segunda-feira, 29 de junho de 2015

CRISTAIS E MINERAIS


                                                             
                                       quartzo

Os minerais estão no nosso quotidiano. Nas pedras das calçadas, na areia com que se faz o vidro, nas matérias-primas de todos os metais que nos asseguram a sociedade industrial, nas jóias de quem as pode usar e no sal de que nós, portugueses, abusamos.
Todos falamos de minerais com base num conhecimento vulgar, empírico, ligado à experiência do dia-a-dia. Minas, minérios e mineiros fazem parte do vocabulário popular por razões óbvias ligadas a um vasto e velho sector primário da economia. Não há sítio onde não se fale de minas, nem que seja de minas de água. Mina, nome que recebemos através do francês mine, significa escavação na terra e parece radicar na cultura céltica, vivida por um povo ao qual se deve a metalurgia do ferro.
Por mineral entende-se um corpo sólido, inorgânico, natural, de composição química variável dentro de limites bem estabelecidos, caracterizado por uma disposição geométrica dos seus átomos, segundo redes tridimensionais, próprias de cada espécie. Diz-se, então que os minerais têm estrutura cristalina.
Desde a Antiguidade e até, pelo menos, ao século XVIII, acreditou-se que os cristais de quartzo hialino, isto é, incolor e transparente, eram ocorrências de água no estado sólido, num grau de congelação tão intenso que era impossível fazê-los voltar ao estado líquido.

Aristóteles (384-322 a. C.) chamava cristal ao gelo (krystallos, em grego) e foi sob este nome que esta espécie mineral passou aos domínios da alquimia, primeiro, e da mineralogia, depois. Um seu aluno, Theophrastus (372-287 a. C.), distinguia o cristal-água (o gelo) do cristal-pedra (o quartzo hialino). Os romanos mantiveram este entendimento, latinizando o nome para cristallus, como se pode ler num dos 38 volumes da “História Natural”, de Plínio, o Velho, (23-79 d. C.).
Foi o carácter transparente e incolor do cristal-pedra que acabou por dar o nome ao vidro industrial de alta qualidade, a que hoje chamamos simplesmente cristal. A expressão cristal-de-rocha, aplicada ao quartzo hialino, surgiu muito mais tarde (no séc. XIX) para distinguir o mineral do produto manufacturado. A palavra cristal acabou, depois, por se generalizar aos corpos poliédricos minerais ou orgânicos, naturais e artificiais, tendo sido, por isso, usada como étimo do nome da disciplina que os estuda – a Cristalografia – afirmada como ciência no início do século XIX com René-Just Haüy, em França.
Minerais e cristais são, pois, duas realidades indissociáveis. Por tradição, o conceito de cristal implicava o carácter poliédrico (facetado) do sólido, fosse ele uma substância mineral ou orgânica, natural ou produzida artificialmente. Tal concepção foi abandonada a partir do momento em que se tornou conhecida a estrutura íntima, à escala atómica, dos corpos no estado sólido. Assim, cristal é hoje entendido como uma porção uniforme de matéria cristalina, matéria que, como se disse atrás, é caracterizada por uma disposição geométrica dos seus átomos, segundo redes tridimensionais, próprias de cada espécie. Um tal arranjo geométrico é posto em evidência, entre outras manifestações, pelas faces do cristal. Mas nem sempre a matéria cristalina se manifesta com a configuração de um cristal, no sentido vulgar do termo, isto é, no de um corpo poliédrico, total ou parcialmente limitado por faces planas. Um grão de quartzo, no seio do granito ou solto e na areia da praia, não tem forma poliédrica, mas é matéria cristalina.
Com a mesma composição química do quartzo, a opala, uma variedade de sílica amorfa, isto é, não cristalina. Amorfo é também o vidro vulcânico, principal constituinte de rochas como a pedra-pomes ou a obsidiana.
Ainda que cristalinas, não são consideradas minerais as substâncias inorgânicas produzidas artificialmente e as orgânicas, sejam elas naturais ou artificiais. Hoje em dia, são muitos os chamados sintéticos, isto é, substâncias química e estruturalmente semelhantes a determinadas espécies minerais, produzidas (sintetizadas) em laboratório e/ou industrialmente. O quartzo o diamante, e muitas outras gemas sintéticas não são, pois, minerais. A sua produção com fins tecnológicos, gemológicos ou outros, é hoje uma rotina
A Mineralogia é a ciência que estuda os minerais, nela se separando uma Mineralogia Pura, interessada nos aspectos científicos fundamentais, do saber pelo saber, e uma Mineralogia Aplicada, visando a utilização dos minerais como matérias-primas nas mais variadas indústrias e utilizações. Vinda da Antiguidade, com destaque para as civilizações chinesa, babilónica, hindu e egípcia, através da tradição e dos textos eruditos dos clássicos gregos e latinos, recuperados pelos árabes, a Mineralogia percorreu a Idade Média de mãos dadas com a Alquimia, tendo aí crescido, deixando para trás muitas das concepções fantasiosas e místicas dos escolásticos. A Mineralogia afirmou-se e desenvolveu-se como Ciência, juntamente com a Química, ao longo dos séculos XVIII e XIX, fazendo-a progredir e tirando dela o essencial do seu desenvolvimento com acentuada organização sistemática.
A Mineralogia fez nascer, deu corpo e aprofundou uma nova disciplina científica, de cariz geométrico e matemático - a Cristalografia Morfológica - que usou como complemento até às primeiras décadas do século XX. Alargou-se, depois, ainda mais, com a Cristaloquímica, numa abordagem à organização espacial das redes cristalinas em função da natureza dos elementos químicos que as constituem para, a partir daí, se irmanar com a Física do Estado Sólido, com recurso às modernas tecnologias de análise. A Mineralogia acompanha hoje o caminho da Cristalografia Estrutural, nova disciplina de âmbito alargado a todos os sólidos cristalinos, sejam eles inorgânicos ou orgânicos, naturais e artificiais ou sintéticos.

