domingo, 31 de março de 2013

A NOSSA INTERPRETAÇÃO DO MUNDO É QUE CONTA



A felicidade não depende da quantidade de eventos positivos que nos acontecem. Os eventos em si são neutros. A interpretação que a pessoa faz deles é que pode ser positiva ou negativa. Assim, o que tem influência sobre a vida é a tendência de tirarmos conclusões positivas ou negativas acerca de nós próprios e do que nos acontece. Em última análise, não há uma forma objetiva que nos permita afirmar se temos uma vida boa, um dia agradável ou uma hora fantástica.
O resultado do que nos acontece depende unicamente do juízo de valor que cada um de nós faz acerca desses acontecimentos. Sendo assim, tudo o que nos acontece, por muito negativo que possa parecer, pode ser encarado como um desafio para tentar ver o lado positivo. Tente pensar na mudança que isso implicará para a sua vida e no que pode vir a desfrutar com essa mudança. Em vez de ficar triste pelo que perde, tente ficar surpreendido com o que pode vir a ganhar.
Por vezes, o que nos faz ficar presos a uma energia negativa é remoer sobre as causas que levaram a que tal situação tivesse lugar. Concentrarmo-nos nas causas do problema e no que poderia ter sido se tudo fosse diferente, só vem reforçar ainda mais o problema.
Qualquer acontecimento é fruto de coisas que controlamos e de outras que não controlamos de todo, pelo que sentir-se em culpa ou culpar os outros não leva a nada. Como não podemos voltar atrás, só nos resta tirar proveito do que nos acontece, transformar o acontecimento em aprendizagem. O que é que ele me vai obrigar a alterar na minha vida? O que é que eu posso aprender ao ter de sair da minha zona de conforto? Como é que eu posso melhorar como pessoa? Como é que eu posso olhar à minha volta e interpretar os eventos de forma positiva? Esse é o verdadeiro segredo das pessoas felizes!

                                          Rossana Appolloni

sexta-feira, 29 de março de 2013

APRENDER ATÉ MORRER!



              Num boletim do Conselho Nacional de Educação de Fevereiro de 2012 dizia-se, por intermédio da sua presidente, que “a aplicação da Estratégia de Lisboa, ao longo destes últimos anos, tem tornado bem visíveis os efeitos em Portugal de uma escolarização de massas tardia que resultou num claro deficit de qualificações, por comparação com os restantes países da União Europeia”. Ora, a Estratégia de Lisboa, aprovada pelo Conselho Europeu no ano 2000, é um plano que visa o desenvolvimento de uma sociedade e de uma economia fundadas no conhecimento.
            Mudando de modo acelerado a sociedade, só com a aquisição permanente de novos conhecimentos é possível tentar acompanhar as modificações que vão tendo lugar. Acontece, porém, que muitos não conseguem fazer tal acompanhamento e, por isso, vão ficando excluídos ou, pelo menos, na margem da sociedade.
            A pobreza pode levar à exclusão da sociedade. E o desemprego muito contribui para isso. A aquisição de novas competências profissionais, tendo em consideração as tecnologias que hoje dominam, terá que ser o cerne do combate à exclusão económico-social. E, neste campo, um vasto leque de obrigações cabe ao Estado, através das escolas e dos centros de formação profissional. Mas também às empresas que, em colaboração com aquelas instituições, não podem furtar-se a proporcionarem as aprendizagens adequadas. Trata-se de um dever social!
            Mas a exclusão cultural é também um outro tipo de marginalização que contribui para retirar do mundo do conhecimento um vasto leque de pessoas que não chegam a aperceber-se de um outro universo que está a seu lado e o qual elas estão incapacitadas de explorarem e usufruírem.
            Enfim, razões mais que suficientes para eleger o saber como um desígnio que não acabe na escola mas que seja, apenas, o prelúdio de uma aventura que só termine na morte.

