segunda-feira, 31 de março de 2014

PARA UMA HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA (7)

                    
                  Duria Antiquior, de Henry De la Beche, 1830

Um outro vulto da paleontologia inglesa, Henry Thomas De la Beche (1796-1855), conviveu de muito perto com Mary Anning, tendo-se tornado o seu grande defensor. Foi um incansável coleccionador e notável ilustrador de fósseis, tendo colaborado com William Conybeare e Mary Anning, num trabalho inovador sobre os achados de ictiossáurios, plesiossáurios, pterossáurios e outros fósseis do Jurássico inferior de Dorset. Pioneiro na ilustração geológica e paleontológica, De la Beche publicou, em 1830, “Sections and views, illustrative of geological phaenomena”, uma série de desenhos e pinturas representativas da vida e das paisagens do passado geológico. “Duria Antiquior” é uma reconstituição da vida desse tempo (baseada, como se disse atrás, nos trabalhos de Mary Anning), numa aguarela sua que ficou na história por ser a primeira entre as várias que concebeu.



Cartoon desenhado por William Conybeare, em 1882, representando Buckland a entrar na gruta de Kirkdale

Um seu conterrâneo, o reverendo William Buckland (1784-1856), decano de Westminster e, ao mesmo tempo geólogo e paleontólogo de grande prestígio, estudou os ossos fósseis de vertebrados retirados da gruta de Kirkdale, no Yorkshire, tendo concluído que esta tinha sido habitada por hienas em “tempos antediluvianos”, e que conservava ainda os restos fossilizados das suas presas. 
Não obstante a sua condição de obediência à Fé, a conclusão a que chegou ia contra a crença religiosa, segundo a qual esses animais teriam sido trazidos das regiões tropicais pelas águas do Dilúvio. Esta sua conclusão era reforçada pela presença de excrementos fossilizados (coprólitos) próprios de um animal que ingeria ossos. Com este trabalho ele foi pioneiro na utilização deste tipo de icnofósseis.  
Apesar da severa crítica de alguns dos seus pares, este estudo de Buckland foi reconhecido como um modelo de grande rigor científico, passível de reconstituir um episódio da pré-história da Terra, o que lhe valeu a Medalha Copley, da Royal Society, em 1822. Casado com Mary Morland, coleccionadora e ilustradora de fósseis, Buckland viajou pela Europa, onde visitou importantes sítios geológicos e conheceu geólogos famosos, entre os quais, o francês Georges Cuvier. Com a colaboração deste conceituado naturalista, Buckland escreveu, em 1824, o primeiro relato completo de um fóssil de dinossáurio carnívoro, que encontrou em formações do Jurássico, na pedreira de Stonesfield, a que deu o nome de Megalosaurus


 Ilustração da mandíbula inferior direita de Megalosaurus, apresentada por Buckland em 1824



  Megalosurus, tal como era imaginado em 1859


As suas palestras sobre geologia e paleontologia tornaram-se populares. Entretanto, como colaborador do Museu Ashmolean, organizou importantes colecções com materiais que colhera nos muitos lugares por onde andou.


                                   Galopim de Carvalho

sábado, 29 de março de 2014

ELOQUÊNCIA


  
Eloquência

Orador o mais feliz
algo deixa por dizer;
manifesta o seu poder
mui além do que não diz.

Eloquente na linguagem,
duplica ele o seu valor,
se o não dito esse for
boa parte da mensagem.

Sabendo ir além da fala,
no quem é, primeiro se viu
a semente que tem pra dar.

No momento em que se cala,
o auditório já sentiu
o prazer de a cultivar.