            Galopim de Carvalho


sábado, 27 de junho de 2015

A GOTA D'ÁGUA







Uma gota d’água fresca, luzidia
Caiu sobre a vastidão da natureza.
Uma lágrima de fada, ela parecia.
Nem aos deuses coube, assim, tanta beleza.

Caem gotas, muitas gotas, podes vê-las
P’la vidraça da janela sem abrires.
Brilham como diamantes, como estrelas.
Todas juntas vão lavar o arco - íris.

Caem bruscas, as catraias das gotinhas!...
Cai a chuva picadinha lá do céu.
Ansiosas, as esperam, as meninas
P’ra com elas salpicar o seu chapéu.

As gotas diluídas na corrente
Vão encher todo o rio até à foz.
Põe-se o sol com mais cor, lá no poente
E a vida vibra mais dentro de nós!...

No cair de uma chuvada há melodia.
Após, cada tempestade, surge a bonança.
Fica a Terra inundada de poesia
De baladas, fantasias e esperança!...

Aldina Cortes Gaspar









quinta-feira, 25 de junho de 2015

APRENDER A APRENDER

                                        


Os alunos, muitas vezes, usam estratégias erradas na sua aprendizagem que não lhes permitem retirar todo o potencial das suas capacidades. Assim, se o aluno não planeia o estudo das diferentes matérias, dando mais tempo àquelas em que tenha maiores dificuldades, sem descurar as outras, se não distingue o que é urgente do que é importante, se não estabelece os seus próprios objectivos de aprendizagem, se não avalia a sua própria aprendizagem…, arrisca-se a que os seus resultados escolares não sejam os melhores.
A escola deveria proporcionar-lhe, então, informação adequada, organizar encontros à margem das aulas ou inseridas nas mesmas, de modo a ensinar-lhe a planear as suas actividades, sejam elas escolares ou não escolares mas, também, modos de melhorar o estudo que realizam. Um dos aspectos que deveria ser considerado teria a ver com as actividades a desenvolver durante os dias de aulas e aquelas que teriam lugar nos fins-de-semana.
Relativamente ao estudo, haveria que discriminar o que é que se vai estudar e até onde se vai estudar. Exemplificando, o aluno estabeleceria que no dia de hoje, iria dedicar-se às disciplinas X e Y. Para a disciplina X estudaria, tomando como referência o compêndio, da página A até à página D. Esse estudo, se possível, deveria ser feito no quarto, sozinho, falando em voz alta. Avaliaria, depois, se a aprendizagem tinha sido efectiva, se tinha conseguido reproduzir por palavras suas aquilo que estudou. Para a disciplina Y, poderia estabelecer, caso se tratasse de Matemática ou outra disciplina afim, os exercícios que iria resolver. Enfim, definir objectivos para o estudo (mas, também, para qualquer outra actividade na vida) torna-se crucial para se alcançar a meta desejada.
Quanto ao modo de aproveitar os fins-de-semana, neles não teria lugar o estudo, principalmente o daquelas disciplinas que estão em atraso? Não poderia o aluno, igualmente, participar em outras actividades, sem ligação com o estudo, como o escutismo, encontros de jovens sobre temas a definir por paróquias, associações culturais, desportivas…?

Julgo que esta área, de ensinar o aluno a aprender e a organizar-se, está pouco explorada na escola mas a qual, devidamente planeada, poderia melhorar a realização do aluno como estudante e como pessoa. 

                                                 Mário Freire

terça-feira, 23 de junho de 2015

FELICIDADE







No almejar o próprio bem
nada há que censurar.
Condição há nele, porém:
Ir além; extravasar.

Só num mundo sem Omelas,
como a lenda bem nos diz,
as pessoas, todas elas,
provas dão de um ar feliz.

Tal estado, na verdade,
cabe a todos.  Que ninguém
se apodere da patente.

Haverá Felicidade,
na medida em que esse bem
é extenso a toda  a gente.


