de tratamento de mulheres e homens foi um dos princípios fundadores da União Europeia (então CEE), em 1957. Desde os anos 70, as leis europeias e nacionais vêm proporcionando mais oportunidades às mulheres e, consequentemente, melhores condições de vida.
A percentagem de mulheres no mundo do trabalho tem vindo a aumentar com regularidade. Desde o ano 2000, as mulheres passaram a ocupar cerca de três quartos dos novos empregos criados na Europa. As raparigas já têm melhor desempenho escolar que os rapazes e representam, também, mais de metade dos universitários europeus. No entanto, as mulheres continuam a ganhar menos que os homens, permanecendo minoritárias em cargos superiores e de decisão política.
A União Europeia está a intensificar a sua acção no sentido de reduzir a discriminação e promover a igualdade entre homens e mulheres. Pretende reduzir os estereótipos para que as mulheres possam trabalhar com os mesmos direitos e deveres que os homens e, desse modo, contribuir para a sua independência económica.
Em toda a Europa, há muitos mais homens do que mulheres a dirigir os seus próprios negócios e as empresas. As mulheres enfrentam normalmente mais problemas no acesso ao financiamento bem como na criação e expansão das suas empresas: números recentes mostram que os homens têm três vezes mais probabilidades de trabalhar por conta própria.
A União Europeia acredita que o talento empreendedor das mulheres pode impulsionar a prosperidade europeia e, desde os anos 80, tem vindo a dar apoio prático às mulheres que pretendem criar a sua própria empresa. Incentiva a ligação em rede entre empresárias a nível nacional e europeu promovendo, simultaneamente, o empreendedorismo.

                                                       FNeves

domingo, 20 de janeiro de 2013

DEFERÊNCIA



Agir por respeito humano,
em que o amor está ausente
e a vontade é diferente,
 nos avilta. É puro engano.

Verdadeira deferência
raiz tem no coração.
Aliada a tal condão,
ela flui na sua essência.

Tal revela uma atitude
em que tudo é coerente,
desde o dito até ao feito.

 Deferência é virtude.
M’lhor a expresso a toda a gente,
mais eu próprio me respeito.

João d’Alcor

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O ESPELHO DE GANDHI




Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os factores que destroem os seres humanos. Ele respondeu:

“A Política, sem princípios;  a Riqueza, sem trabalho; a Sabedoria, sem carácter; os Negócios, sem moral; a Ciência, sem humanidade; e a Oração, sem caridade.

A vida ensinou-me que:

As pessoas são amigáveis, se eu sou amável,
As pessoas são tristes, se estou triste,
Todos me querem, se eu os quero,
Todos são ruins, se eu os odeio,
Há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
Há faces amargas, se eu sou amargo,
O mundo está feliz, se eu estou feliz,
As pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva, e
As pessoas são gratas, se eu sou grato.”

  (De um mail que circula na internet)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

SER FELIZ COM OBJETIVOS COMPATÍVEIS



Podemos pensar que as pessoas felizes e infelizes já nasceram assim: umas são privilegiadas enquanto que outras não. No entanto, visto termos a capacidade para mudarmos e para nos transformarmos o mais possível no que queremos, essa ideia não faz muito sentido. O que acontece é que, em geral, ambos os tipos de pessoas fazem coisas que criam e reforçam os respetivos estados de espírito.
As pessoas felizes permitem-se a si próprias serem felizes e as pessoas infelizes continuam, provavelmente sem darem por isso, a fazer coisas que as afetam negativamente.
Devemos saber o que queremos e do que precisamos para nos sentirmos bem. Depois, temos de definir uma estratégia para alcançar os objetivos. Ironicamente as crianças são melhores do que nós a fazê-lo. Sabem perfeitamente o que querem e sabem o que fazer para ver o seu desejo concretizado.
Viver uma vida feliz em adulto consiste em permitir-se ter desejos e fazer o que estiver ao seu alcance para os alcançar. Pense no que o alegra e no que o entristece e use essa informação para o ajudar a conseguir o que deseja. No entanto, as metas a alcançar têm de ser possíveis.
As quatro rodas do seu carro têm de estar alinhadas, caso contrário cada uma apontará para uma direção diferente e o carro não funcionará corretamente. Com os objetivos passa-se a mesma coisa: todos devem apontar na mesma direção, devem ser compatíveis uns com os outros. Por exemplo, querer apostar 100% numa carreira profissional exigente e querer ter uma família feliz pode não ser compatível. Há que definir prioridades que melhor se adequam às nossas necessidades do presente e viver feliz pelo que se ganhou com tal escolha.