                                                            Mário Freire 

quarta-feira, 27 de março de 2013

MAIS UMAS UMAS NOTAS ACERCA DO MÉTODO DE ENSINO MÚTUO




Não ficaria devidamente esclarecida a informação dada sobre o método a que dedicámos as intervenções anteriores se não se apresentassem provas documentais sobre a extensão e alcance da iniciativa e dos objectivos e obstáculos vencidos na sua aplicação durante o século XIX.
A Aula Normal de Ensino Mútuo existente em Castelo Branco em 1844 encontrava-se necessitada de material de ensino e de recursos indispensáveis ao normal funcionamento. É o que consta do documento existente na Torre do Tombo – 1ª Dº - 1ª Repº - Lº 3 – nº 16
O professor João Dias Antunes recorreu, através deste documento em Dezembro daquele ano, ao Governador Civil do distrito, que exercia em acumulação as funções de Comissário distrital de Estudos, no sentido de obter a solução do problema:
“ Tendo sido a Aula Normal e d’Ensino Mútuo d’esta Cidade augmentada com 4 escrivaninhas e bancos competentes e huma mesa para leccionar na escrita os Alumnos mais adiantados necessita-se para aquellas de 24 pedras e para esta de 4 tinteiros.
Tambem para maior desenvolvimento na leitura e instrução da mocidade muito precisos são pelo menos 12 Manuais Encyclopedicos da 4ª Edição : 12 Catecismos e igual numero de Thesouros de Meninos; 60 canetas , e o arranjo de mais algumas tabelas.” (....)
O pedido foi atendido em curto espaço de tempo, pois no início de Janeiro fez as diligências indispensáveis junto do Ilustríssimo e Exº Conselheiro de Estado, Ministro e Secretário de Estado do Reino.
É com parte deste documento cujo original apresentamos em cópia fidedigna que ilustramos esta notícia. Sobre este assunto deixaremos apenas três notas:
1 – Eram raras estas Aulas, uma vez que a sua administração exigia a intervenção de um ministro  e secretário do Reino;
2 – A Aula era Normal para preparação de novos professores e era frequentada por largas dezenas de alunos, com espaço para 150 alunos.;
3 – Finalmente está bem justificada a carência de docentes habilitados.

                                 Francisco Goulão

segunda-feira, 25 de março de 2013

DESCOBERTA



Vidas há com ar de morte,
só cismando que esta vem.
Mortes há com ar de sorte,
alvejando um sumo bem.

Quer a Vida  quer a Parca
ambas elas gémeas são.
Se distintas, vem da marca
que lhes dá nossa atenção.

É penhor da descoberta
o deixar a porta aberta
e tratá-las como irmãs:

Vamos estar a seus cuidados
e ambas tendo, após finados,
a servir d’anfitriãs.

JOÃO d’ALCOR

sábado, 23 de março de 2013

INVESTIMENTO DIVERSIFICADO




A vida é composta por várias áreas de interesse, as quais contribuem para a plenitude do nosso ser: família, trabalho, amigos, desporto, atividades artísticas, etc. No entanto, quando uma das nossas áreas de interesse é afetada, facilmente entramos numa crise tal que as outras partes deixam de receber atenção.
Se estamos em crise na nossa relação amorosa, parece que mais nada tem importância; se perdemos o trabalho é como se o mundo desabasse; se sofremos a traição de um amigo, a desilusão é completa… Concentrarmo-nos num determinado aspeto do variado leque de que a nossa vida é composta, faz com que não consigamos sentir prazer em mais nada, caso esse aspeto, em particular, sofra alguma perturbação. Corre-se o risco de ele se transformar no centro dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos e das nossas emoções, anulando assim a capacidade de desfrutarmos de tudo o resto.
Era capaz de investir todo o seu dinheiro nas ações de uma única empresa? Ou depositar todas as suas poupanças num único banco? Qualquer especialista no ramo o aconselharia a diversificar o investimento. A melhor forma de evitar a ruína completa é assegurar a variedade de investimento, pois se um corre mal, pelo menos ainda tem os outros.
Ora, o mesmo se aplica à forma de viver a nossa vida: devemos investir energia em várias áreas para que quando uma delas entra em crise, as outras ainda nos conseguem dar a energia suficiente para sentirmos que vale a pena viver. Mas para isso, temos de as alimentar de igual forma, ao longo do tempo.
Faça uma avaliação do que é importante para si e crie prioridades. Depois, equilibre essas prioridades em termos de dedicação. Identifique o que é que lhe proporciona prazer e invista aí o seu tempo, pois nos momentos em que precisamos, essa é a fonte do nosso bem-estar!