João d’Alcor

domingo, 21 de junho de 2015

ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS







                                        Bio-rexistasia

Numa concepção do solo como um fenómeno geológico, introduzida pelo geólogo americano Cutis Fletcher Marbut (1863-1935), o geógrafo francês Henri Herhart (1898-1982) publicou, em 1956, uma interessante e original teoria “La genèse des sols en tant que phénomène géologique: Esquisse d'une théorie géologique et géochimique, biostasie et rhexistasie”, com uma segunda edição na Masson, Paris, em 1967.
Segundo o autor francês, certas regiões do globo estiveram ou estão numa situação que referiu por biostasia, (do grego bios, vida, e státis, estabilidade) isto é, uma situação de equilíbrio biomorfológico, expresso principalmente por uma muito vasta e densa cobertura vegetal, de longa duração e estável. Tal acontece porque, durante períodos muito longos, não se verificaram variações sensíveis das condições ambientais sob as quais essa cobertura se desenvolveu, situação exemplificada pela actual floresta quente-húmida amazónica. O equilíbrio biológico próprio deste tipo de cobertura vegetal protege o solo da erosão mecânica, mas é favorável à alteração química em profundidade e subsequente evacuação dos materiais solubilizáveis. O período biostásico é sempre um intervalo de tempo longo, à escala geológica, e de pedogénese intensa. Por seu lado, rexistasia (do grego rhexis, rotura, e státis, estabilidade) refere, ao contrário, um tempo muito mais curto, caracterizado pela rotura daquele equilíbrio e consequente destruição da cobertura vegetal, com exposição do solo à erosão mecânica. As causas desta interrupção são geralmente devidas a mudanças climáticas, mais ou menos acentuadas e bruscas, quer no sentido do arrefecimento, quer no da elevação da temperatura, acompanhada de secura, conduzindo à desertificação.
Durante os longos períodos biostásicos, a manutenção de condições de humidade e de temperatura relativamente elevadas e estáveis, associadas à exuberância da cobertura vegetal dela dependente, conduzem a intensa alteração das rochas e a profunda evolução dos solos, proporcionando, contudo, acentuada protecção destes materiais, face aos agentes de erosão mecânica. Praticamente, só os produtos solúveis resultantes da decomposição são mobilizados e arrastados pelas águas de infiltração, no trabalho de lavagem que exercem ao atravessá-las antes de atingirem os cursos de água. Neste contexto, poderá falar-se de erosão química.
Com efeito, ricos de substâncias químicas em solução (iões como Ca2+, Mg2+, K+, Na+, CO3H-, CO2-, PO4H2-, SO42-, etc., e moléculas como SiO2) os rios promovem o seu transporte até aos locais de sedimentação, onde esta se processa por mera precipitação química destas substâncias ou através da acção de seres vivos que, previamente, as incorporam na construção dos seus esqueletos, isto é, por via bioquimiogénica. Em síntese e por outras palavras, diremos que, no que se refere à sedimentogénese em períodos de biostasia, a sedimentação terrígena é reduzida, ao contrário da sedimentação química e/ou bioquímica. O material terrígeno resultante da alteração neste tipo de ambiente e que tinge a água dos rios é, predominantemente argiloso, impregnado de óxidos de ferro.

Nos períodos de desnudação da cobertura vegetal, resultante das crises rexistásicas, a floresta deixa de proteger a superfície do solo que, em consequência do período anterior, está profundamente alterado e, portanto, facilmente atacável pela erosão. Os materiais postos em jogo no transporte e sedimentação subsequentes são essencialmente detríticos e reflectem, na parte inferior das séries sedimentares que alimentam, os produtos da capa de alteração (a primeira a ser erodida) e, na parte superior, os materiais não alterados do substrato desnudado, sujeito, sobretudo, a desagregação e erosão mecânicas. O período rexistásico é um período de morfogénese intensa, não necessariamente longo, e a ele se associam escassez de sedimentação química e/ou bioquímica, em contraste com a grande importância de sedimentação detrítica, muitas vezes de carácter torrencial bem marcado e sempre revelador de maior ou menor imaturidade.

            A dialéctica biostasia versus rexistasia, tal como a concebeu Ehrart, reforçou a dimensão geológica dos solos, na medida em que estes são também testemunhos das paisagens continentais suas contemporâneas, quer nos aspectos físicos (relevo, clima) quer biológicos, em particular, a vegetação. Os constituintes minerais do solo (areia, argila) ficam, muitas vezes, com marcas características dos ambientes a que estão submetidos. O mesmo acontece com os solos do passado, e as marcas que levaram consigo, na sequência da erosão, acabaram por transitar para as rochas sedimentares detríticas, hoje patentes em sequências estratigráficas nas quais, como nas páginas de um livro, as procuramos ler e interpretar.