                                       Rossana Appolloni

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PRECISAMOS DE TEMPO PARA APRENDER!



           Um dos aspectos a considerar na personalização do ensino é o de adequar as tarefas às capacidades dos alunos. Mas, em certos casos, as suas dificuldades não decorrem tanto da complexidade da tarefa a executar mas, antes, da falta de tempo para a sua execução. Nestes casos, os alunos podem atingir os objectivos estabelecidos desde que lhes seja dado mais tempo. E esta situação deveria aplicar-se não só para determinadas tarefas padronizadas, por exemplo, os exames, mas também para outras, no decorrer das próprias aulas.
            Certos temas poderiam, então, ser abordados pelo professor numa perspectiva de diferenciação no tempo. Este modo de actuar, para além de proporcionar maior segurança ao aluno, evita que o professor prepare uma multiplicidade de actividades diferentes, uma vez que aquele a irá realizar de acordo com o seu próprio ritmo.
Mas, como em quase tudo na vida, uma mesma situação apresenta aspectos favoráveis e desfavoráveis. E a diferenciação no tempo não foge a esta norma. Ora, o inconveniente desta abordagem, caso fosse um processo continuado, é o de que a turma em breve deixaria de funcionar como grupo. Por isso, o professor terá, igualmente, de diferenciar a sua relação pedagógica, de acordo com as circunstâncias que se lhe apresentam (e a sua competência).
       Quando se fala em educação, vêm logo à mente os métodos utilizados, os materiais didácticos em uso, a competência dos professores, os meios financeiros disponibilizados, a adequação dos edifícios escolares às necessidades do ensino e, naturalmente, os alunos. Ora, é para eles que todas as outras variáveis convergem. Mas essa convergência nem sempre tem, na devida conta, o tempo que eles necessitam para proporcionarem uma aprendizagem eficaz, sustentada, pensada, interiorizada. Precisamos de tempo para pensar! Precisamos de tempo para aprender!

                                               Mário Freire

sábado, 12 de janeiro de 2013

DEDICAÇÃO



Quem só vive para bem
nem queixumes tem do mal.
De filáucia nada tem.
Dar nas vistas, nunca tal.

Não se aflige e sempre crê,
mesmo em quem de tal se ri.
Bem que tem, em todos vê,
dada a luz que traz em si.

Em si, tudo é bem-querer:
Devoção e o dever
andam sempre de mãos dadas.

Privilégio vem a ser
ter o dom de conviver
com pessoas dedicadas.