                                        Rossana Appolloni

quinta-feira, 21 de março de 2013

OS JOVENS DIANTE DO ECRÃ



            Num estudo apresentado há tempos no Le Monde dizia-se que os jovens passam 24 vezes mais tempo diante de um ecrã do que de um livro. Assim, eles, entre os 15-24 anos, nos seus tempos livres, estão, em cada dia, diante de um ecrã, televisor e computador, mais de três horas e meia e menos de 10 minutos com um livro. O estudo não referia o tempo passado ao telemóvel e em outros suportes electrónicos.
            Estes números vêm ao encontro de um documento emitido pelo Conselho Nacional de Educação, no ano passado, com o título genérico de Educação para a Literacia Mediática em que, através de vários autores, se chama a atenção para o papel que hoje desempenham os media electrónicos e as suas repercussões nas nossas vidas e, muito especialmente, na dos jovens.
Por isso, a escola não os pode ignorar; pelo contrário, ela terá que fazer deles um elemento            fundamental na formação dos alunos, quer como instrumentos de apoio à aprendizagem, quer como fontes proporcionadoras de informação, quer como objectos de estudo em si próprios e nas suas relações com as pessoas e com a sociedade.
 Relativamente a este último aspecto, o aluno tem que adquirir a consciência de que os media electrónicos são instrumentos com um potencial de risco grande, assim como de condicionamento e de manipulação, proporcionando, por outro lado, a sua intervenção nas grandes causas a favor do ambiente, da solidariedade, da luta contra a discriminação…
Considerando, pois, a importância dos media, o Conselho Nacional de Educação aprovou uma Recomendação sobre Educação para a Literacia Mediática, contendo um conjunto de indicações dirigidas ao Governo e à Assembleia da República. Afinal, se à escola cabe intervir directamente junto do aluno, não é naqueles órgãos de soberania que se jogam as grandes directrizes para a educação?

                                                  Mário Freire

terça-feira, 19 de março de 2013

CYBERBULLYING



“ Estou preocupado, mas não sei o que fazer” disse-me um amigo quando tomávamos café. A sua filha de onze anos confessou-lhe que estava a ser “bullied online” mas que não sabia por quem.
Como proceder? Como averiguar da gravidade do problema?
O rápido desenvolvimento tecnológico tem contribuído para a forma como interagimos individualmente e em grupo. Apesar do enorme potencial da Internet para redesenhar o mundo, nem por isso deixa de haver limites para a conectividade. A fraude, a redução da privacidade, o roubo de identidade fazem parte do mundo online. Os filhos mas também os pais, todos se preocupam com a existência de predadores na rede global.
O cyber bullying ocorre quando uma criança ou um jovem são molestados (envergonhados, ameaçados ou, de alguma forma, perturbados) por outro jovem, usando a Internet. Têm mesmo sido relatados casos de suicídio de adolescentes relacionados com o cyber bullying, o que faz com que o assunto seja discutido frequentemente em reuniões de política educativa envolvendo pais e professores. O fenómeno parece ser mais frequente na Europa do Norte.
Curiosamente, o agressor toma muitas vezes o papel de vítima e vice-versa. Guias destinados à protecção dos utilizadores da Internet recomendam uma vigilância constante dos pais e professores e um diálogo permanente com os seus educandos.
A nível educativo, são colocadas questões da maior importância. Qual a responsabilidade dos educadores na monitorização do tempo de estudo online, durante a permanência dos estudantes na Escola? Como aplicar os protocolos de segurança recomendados?
O cyber bullying é apenas um exemplo dos constrangimentos tecnológicos do mundo moderno que preocupam os responsáveis pelo planeamento da aplicação da tecnologia à educação. O fenómeno é transversal a todas as regiões do mundo, incluindo as mais pobres. Para controlar a situação, têm sido feitos importantes esforços no sentido de:

1.Desenvolver a capacidade crítica dos estudantes, relativamente à informação disponível pelo simples clicar de um botão.