                               Galopim de Carvalho

quinta-feira, 18 de junho de 2015

CARTA AO ALENTEJO








 - Meu Alentejo, aqui me tens!...
Como uma vaga no mar alto da planície
Que, na lonjura cresce e, por detrás de uma colina, desaparece. Como uma ave que se lança de um penedo
para, num ápice, se esconder por entre o arvoredo.
 Trago brisa, trago vento, semeio afetos e rosas
 e, também, pinto a doçura nas asas das borboletas.
 Venero a saia rodada, o avental de folhos que nos bolsos tem bordados raminhos de violetas.
Trago seiva, trago pão, trago a força da semente.
Canto a verdade da terra, o vigor da sua gente.
 Às papoilas dou a mão, beijo o trigo e vou contente.
 Eu que sonhava ser nuvem, ser seara, ser ribeira
 Dou comigo, a escrever versos;
 versos que cheiram a feno, a piorno, a esteva, à giesteira
e aos sargaços que rebentam à sombra da pedreneira.
Venho do nascer do sol, venho dos lados da aurora
onde mora o girassol.
 Bebo as estrofes nas fontes, resguardo-as da ventania.
Que, por graça ou zombaria, racha as esquinas dos montes.
Trago sonhos e poetas!...
Trago versos cheios de “Muito” numa Poesia de “Nada”
em quintilhas, em sonetos, oitavas, sextilhas, quadras.
Trago rimas coloridas em palavras desbotadas;
mais os anseios do meu Povo, a rasgar as madrugadas.
Às vezes, apanho do chão um ”punhadinho” de Terra.
Aperto-o na minha mão, delicia-me o seu cheiro.
Tão genuíno e lavado como a água do ribeiro.
… Não sei o que habita em mim, p´ra lá de mim.
Não sei o que me esconde o meu olhar.
Sei que em manhãs de maresia, se m´invade a nostalgia
caminho p´lo Alentejo Adentro e dou comigo a chorar.
SEI que sou, como diz Florbela Espanca:

“Sou filha da charneca erma e selvagem
 Os giestais por entre os romaninhos
 Abrindo os meus olhos d´oiro p´los caminhos
 Da minh´alma ardente são a imagem.”

Sei tão pouco ou quase “NADA”. Acreditem!... Quanto mais os anos vão passando, mais me dou conta desse meu saber tão escasso no respeitante à Cultura, ao Mundo e à Vida. Sei que a minha Terra é “pobre” mas, simultaneamente, ”muito rica”. Sei que nos consideram “simples e pequenos” mas, a verdade, é que aspiramos a ser grandiosos. Como diz F. Pessoa – Alberto Caeiro: “Não somos do tamanho da altura que temos mas, sim, do tamanho daquilo que vemos”.
Apesar de estar consciente da dificuldade de tão arrojada caminhada, tenho para mim que o Futuro se constrói hoje e, a Estória, essa, se escreve ou reescreve todos os dias. Sei que o meu Alentejo é um jardim – um imenso jardim - repleto de Estória e de tradição; uma amálgama de cores, de verdes e de flores, prados multicores, sonhos e convição. Lembro Vergílio Ferreira que tanto amou o Alentejo e bastante o exaltou, especialmente, no livro “APARIÇÃO”. Atrevo-me a pegar nas suas palavras, tentando adaptá-las:
…“O Alentejo, também, é um dos lugares onde a história se fez jardim. No Alentejo, não se morre, passa-se vivo para o outro lado, porque a morte se torna impossível no vigor da beleza.  “
É minha intenção não esquecer José Régio, Grande Poeta e alentejano convicto. Cito :
                  Alentejo,
                  Meu chão, meu monte, meu vale
                  De folhas, flores, frutos d´oiro
                  Vê se vês terras d´Espanha, areias de Portugal
                  Olhar ceguinho de choro.
.......…………………………………………………………………………………………..
Aqui me tens, meu Alentejo!... Com a minha Poesia. Não para aplausos ou honrarias pois, neste âmbito, julgo enquadrar-me no pensamento prodigioso de F. Pessoa, cito: “- Ser Poeta não é uma ambição, minha. É, apenas, a minha forma de estar sozinho.”
 Aqui, estou. De olhos postos no Futuro mas, nunca alheada do passado - do meu passado igual ou parecido a tantos outros - do teu passado, Alentejo, o qual, nunca deixaremos que se apague e, cujo eco, faremos perpetuar p´los séculos fora. Hoje, sabemos que é preciso viver o tempo de “AGORA” embora, em nós, esteja sempre guardado um tempo de “OUTRORA”. Aprendi com os Homens e Mulheres da minha Terra que só as raízes nos permitem a construção de uma identidade forte, de um percurso intenso que nos convida a transbordar de emoções e de afetos. Quando as raízes se perdem ou não se alicerçam fica, apenas, o rasto, o traço, a linha. Uma mera soma de circunstâncias que o virar do tempo poderá, ou não, contabilizar para os registos da história. No arame da vida, da vida singular de cada um, permanecemos, por vezes, perdidos e agastados, sem rumo e sem norte - como os “malteses” - até nos reencontrarmos e acharmos “palheiro enxuto”. Pelo caminho do imediato é que se atinge o futuro. É preciso é saber que a legitimidade do sonho só tem por fronteiras os limites do Homem. Importa, é acreditar que o porvir passará pelas estradas que soubermos desbravar e construir. Importa, ainda, não esquecer que a inércia ou lentidão na ação poderá ameaçar ou travar o avanço dos tempos vindouros. Por isso, temos pressa: Monforte, Santo aleixo, Portalegre, Évora, o Guadiana são, apenas, marcas na soma dos caminhos já percorridos. Mas, iremos mais longe!.. Até onde o sonho, o empenho e a coragem nos levar. Por mim, irei até onde a vida, a saúde e a Poesia me deixar ir e Deus quiser. Se o que escrevo soará ou vingará, pouco me interessa. Digo como Edson Athayde:
 “Se não houver fruto valeu a tentativa da flor;
Se não houver flor valeu a existência da árvore;
Se não houver árvore valeu a intenção da semente.”
É contigo e, só contigo, que quero ficar meu Alentejo. Para te louvar, para te bendizer. Contigo e com “as gentes” da minha Terra tentarei abrir as portas do Futuro. Onde estiverem os nossos antepassados que se orgulhem de nós e da forma como nos direcionamos rumo ao TRABALHO, à PAZ e à dignificação da VIDA.