João dÁlcor

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SER O AUTOR DA PRÓPRIA VIDA



A vida é uma tentativa constante de nos tornarmos verdadeiros autores da nossa história, sermos livres nas nossas escolhas, tal como quando um escritor escreve um livro e decide, livremente, o que fazer com a narrativa.
No entanto, ao tentarmos fazer isso, encontramos obstáculos e refugiamo-nos com alguma facilidade no sentimento de que não somos nós quem criou as nossas vidas. Sentimo-nos conduzidos pelas normas culturais, pelas expectativas da família, pelas necessidades sociais, etc.
Por outro lado, somos animais com consciência, não nos limitamos a existir. Temos uma relação com o que acontece ao nosso redor e com os outros, através de uma identidade que não nos é dada mas que somos nós que construímos, na sequência do que pensamos e do que sentimos.
No fundo, fazemos uma espécie de bricolage: somos artistas sem começarmos do zero, pois não nascemos com uma folha em branco para escrevermos a nossa vida. As matérias de base são-nos presenteadas, o que significa que grande parte da nossa vida é-nos dada sem a termos escolhido: a nossa família, o país, a condição social, o sexo, a beleza… o resto é construção. A nossa situação existencial é a de construir as nossas vidas com base em materiais pelos quais não houve opção, tal como um artista que é obrigado a trabalhar com determinados materiais para a sua criação.
Onde está então a nossa liberdade? Onde está a capacidade de nos tornamos pessoas diferentes? Está na possibilidade de construirmos o que quisermos com esses materiais. A nossa missão é transformarmos esta história numa obra na qual experimentamos verdadeiramente o que somos, isto é, tornamo-nos autores das nossas vidas, mesmo que não tenhamos sido nós a começar a história.
Não vale a pena viver na frustração dos materiais que não temos, pois quanto a isso não há nada a fazer. Mas dentro do que temos, há possibilidades infinitas de criarmos histórias únicas e admiráveis: a de sermos nós próprios!

                                                    Rossana Appolloni

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

DIFERENCIAR AS TAREFAS PARA PROGREDIR NA APRENDIZAGEM



Proporcionar uma igualdade de oportunidades a todas as crianças e jovens de modo que possam desenvolver o seu potencial até ao limite das suas possibilidades é um desafio que se coloca aos políticos mas, igualmente, àqueles que directamente lidam com os problemas educacionais. 
Ora, todos nós somos diferentes uns dos outros. Propor as mesmas matérias e idênticos métodos à generalidade dos alunos de uma mesma turma não parece, pois, a maneira mais adequada para se alcançar esse grande objectivo. Há que diferenciar e personalizar as matérias e os métodos a utilizar, tentando que cada aluno aprenda de acordo com as suas próprias características.
Esta ideia já vem de longe, tendo sido sucessivamente retomada e ampliada. E ela ganha tal importância nos nossos dias que é considerada, nestes começos do século XXI, como um dos pilares em que assentam os grandes propósitos das reformas dos sistemas educacionais.
Ora, se no plano teórico ela é aliciante, a sua concretização nem sempre se torna fácil, muito especialmente quando as turmas têm um elevado número de alunos. A pergunta surge, pois, naturalmente: como diferenciar, então, o ensino e a aprendizagem? É possível propor um trabalho diferente para cada aluno? Como preparar trinta actividades diferentes?
Mas se a diferenciação individual se torna difícil em turmas de trinta alunos, tal poderá ser minorado se essa mesma turma for dividida em grupos de nível mais ou menos semelhantes e para cada um deles se propuserem tarefas que tenham em conta as características dos que os constituem. Claro que quanto menor for o número de alunos por grupo, maior será o número destes e, como consequência, maior o número de actividades a propor.
É uma maneira de o professor praticar a diferenciação, tendo em vista a personalização. Mas não haverá outros modos de a concretizar?