2.Incentivar o controlo de qualidade do e-learning.

3.Formar os educadores de modo a optimizar a utilização das ICTs no ensino e na aprendizagem.

O mundo está em permanente mudança. A questão é: Estarão as nossas escolas a acompanhar essa mudança?

                                           FNeves

domingo, 17 de março de 2013

O MÉTODO DE ENSINO MÚTUO - VII



Somos chegados ao termo da nossa incursão pelo método de ensino mútuo que foi utilizado durante umas décadas do século XIX no sistema de ensino português, iniciado nos corpos do exército.
A sua aplicação teve algum mérito por poder rentabilizar o saber de poucos em favor de turmas muito numerosas. Na verdade, eram naquela época diminutos os recursos de docentes e a estatística fatalista do analfabetismo atingia a maioria da população, próxima dos 90%.
Foi, pois, um ponto de partida, exactamente no exército, em face da disciplina e ordem que sempre foram apanágio dos militares. De notar que a implementação deste método trouxe também a vantagem de evidenciar a sólida formação do ser humano se interessar e ajudar o semelhante, quando necessário.
A cooperação e a entreajuda são princípios a cultivar nas relações humanas e são sempre de louvar as iniciativas educativas que propiciam a satisfação de fomentar a prática salutar de a pessoa se disponibilizar em socorro de quem está em apuros.
Embora realçando estas virtudes, não podemos hoje pensar em aplicar o método na escola actual, em que se opera accionando o modo simultâneo e, em caso de extrema necessidade, recorrendo à individualização ocasional.
A abordagem deste tema teve como motivação lembrar os obstáculos sentidos pelos nossos antepassados, que estiveram e estão na origem do atraso ainda hoje sentido na evolução da nossa sociedade, missão que compete à história no sentido de apontar para o progresso.
Terminaremos esta referência com uma citação do beirão nascido em Idanha-a-Nova há mais de dois séculos e que foi par do Reino, José Silvestre Ribeiro, referenciado no presente estudo: “... são indispensáveis as relações mútuas com os sábios dos outros países. Por meio d’essas relações alargam-se os limites da sciencia, corrigem-se e aperfeiçoam-se os conhecimentos próprios (...) consegue-se formar a opinião pública a respeito do merecimento dos indivíduos e do grau de melhoramentos da instrucção nacional (...)”
      Tomo III, p. 233 da História dos Estabelecimentos.....

                                                 Francisco Goulão

sexta-feira, 15 de março de 2013

DESCANTE



Hoje em dia, como dantes,
o cantar à desgarrada
faz da moda dos descantes
uma arte consagrada.

Inspirada, a cantoria,
feita sempre ao desafio,
duplicando a autoria,
espevita quanto é brio.

As palavras a rimar,
em repique a quem provoca,
são, de facto, estimulantes.

O dizê-las a cantar
bem mais é e quanto evoca
é o encontro entre amantes.