Aldina Cortes Gaspar


Lançamento do livro ALENTEJO ADENTRO

Edição: Câmara Municipal de Monforte (31/Maio/2015)

terça-feira, 16 de junho de 2015

ENSINO ATRAVÉS DOS PARES

                                    



Numa turma nem todos os alunos progridem da mesma maneira. Há alunos que têm um ritmo mais lento na aprendizagem do que outros. Isto não significa que eles não consigam alcançar os objectivos pretendidos. Talvez necessitem de mais tempo para aprender ou de uma outra forma de serem ensinados.
Com uma reorganização diferente dos espaços dentro da sala de aula, com um ensino menos centrado no professor, podem encontrar-se outras formas de ensinar e de aprender. Uma delas seria o ensino através dos pares. Este consiste em colocar alunos que dominem suficientemente bem dada matéria a ajudar os seus colegas que estão a ter dificuldades em aprender ou a realizar determinada tarefa. Nem sempre serão os mesmos a ajudar nem os mesmos a serem ajudados. Este ensino pode surgir após uma avaliação formativa, isto é, aquela que assegura que os processos de ensino se vão adequando às características dos alunos. Nela o professor pode detectar certos deficits em alguns alunos e verificar que outros atingiram plenamente os objectivos que se pretendiam. Por que razão, então, não colocar esses alunos que melhores performances obtiveram nesse tópico, a ensinar os colegas que demonstraram ter maiores dificuldades? Já Séneca dizia “quem ensina aprende duas vezes”. Ora este tipo de tarefas permite aos alunos responsáveis por ajudar os colegas desenvolverem o sentido de cooperação e de entreajuda, ao mesmo tempo que consolidam as matérias ensinadas. Aos alunos que estão a ser ensinados pelos colegas permite-lhes terem uma ajuda personalizada através de uma linguagem mais próxima deles. Aos professores, este tipo de aula possibilita prestar uma ajuda diferenciada e simultânea a vários alunos, ao mesmo tempo que lhes dá a oportunidade de intervir junto de casos que exijam uma maior atenção.
É preciso inovar na escola e na sala de aula! Este tipo de ensino, ocasionalmente aplicado, pode contribuir para o melhoramento da aprendizagem e retirar muitos dos casos de indisciplina que na sala têm lugar.


                                 Mário Freire

domingo, 14 de junho de 2015

FEITIO





Se ao feitio nos atemos
e à forma de o encarar,
bom ou mau o designar
não é caso de somenos.

Quer nos portes, quer nas crenças,
fácil é de constatar
quanto podem contrastar
e, daí, as diferenças.

 Numa ou noutra direcção,
exclusão há de permeio:
Um juízo tem lugar.

Mas se entregue ao coração,
vem o Amor que acerta, em cheio:
Tudo acolhe; não quer julgar.