                                                                 Mário Freire


domingo, 6 de janeiro de 2013

O MÉTODO DE ENSINO MÚTUO E O INÍCIO DA FORMAÇÃO DE DOCENTES


            A preparação das gerações vindouras, ao longo da História, foi sempre uma tarefa entregue aos progenitores, familiares próximos ou autoridades locais, representantes das famílias, tribos ou clãs, utilizando sempre processos empíricos de transmissão de saberes através da prática continuada dos trabalhos necessários ao grupo. Os aprendizes, em acção directa junto dos mestres, iam assim acumulando o seu capital profissional, à medida que progrediam nos conhecimentos, mais ou menos metodicamente, conforme o rigor e interesse do mestre, com maior ou menor aplicação do aprendiz, muitas vezes vítima de insucessos e desistências. Mas era um ensino individualizado, mesmo em grupo e que ia satisfazendo, ao que parece poder deduzir-se, as necessidades de autosuficiência da vida em comum, sendo a maioria produtos de natureza material, embora subsistisse também um pecúlio cultural de cariz espiritual em transmissão.
            O crescimento da população e o aumento das necessidades humanas, económicas e sociais determinaram novos processos de formação dos jovens, mais produtivos e eficazes.  Não havia professores ou mestres em quantidade e qualidade para solução de tal carência. Isto originou o recurso a todos os docentes habilitados, forçando-os à regência de turmas muito numerosas, por vezes com uma centena de alunos.Não era possível fazer ensino individualizado, nem o ensino simultâneo poderia responder, com alguma eficácia, em grupo  de proporções tão grandes.
            Daí o recurso a monitores, alunos mais adiantados, que auxiliavam o mestre no ensino de grupos mais restritos.
            Assim nasceu o método mútuo, que, além de económico, contém uma componente formativa e humanista  de cooperação e solidariedade.   
            Eis a forma como se dispunham os alunos e respectivos monitores numa sala com capacidade para cem alunos entregues a um só professor, auxiliado por monitores, normalmemte dez, também alunos mais adiantados nos conhecimentos.
            A figura representa o esquema da planta da Escola de Ensino Normal pelo método de ensino mútuo  de Belém, Lisboa, publicada por António Nóvoa em Le Temps des Professeurs, vol. !, pag. 428, Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1987.


                    Francisco Goulão

 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

CURIOSIDADE



É a curiosidade,

tão patente na criança,

condão de qualquer idade;

pouco importa se esta avança.
 

Variando nos motivos

e na forma de indagar,

temos todos, nós os vivos,

o sentido de a albergar.
 

Prazenteira e bem alerta

faz-nos ela companhia,

rumo sempre à descoberta.


Mesmo quando indiscreta

e do rumo se desvia,

bom que é tê-la, até à meta.


                                                      João d’Alcor


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

EFEITO BORBOLETA

 



A nossa vida é a mais importante de todas! Não estamos aqui simplesmente para preencher um espaço, muito menos para desempenhar um papel secundário no filme de outra pessoa. Nós somos os protagonistas da nossa própria vida e como tal somos nós que decidimos que tipo de vida ter: com quem queremos sair e viajar, que estudos seguir, que trabalho fazer, onde viver, com quem partilhar o nosso espaço, etc.
Só nós sabemos o que verdadeiramente precisamos para sermos felizes, pelo que ninguém pode interferir voluntariamente nas nossas escolhas. E quem nos ama saberá respeitá-las. Nós somos importantes: basta pensar em como tudo seria diferente se não existíssemos. Todos os sítios por onde passamos e todas as pessoas com quem já nos cruzámos na vida seriam diferentes se não existíssemos.
Estamos todos interligados uns aos outros e somos todos afetados pelas decisões uns dos outros.
Imagine que todos os dias apanha o metro para ir trabalhar. Acorda à mesma hora, toma o pequeno-almoço sempre no mesmo café, faz a caminhada do costume até à estação de metro e por volta da mesma hora, mais minuto menos minutos, lá está ele. Apanha-o e vê algumas pessoas que já lhe são familiares e outras nem por isso.
Imagine agora que em vez de ir de metro para o trabalho decide ir a pé, ou de autocarro. Casualmente encontra um amigo de infância com quem acaba por trocar contactos e com quem mais tarde vem a organizar um evento com outras pessoas. Dá para imaginar o desenrolar da história?
Talvez este seja um exemplo simples, mas o importante é perceber que cada escolha que fazemos na vida, por muito insignificante que possa parecer, pode influenciar o nosso dia ou a nossa vida… ou a vida da nossa cidade, ou do nosso país! Estamos todos imersos num desencadear de situações que nos escapam à consciência. Por isso, assuma a responsabilidade de todas as opções que faz, das maiores às mais pequenas, pois elas acabam por influenciar tudo o que o rodeia!
O bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. [Edward Lorenz, 1963]

                                                 Rossana Appolloni