O
comentário que antecede este artigo de D. António da Costa, in HISTÓRIA DA
INSTRUÇAO POPULAR EM PORTUGAL, Editora Educação Nacional, PORTO, 1935 (2ª
edição), p. 198, enaltecendo a generosidade do doador, destaca sobretudo o
objectivo pretendido, inédito no País: nos seguintes termos “mas o que mais
honra o testador é no ensinamento que assim abriu e deixou ao povo portuguez”.
“ O
legado do Conde Ferreira produziu o seu efeito. Neste ponto acudiu ao Governo
uma ideia acertada, convidando as câmaras municipais que desejassem ser
contempladas, a concorrerem com uma verba não inferior a 400$000 réis.
Concorreram diversas câmaras e os edifícios escolares puderam construir-se com
receita mais avultada. De acordo com estas ideias, o Governo pela iniciativa do
Sr. Martens Ferrão, ministro do reino, obteve do corpo legislativo uma lei para
facilitar as construções e introduzir no orçamento uma verba para auxiliar os
municípios que edificassem as escolas” .
As
verbas municipais eram muito escassas e os edifícios escolares existentes eram
normalmente casas de habitação com algum espaço, e que se adaptavam, na medida
do possível, à nova função.
E
D. António da Costa, sobrinho neto do Marquês de Pombal, concluía o seu
esclarecido pensamento nos seguintes termos:
“ Esta é a grande
lição que se deve tirar do legado do Conde Ferreira, e muito de propósito não o
aplicou para ordenado dos professores, vestuário das crianças, muitas
andrajosamente vestidas, ou compra de livros, mas cifrou-o na construção da
casas escolares....”
A
concepção do edifício incluía simultaneamente a residência do respectivo
professor no próprio local de trabalho.
Francisco Goulão