João d’Alcor

sexta-feira, 12 de junho de 2015

ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS






                                   Crostas pedogénicas 

Calcretos
Com cem anos de uso, o termo calcrete, proposto por G. H. Lamplugh (1902), só nas últimas décadas começou a figurar na nossa terminologia geológica. Próprios de certos ambientes morfoclimáticos caracterizados por uma certa subaridez (precipitação abaixo dos 500 mm/a), estas crostas, ligadas à actividade pedológica, resultam de acumulação de carbonato de cálcio ao longo de extensões superficiais maiores ou menores . Os calcretos variam bastante em espessura, desde algumas dezenas de metros, na Austrália, África do Sul, Novo México (EUA), a alguns metros no sul e sudeste ibérico (3 a 5 m em Portugal, no Algarve).
            Uma das primeiras referências a este tipo de crosta é da autoria de Ch. Darwin (1846) que, sob a designação de tosca, a descreve em pormenor nas pampas argentinas.
            O termo calcrete, dos autores ingleses e aceite como unificador pela comunidade científica, abarca um sem número de designações regionais (cerca de meia centena), de entre as quais se destacam batha (Índia), calcário da catinga (Brasil), caliche (sul dos EUA), canto blanco (Canárias), croûte calcaire (Argélia e Tunísia), gigilim (Nigéria), kunkar (Índia), nari (Israel), Steppenkalk (Namíbia), tafeza (Norte de África), tapetate (México), travertine crust (Austrália), etc..
            O termo português caliço, corrente na toponímia do sul do país, é mais um entre nomes locais e regionais a acrescentar a esta lista, tendo sido usado por Paul Choffat (1887) nos seus trabalhos sobre a geologia do Algarve. Branqueiros e laginhas de cal são expressões locais usadas na terminologia geológica para referir este tipo de ocorrências em Porto Santo e no extremo oriental da Madeira (S. Lourenço), onde a subaridez é a regra climática.
            Os calcretos constituem corpos geológicos dispostos horizontalmente, sendo constituídos, no geral, por um nível friável, esbranquiçado, de aspecto pulverulento, farináceo, às vezes referidos entre nós, impropriamente, pelo nome de cré, sobre o qual se desenvolve, em estádios mais avançados de evolução, a crosta propriamente dita. Quando a evolução climática se faz no sentido do aumento da humidade, as crostas tendem e degradar-se, dando lugar a concreções calcárias espaçadas entre si.
            Na maior parte das situações, os calcretos formam-se sobre rochas-mãe calcárias, como se verifica no Algarve em relação com as sequências carbonatadas mesozóicas. Menos frequentes, mas não raras, são as ocorrências sobre gabros e outras rochas ígneas ou metamórficas, susceptíveis de fornecer cálcio, com acontece na região de Beja. Conhecem-se calcretos a culminar perfis em rochas praticamente destituídas de cálcio, facto que leva a aceitar que estas crostas, para além de enriquecerem em calcite, a expensas da rocha, do substrato (per ascensum), podem receber essa contaminação, lateralmente, vinda de outras rochas através das águas de percolação no solo. Neste último caso, à semelhança do que se passa com os lateritos e os bauxitos, coloca-se o problema da sua condição sedimentar, uma vez que há transporte do material carbonatado, ainda que em solução.

Fig. 25 – Perfis em calcretos. A – Benfarras (Algarve): 1 – calcário jurássico; 2 – brecha autóctone; 3 – calcreto pulverulento (caliço); 4 – crosta compacta. B – Ervidel (Alentejo): 1 – calcário lacustre paleogénico; 2 – calcreto pulverulento (caliço); 3 – crosta compacta residual em solo castanho (4).

            Na qualidade de solos residuais, os calcretos, para além do carbonato de cálcio, conservam um resíduo insolúvel resultante da meteorização e evolução pedológica da rocha-mãe. Assim, contêm, em geral, uma fracção detrítica grosseira (fragmentos rochosos, areias) e uma outra essencialmente argilosa, de alteração e de neoformação no solo, ou herdada, no caso das rochas que lhes estão subjacentes conterem estes filossilicatos na sua composição.
            Os calcretos são conhecidos a vários níveis do registo estratigráfico mundial, dos Old Red Sandstones, do Devónico da Escócia, ao Cenozóico, de que temos exemplos no Paleogénico da região de Macedo de Cavaleiros, na Beira Baixa, no Alentejo e na região de Colares (Sintra).

Silcretos

            Em coerência com a uniformização da nomenclatura, Lamplugh (1907) propôs também o nome silcrete para as crostas pedológicas enriquecidas em sílica. Sob diversas designações, estes arenitos do deserto, como lhes chamou R. Daintree (1872), ao descrevê-los no norte de África, são conhecidos por grés polimorfos em Angola e no Congo, por duripans nos Estados Unidos, por surface quartzites na África do Sul, por porcelanites na Austrália, por meulière em França, etc..
            Os silcretos são característicos de regiões de tendência árida com drenagem deficiente, muito planas, com declives mínimos (inferiores a 5%), sendo comuns na África do Sul, Namíbia, Calaari, Mauritânia, Austrália e nordeste do Brasil, onde as espessuras são da ordem das dezenas de metros, podendo ocorrer sobre quaisquer tipos de rocha-mãe. É, em particular, sobre as rochas sedimentares terrígenas (conglomerados, arenitos, siltitos, argilitos) ou os seus equivalentes não consolidados (cascalheiras, areias, siltes e argilas) que os silcretos são mais frequentes e atingem maior expressão (em espessura e extensão).
            A silicificação, nuns casos per ascensum, a parir do substrato, noutros por contaminação lateral, é feita sob a forma de opala, nos silcretos mais recentes, ou de quartzo microcristalino (calcedonite) ou fanerítico, nos mais antigos. No decurso da diagénese, como é sabido, a sílica amorfa tende a passar a cristalina. Nuns casos, a silicificação consiste na cimentação do horizonte pedológico por penetração da sílica nos vazios; noutros, verifica-se ter havido substituição epigénica (molécula a molécula) do material do perfil por sílica. É o que acontece na transformação (frequente) de calcretos em silcretos, por substituição do carbonato de cálcio pela sílica. Silcalcretos e calsilcretos são, assim, designações que procuram referir estádios intermediários dessa metassomatose.
            Em Portugal, nas últimas décadas tem vindo a ser reconhecida a ocorrência de silcretos  quer sub-actuais (Quaternário de Rio Frio, Setúbal) quer mais antigos, em especial no Cenozóico da Beira Baixa, da Bacia do Tejo-Sado e do Alentejo interior. O grés porcelanóide, de há muito reconhecido no cimo aplanado do Buçaco, na vizinhança da Cruz Alta, deve ser considerado um silcreto de idade compreendida entre o Cretácico superior e o Paleogénico.