João d’Alcor

quarta-feira, 13 de março de 2013

COMO FUNCIONAM OS NEURÓNIOS-ESPELHO



Quando observamos alguém a realizar uma determinada ação, ativamos no nosso cérebro os mesmos neurónios de quando somos nós a realizar essa mesma ação, o que nos leva a compreender com facilidade o comportamento dos outros. Se estivermos perante um rosto de tristeza ou de alegria ou se vemos alguém pegar numa chávena para beber um café, a nossa cadeia de neurónios ativa-se no nosso cérebro, colocando-nos na posição de imitar no nosso corpo e na nossa mente a emoção, a sensação ou a ação em curso. É como se o nosso cérebro criasse dentro de si uma cópia daquela pessoa, com o objetivo de a perceber e de entrar em sintonia com ela.
O sistema dos neurónios-espelho entra em atividade para as ações já conhecidas mas também para a aprendizagem de novas. Uma criança, ao imitar os comportamentos de outra pessoa, identifica-se com ela, estabelecendo um contacto imediato, a qual lhe permite absorver os modelos, os esquemas e a linguagem de interação e de reconhecimento.
            Este é o processo natural de aprendizagem. Descobertos nos anos ’90 por neurocientistas italianos, estes neurónios-espelho estão na base da explicação de algumas formas de autismo. Parece que o mau funcionamento deste sistema é o que impede os autistas de entrarem em relação com os outros, pois não percebem o significado das suas ações nem das emoções mais comuns expressas pelo rosto das pessoas à sua volta.
Quando, pelo contrário, temos este sistema bem desenvolvido, somos capazes de entrar em relação, uma vez que nos espelhamos uns nos outros. Assim, visto que a nossa tendência natural é imitarmos os outros por um reflexo neuronal cerebral existente, é importante circundarmo-nos de pessoas positivas, frequentarmos ambientes saudáveis e sermos nós próprios também portadores de positividade pois a interação também é uma oportunidade para aprendermos as ações que vemos e estimularmos as emoções correspondentes.

                                   Rossana Appolloni

segunda-feira, 11 de março de 2013

FRAGILIDADES DE CONTEXTO NA ESCOLA BÁSICA



               Há uma tendência fundamentada que coloca como uma das causas de maior relevo do insucesso e do abandono escolares, os aspectos socioeconómicos e familiares. Aqueles temas, aliás, já aqui foram tratados.
            Outros factores, porém, existem e que, em certas circunstâncias, podem adquirir idêntica importância no que se refere àqueles temas.
            Num estudo recente (2012) apoiado e publicado pela Fundação Gulbenkian (Promoção do sucesso educativo – projectos de pesquisa), abordam-se alguns desses factores.
          Diz-se nesse estudo que nos concelhos que apresentam menor desenvolvimento, os factores de risco educativo continuam ainda a ser as fragilidades de ordem económica, social e cultural. E estas fragilidades ligam-se quer directamente com o desfasamento que as populações têm relativamente à escola, quer indirectamente com a própria organização escolar, como sejam a estabilidade do corpo docente, o acompanhamento dos alunos ao longo do seu percurso escolar, o funcionamento dos diferentes órgãos…
        Quanto aos concelhos com um índice de desenvolvimento maior, o risco escolar, sem descurar as componentes de natureza socioeconómica e cultural, parece assentar mais no interior da própria escola. Ele terá muito a ver quer com a falta de espaços ou a menor qualidade deles, quer com aspectos organizacionais. De entre estes, destacam-se o deficiente trabalho em equipa dentro e entre os diferentes sectores da comunidade escolar; a falta de integração dos professores mais novos; a dificuldade de articulação entre ciclos de aprendizagem e a débil relação entre o desenvolvimento de projectos, a actividade escolar e o exterior.
            Ora, a organização escolar, segundo o estudo, é o resultado de um processo que, para ter resultados positivos nas aprendizagens, exige um mínimo de estabilidade quer na presença dos professores e outros funcionários, quer na definição de regras e procedimentos.  Sabe-se, contudo, quanto o nosso sistema de ensino tem sido pródigo em alterações de forma e de conteúdo. Um dia, certamente, deveremos chegar à tão almejada estabilidade, mas somente aquela que for produtora de sucesso!

