O
desenvolvimento social e económico de um país depende fundamentalmente do
conhecimento e do nível educativo dos seus cidadãos. No momento de crise
económica profunda que se verifica em Portugal, em que a sustentabilidade do
ensino superior se encontra ameaçada, e a sua organização com rumo incerto, importa
mais do que nunca criar um espaço de reflexão pedagógica em que os
especialistas em ciências da educação se possam pronunciar.
Pode
parecer um paradoxo centrar este texto na componente pedagógica do ensino
superior, quando toda a pressão de avaliação interna e externa das instituições
e dos docentes incide particularmente sobre a produção científica. Mas, talvez
não.
Assumimos que a reflexão de natureza
pedagógica continua a não ser uma prática corrente nos ensinos politécnico e
universitário em Portugal que, durante gerações, nos habituou a um ensino
tradicional destinado apenas a uma pequena elite e se alheou dos desafios da
massificação de que foi alvo. A ideia de que pedagogia apenas diz respeito à
relação do professor com crianças ou jovens até ao ensino secundário permaneceu
latente, tornando estéril qualquer discussão que, na perspectiva de alguns,
seria desnecessária e até contraproducente no ensino superior.
Um novo
paradigma terá de ser assumido por um ensino superior que busca o ideal da
excelência, colocando no centro do debate o equilíbrio entre as dimensões
pedagógica e investigativa e uma redobrada atenção à sociedade e às mudanças
se, verdadeiramente, o que pretendemos é ganhar o desafio da qualidade.
FNeves