                                                            Galopim de Carvalho

quarta-feira, 10 de junho de 2015

HÁ VULCÕES EM PORTUGAL?

                                           



            A exploração de pedreiras tem originado grandes extensões de áreas degradadas, especialmente desde o início do século XX.
            A escassez de controlo e fiscalização têm conduzido a alterações ambientais com impacte visual bem evidente. São numerosas e inconfundíveis as “crateras” não vulcânicas resultantes de pedreiras abandonadas desde há décadas, mesmo em áreas protegidas.
            A actual legislação obriga os proprietários à regularização dos solos e do coberto vegetal após a exploração. Todavia, existem casos em que as empresas concessionárias não podem ser responsabilizadas pelas consequências ambientais decorrentes daquela actividade, ou porque as respectivas concessões já reverteram para o Estado ou porque essas empresas entretanto faliram.
            Recentemente, veio a público a proposta das entidades responsáveis pelo Ambiente de permitir o eventual depósito de resíduos industriais nas crateras de pedreiras abandonadas desde há décadas, nomeadamente na Zona dos Mármores, no Alentejo. Poderá desse modo facilitar-se o cumprimento da legislação que obriga os proprietários à sua recuperação pós-exploração, através da regularização do coberto vegetal e dos solos. Haverá todavia que fiscalizar com rigor os resíduos depositados, tendo em vista a preservação da qualidade dos solos e dos aquíferos que os atravessam.
            O impacte visual, paisagístico e ambiental das pedreiras é, habitualmente, grande: trata-se de crateras que rompem a paisagem natural. No entanto, e paradoxalmente, o efeito destruidor no território, é compensado pela possibilidade de utilização agrícola ou florestal, promoção turística e cultural, entre outros, destes novos espaços e posterior devolução à população.
            Estão a ser levados a cabo, um pouco por todo o mundo, projectos de recuperação de pedreiras abandonadas. Os responsáveis por esta intervenção são arquitectos, engenheiros e arquitectos paisagistas, muitas vezes com participação pública e privada, numa união entre economia, ecologia e paisagem. Em Portugal, é de realçar o projecto do arquitecto Souto Moura que transformou uma pedreira abandonada bem perto do centro da cidade de Braga, num estádio de futebol, por todos conhecido. E por que não lembrar que a Praça do Marquês de Pombal em Lisboa, resultou da recuperação de uma área degradada pela exploração de pedreiras.


                                    FNeves 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

AULAS DE 45 OU DE 90 MINUTOS?

                                        



Durante cerca de 10 anos vigorou a prática das aulas de 90 minutos nos 2º e 3º ciclos do Básico. Agora, a decisão sobre a duração das mesmas, se de 45 minutos ou de 90, passa a ser da responsabilidade das escolas, ouvindo pais, professores e alunos.
Para estabelecer a duração de uma aula, de modo que ela seja proveitosa, deveria atender-se, fundamentalmente, à capacidade de atenção do aluno. Ora, a atenção é um processo cognitivo pelo qual são seleccionados estímulos e sobre eles se exerce a concentração. Embora recebamos estímulos de várias origens, só atendemos a alguns deles. Em educação há, pois, que focalizar a atenção do aluno sobre determinados estímulos, ignorando outros que possam passar-se dentro ou fora da sala de aula. Esta capacidade de seleccionar os estímulos, e que exige esforço mental, vai variando com a idade, sendo maior num aluno do 12º ano do que num aluno do 5º ano.
Parece, pois, aceitável, considerando esta variável, que a duração das aulas nos anos de baixa escolaridade, seja menor do que nos anos mais elevados. Por outro lado, na sociedade digital em que vivemos, com a multiplicidade e brevidade de mensagens a que as crianças e adolescentes são submetidos, certamente que aulas de 45 minutos serão susceptíveis de terem maior rendimento do que aulas cuja duração é de 90 minutos. 
Claro que a atenção do aluno não varia, apenas, em função do tempo de exposição a uma mensagem. Há factores neurológicos e situacionais que podem ser um obstáculo à atenção. Além disso, a forma como a matéria é apresentada, o tipo de interacção que o aluno tem, quer com o professor, quer com os colegas na sala de aula, os meios utilizados, a sua disposição espacial na sala… são elementos igualmente condicionadores da atenção dos alunos. E esta é factor primordial da aprendizagem e da disciplina.