                                                 Mário Freire

sábado, 9 de março de 2013

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É NECESSÁRIO PARA ASSEGURAR UM BEM-ESTAR DURADOURO



Em geral, define-se como sustentável o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras também poderem satisfazer as suas. Este conceito foi apresentado em 1987 pela Comissão do Ambiente e do Desenvolvimento das Nações Unidas, também conhecida por Comissão Brundtland.
Confrontada com a degradação ambiental e com o aumento das desigualdades sociais, a Comissão Brundtland propõe um desenvolvimento sustentável que teria em conta, simultaneamente, as necessidades dos mais desfavorecidos, procurando assegurar o progresso com um mínimo de danos ambientais. Este tipo de desenvolvimento oferece, pois, uma visão de progresso que integra as necessidades sociais, económicas e ambientais, as necessidades locais e globais assim como as necessidades a curto e a longo prazo.
Hoje, poucas dúvidas restam sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. Todavia, o mundo está ainda longe de ter atingido tal desenvolvimento. No que ao ambiente diz respeito, os desafios vão desde as mudanças climáticas até à redução da biodiversidade e à escassez do recurso água.
O desenvolvimento sustentável tornou-se um objectivo fundamental da EU em 1997, quando foi incluído no Tratado de Amsterdão como um objectivo prioritário das políticas comunitárias. A estratégia passa não só pela identificação dos objectivos (as mudanças climáticas, a redução da biodiversidade e a escassez do recurso água - já anteriormente referidas - a pobreza, a exclusão social e as particularidades da terceira idade, por exemplo) como também pela assistência aos países menos desenvolvidos.
Concluindo, poderá dizer-se que a estratégia em causa acrescenta uma dimensão ambiental ao Tratado de Lisboa focado, em particular, na renovação económica e social, no crescimento e no emprego.

                                                               FNeves

quinta-feira, 7 de março de 2013

MÉTODO DE ENSINO MÚTUO VI


                        Aprendizagem da escrita

Em cada uma destas três classes de escritura seriam respeitadas seis ordens de graduação de exercícios, figurando elementos de:  (§ 5º)

Letras minúsculas
Letras maiúsculas
Alfabetos minúsculos
Alfabetos maiúsculos
Escritura corrente em carácter bastardo
Escritura corrente em carácter cursivo 

Era de prever que o calendário escolar anual, semanal e diurno viria discriminado em pormenor, indicando os dias exactos de suspensão de actividades lectivas no Natal, Carnaval e Páscoa, tardes de sábado e aniversários dos Reis, dedicando 6 horas diárias de trabalho escolar da Abril a Setembro e 5,5 horas de Outubro a Março - § 6º.
As entradas e saídas de aulas, de acordo com a luminosidade solar, variavam respectivamente entre as 7h. e as 10h da manhã e as 4,5 h e as 6h da tarde - § 7º e 8º .
As tarefas escolares, distribuídas entre o professor (eventualmente o aspirante), o ajudante e os decuriões rentabilizavam o tempo escolar de forma a aproveitar-se todo o tempo, distribuindo as actividades ao longo do dia, de acordo com a exigência intelectual dos trabalhos  em curso- §9º.
Recomendava-se o Novo Método de Ensinar e Aprender a Pronunciação e Leitura da Língua Portuguesa que fora testado na Escola Geral, fundada em Belém, para habilitação dos Mestres, Ajudantes, e Aspirantes das Escolas de Primeiras Letras - § 10º
Nas lições de Etymologia, Sintaxe, Ortografia e Pontuação era aconselhado o Novo Epitome da Gramática Portuguesa da autoria do Director das Escolas Militares João Crisostomo de Couto e Melo, Capitão do Real Corpo de Engenheiros - § 11º.
No ensino da Escritura eram aconselhadas regras quanto à forma, inclinação, distância, etc., constantes da Nova Arte de Ensinar e Aprender a Escrever  - §1.
                                                                                                                    
      Francisco Goulão                                                                      

terça-feira, 5 de março de 2013

DESABAFO




Se oportuno, o desabafo

valor tem dum exorcismo.

Vai-se o mal; dele mais não cismo:

Demo o leva e com agrafo.



