terça-feira, 25 de março de 2014

A MULHER, O SISTEMA DE ENSINO E A I REPÚBLICA


        Celebrou-se há poucas semanas o Dia Internacional da Mulher. Evocaria, a propósito da efeméride, o que a I República conseguiu alterar, relativamente à situação da mulher.
            “Não há país que avance e progrida se a mulher for nele uma serva perante a lei, uma inferior pela falta de instrução, um valor nulo na sociedade e na família…”Este excerto foi retirado do livro de Ana de Castro Osório A Mulher e a Criança, de 1910. Na verdade, um dos objectivos que esteve na mente de alguns republicanos foi o de alterar a situação das mulheres, que se apresentava degradante face à lei e aos costumes. Muitas mulheres empenharam-se e chegaram a acreditar que a República viesse a promulgar legislação que lhes fosse favorável e que o poder de votar lhes fosse concedido.
         Carolina Michaelis, Adelaide Cabete, Maria Veleda, além da já citada Ana de Castro Osório foram alguns dos nomes que, nessa época, se destacaram na luta que as mulheres travaram por uma maior igualdade entre os sexos. Mas, infelizmente, elas não conseguiram que a 1ª República lhes reconhecesse todos os direitos por que lutavam. E isto porque muitos dos políticos e intelectuais que estiveram na base do 5 de Outubro eram anti-feministas. Apesar de tudo, com a Implantação da República, a mulher consegue obter alguns dos direitos cívicos a que aspirava, tais como
            - a lei do divórcio, passando a ter um tratamento equivalente ao do marido no que concerne às causas da separação legal e aos direitos sobre os filhos;
            - a escolaridade obrigatória dos 7 aos 11 anos para ambos os sexos, embora, na prática, o número insuficiente de escolas impedisse o pleno exercício desse direito. Foi ainda debatida a sua educação profissional de modo a permitir-lhe uma integração no mundo do trabalho.
            A mulher não alcançou, com a 1ª República, a plena igualdade nos seus direitos cívicos e políticos mas ficou o rastro de um combate que, de então até agora, deu os seus frutos. É para que se lute por essa plena igualdade que foi criado o Dia Internacional da Mulher. Celebremo-lo e demo-lo a conhecer às gerações mais jovens!

                                                      Mário Freire