Passando, pois, a escola a ter que decidir sobre esta matéria, seria conveniente que ela ponderasse estes factores que, em minha opinião, justificam, na pré-adolescência e adolescência, as aulas com a duração de 45 minutos. Mas que sejam 45 minutos bem aproveitados! 

                                                Mário Freire

sábado, 6 de junho de 2015

FÉRIAS





Umas férias bem passadas
eis o mote desta vida.
Como agir, onde há maçadas?
- Abraçá-las, de seguida.

Bem viver seja o motivo,
aliado à confiança.
Tal amplexo desportivo
é vitória que se alcança.

Sempre em férias porque não?
O trabalho e o lazer
formam ludo em mor sentido.

Assim folga o coração
que, a pulsar, sente um prazer,
dia e noite, garantido.


João d’Alcor

quinta-feira, 4 de junho de 2015

ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS





                 Epipédon, o horizonte de diagnóstico

Não tem havido, entre os autores, concordância na definição dos diversos horizontes do solo. Por um lado, há grande dificuldade (se não mesmo impossibilidade) de generalizar a clássica e demasiado esquemática nomenclatura ABC, à totalidade das situações existentes nas mais variadas latitudes e altitudes terrestres. Assim, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América criou o conceito de horizonte de diagnóstico, usado na descrição e classificação do solo, com muito pouca ou nenhuma correspondência aos definidos nas nomenclaturas mais antigas atrás referidas. Surgiu, então, o conceito de epipédon (do grego epi, por cima, sobre; e pedón, solo.) descrito como um horizonte do solo gerado à superfície, correspondente à parte superior (A), de tonalidade mais escura (em virtude da presença de matéria orgânica), e ou a parte do horizonte eluvial (E).
            Consoante as características, os epipédons são referidos adjectivando-os com os termos que aqui se transcrevem:
            Fíbrico – horizonte com restos orgânicos reconhecíveis. Do latim fibra, fibra.
            Hístico – horizonte orgânico em solo mineral. Do grego histós, tecido (orgânico), em referência à presença de matéria orgânica pouco ou nada decomposta.
            Mólico - horizonte orgânico, espesso, friável e arejado. Do latim mollis, fofo, macio.
            Ócrico – horizonte orgânico, delgado, pouco humífero e, como tal, pouco corado. Do grego ochrós, pálido.
            Sáprico – horizonte com matéria orgânica intensamente decomposta. Do grego saprós, podre.
            Úmbrico – horizonte de estrutura maciça, espesso e muito escuro. Do latim umbra, sombra.
            Sempre que os horizontes sejam modificados por acção do homem, o que acontece nos terrenos agricultados, usam-se expressões como horizonte antrópico e horizonte ágrico.
            Nesta nova concepção do referido Departamento de Agricultura, são ainda reconhecíveis no perfil do solo outros horizontes subjacentes ao epipédon, no geral coincidentes com o horizonte iluvial (B) da nomenclatura clássica:
            Argílico – com acumulação importante de fracção argilosa.
            Câmbico – com textura fina em resultado de intensa alteração in situ da rocha-mãe. Do latim cambiare, trocar.
            Espódico – com material amorfo orgânico e mineral (hidróxido de ferro). Do grego spodion, cinza ou lava vulcânica.
            Nátrico – horizonte argiloso rico em sódio, com estrutura colunar ou prismática. Do árabe natrun, sódio.
            Óxico – com perda de sílica e enriquecimento em óxidos e hidróxidos de ferro.
            Da nova nomenclatura constam ainda outras qualificações relativas a horizontes cujas características merecem referência especial:
            Álbico – horizonte lavado dos óxidos e hidróxidos de ferro e, portanto, descolorido. Do latim alba, branca.
            Cálcico – com acumulação de cálcio de neoformação, de aspecto pulverulento. No caso de haver cimentação (crosta), usa-se o termo petrocálcico.
            Gípsico – com acumulação de gesso. Do grego gypsós, gesso.
            Sálico – com acumulação de sais.
            Finalmente, há que distinguir os horizontes superficiais mais ou menos endurecidos, cimentados e impermeáveis, isto é, que constituem crostas designadas por durimperme ou duripan, normalmente siliciosas (silcretos), às vezes, carbonatadas (calcretos), outras vezes ferralíticas (lateritos) e outras, ainda, aluminosas (bauxitos), quatro tipos particulares de crostas pedogénicas, um tema a desenvolver mais adiante.

                                              Galopim de Carvalho