Muro de lamentações

vem a ser quem se transforma

em lamúrias, como norma,

qual rosário de aflições.



Falta própria, em confissão,

seja a Deus ou ao irmão,

uma vez. É quanto basta.



Sofrimentos? - Que haja, então,

nada mais do que a menção.

Discrição ninguém agasta.


João d’Alcor

domingo, 3 de março de 2013

CULTIVAR A CONFIANÇA



Se há atitude que mata o entusiasmo de uma pessoa é conviver com alguém que diz que faz e acontece, mas depois nem faz nem deixa fazer. Tanto na nossa vida pessoal como na profissional, é importante permanecermos focados e empenhados no que dissemos que faríamos.
            Porquê esta necessidade de aparente rigidez e falta de flexibilidade? Simplesmente porque precisamos de acreditar que as pessoas estão a dizer a verdade ao interagirmos com elas. Precisamos de estabelecer um elo de confiança para que a relação faça sentido, seja ela de que natureza for. Não podemos faltar ao compromisso quebrando as nossas promessas e esperar que a nossa credibilidade continue intacta.
A diferença entre as pessoas que têm relacionamentos pessoais felizes e as que não os têm não está ligada à quantidade de conflitos presentes mas sim a um maior esforço em manter uma linha de ação acordada.
A confiança no outro, saber com o que conta, é o que lhe vai permitir a entrega e uma relação mais verdadeira e genuína. À medida que a relação com determinada pessoa vai ganhando mais solidez, a confiança vai aumentando. Não existe solidez numa relação se não houver confiança.
O grau de confiança é determinado pela capacidade de as pessoas preverem o comportamento da outra. Para isso é preciso tempo, pois a base são as experiências vividas anteriormente que por sua vez levaram a uma partilha de valores compatíveis.
Quando acontece o imprevisto, porque há situações sempre inesperadas, a melhor forma de não perder a confiança do outro é o recurso à sinceridade. Ser sincero é a chave para a liberdade e para as relações genuínas. Por isso pense nas vezes que não foi sincero hoje, a começar por si próprio. Quanto mais genuíno for, mais os outros confiarão em si. E ter relações sólidas é uma das condições base para uma vida feliz!

                                                Rossana Appolloni


sexta-feira, 1 de março de 2013

CARPE DIEM!




            Esta é a expressão que faz de mote a um filme dos finais dos anos 80 e que foi não só um êxito de bilheteira como, também, representou um marco de insubmissão em relação ao autoritarismo e ao conservadorismo. O filme chama-se Clube dos Poetas Mortos e a expressão latina que dá título a esta crónica significa aproveita o dia.
            A acção do filme passa-se, no essencial, numa escola em que a tradição, a honra e a disciplina eram os valores que impregnavam o ensino. Ora o professor Keating, de literatura inglesa, tinha métodos que não se enquadravam bem naquela instituição. Ele tentou que os seus alunos perseguissem as suas próprias aspirações. Para isso, haveria que tirar partido daquilo que cada um tinha de melhor, dos seus talentos e explorá-los; fazia-os experimentar as liberdades de pensamento e de expressão, a lealdade e a afirmação das suas vontades, de modo que cada uma das suas vidas, sendo bem aproveitadas, se tornassem extraordinárias.
            Entusiasmados pelo lema Carpe diem, os alunos ganham coragem e ensaiam desafios e experiências que até então nunca tinham ousado enfrentar. Criam um clube de poesia que reúne, quase clandestinamente, à noite.
            Claro que todos estes procedimentos de afirmação, de autonomia e de expressão dos sentimentos, não se enquadrando na cultura daquela escola, acarretaram riscos quer para os alunos, quer para o professor.
            O que interessa salientar, afinal, é que aquele professor, através do seu ensino, valorizando o que os alunos tinham de bom e radicando num sentido de profunda humanidade, soube fazê-los ver quão importante é aproveitar o que se é e o que se tem.

                                                   Mário Freire