domingo, 19 de maio de 2013

ONDE COMEÇA A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA?



            A família de hoje é qualitativa e quantitativamente diferente daquela que existia há algumas décadas. De uma família patriarcal e numerosa onde cabiam pais, filhos, irmãos, tios…, transitou-se para uma família cada vez mais reduzida. Ela, nos tempos que correm, reduz-se, frequentemente, a pai, mãe e filhos (quando existem). As famílias monoparentais serão abordadas noutras crónicas.
            Ora, é na família que a criança começa a construir a sua personalidade. Se a família funcionar adequadamente, com pai e mãe a diferenciarem-se mas, igualmente, a complementarem-se nos seus papéis, é natural que o crescimento da criança seja ajustado. Ela encontrará neles os modelos que irá imitar e seguir. De igual modo, o contrário será verdadeiro: num ambiente familiar conflituoso e desorganizado, a criança aprenderá esses comportamentos de conflito e de desordem. 
            É também no ambiente familiar que a criança deve começar a experimentar o não. Ela tem que aprender ali que nem tudo o que deseja pode alcançar. A satisfação de todos os seus caprichos, desejos extravagantes e teimosias, se satisfeitos, não a irão beneficiar e serão fonte de conflito na sociedade. No lar, como em qualquer sistema social, tem que haver normas. A inexistência dessas normas ou a quebra sistemática das mesmas, por cedência, induz na criança o sentimento de que, fazendo força para tal, tudo lhe pode ser concedido.
Ora, a criança irá transportar para a escola e para a comunidade aquilo que constantemente viu repetido na família, seja nos comportamentos adequados, seja nos inadequados.
A família é, pois, em primeira e principal instância, a grande modeladora dos comportamentos que uma pessoa, quando adolescente ou adulto, irá manifestar na escola e na sociedade.

                                                   Mário Freire