João d’Alcor

quinta-feira, 27 de março de 2014

NA PRÉ-HISTÓRIA DA ASTRONOMIA (I)

                                     
                                                        Almendres

A descoberta do recinto megalítico dos Almendres, por Henrique Leonor Pina em 1964, é uma boa referência para o início da arqueoastronomia em Portugal.
Num mundo em constante evolução o entendimento do presente nunca será completo sem uma sólida perspectiva do passado. O mundo físico que nos rodeia tem raízes distantes de muitos milhares de milhões de anos, quando se formaram as primeiras formas de energia e matéria, e só muito mais tarde as primeiras formas de vida. Tudo isto sabemos através de vestígios de matéria e de radiações primordiais e pelo que, muito posteriormente, ficou registado ou embebido nas rochas que se formaram.
A escrita, na sua forma alfabética (fenícia) só aparece cerca de 1000 anos antes da era cristã, muito embora encontremos formas percursoras cerca de 500 anos antes disso. Os hieroglífos dos egípcios e os caracteres cuneiformes dos sumérios já aparecem no terceiro milénio AC. De facto, até há bem pouco tempo não havia ninguém para escrever, e a própria escrita só seria inventada quando as sociedades primitivas já se encontravam razoavelmente estruturadas.
O registo sistemático da actividade humana e da forma como os humanos viam e interpretavam o mundo é portanto uma actividade muito recente na cadeia evolutiva. Cerca de 6 milhões de anos atrás dá-se a separação dos hominídios e dos chimpanzés, que irá originar há cerca de 200.000 anos os Neandertais e o Homo Sapiens. Os primeiros artefactos simbólicos aparecem só há cerca de 70.000 anos, e a sedentarização, associada ao início das actividades de cultivo, provavelmente só ocorre há cerca de 10.000 a 15.000 anos. É a partir destas datas que se julga terem sido construídas as primeiras grandes estruturas duradoiras que chegaram até nós como testemunhos da actividade humana, e por isso é nelas que reside a possibilidade de se entender o que pode ter sido o comportamento e a evolução da mente humana que viria a promover comportamentos inteligentes cada vez mais próximos dos que hoje praticamos.
Estas construções são estruturas de pedra, frequentemente de grandes pedras, pesando cada uma algumas toneladas, e correspondem ao período designado por Megalítico que ocorre grosso-modo entre 7.000 AC e 3.000 AC. Se o cultivo e a sedentarização já representam um comportamento inteligente que substitui a caça como forma de subsistência e sobrevivência, certamente mais eficiente porque permitia prever a produção de alimentos e o seu armazenamento para consumo posterior, estas não são necessariamente as primeiras grandes manifestações intelectuais. A inteligente capacidade de organização, planeamento e cooperação necessárias para a caça em grupo terá ocorrido ainda durante o predomínio da actividade nómada que antecedeu esta fase agro-pastoril.

                      C. Marciano da Silva


terça-feira, 25 de março de 2014

A MULHER, O SISTEMA DE ENSINO E A I REPÚBLICA


        Celebrou-se há poucas semanas o Dia Internacional da Mulher. Evocaria, a propósito da efeméride, o que a I República conseguiu alterar, relativamente à situação da mulher.
            “Não há país que avance e progrida se a mulher for nele uma serva perante a lei, uma inferior pela falta de instrução, um valor nulo na sociedade e na família…”Este excerto foi retirado do livro de Ana de Castro Osório A Mulher e a Criança, de 1910. Na verdade, um dos objectivos que esteve na mente de alguns republicanos foi o de alterar a situação das mulheres, que se apresentava degradante face à lei e aos costumes. Muitas mulheres empenharam-se e chegaram a acreditar que a República viesse a promulgar legislação que lhes fosse favorável e que o poder de votar lhes fosse concedido.
         Carolina Michaelis, Adelaide Cabete, Maria Veleda, além da já citada Ana de Castro Osório foram alguns dos nomes que, nessa época, se destacaram na luta que as mulheres travaram por uma maior igualdade entre os sexos. Mas, infelizmente, elas não conseguiram que a 1ª República lhes reconhecesse todos os direitos por que lutavam. E isto porque muitos dos políticos e intelectuais que estiveram na base do 5 de Outubro eram anti-feministas. Apesar de tudo, com a Implantação da República, a mulher consegue obter alguns dos direitos cívicos a que aspirava, tais como
            - a lei do divórcio, passando a ter um tratamento equivalente ao do marido no que concerne às causas da separação legal e aos direitos sobre os filhos;
            - a escolaridade obrigatória dos 7 aos 11 anos para ambos os sexos, embora, na prática, o número insuficiente de escolas impedisse o pleno exercício desse direito. Foi ainda debatida a sua educação profissional de modo a permitir-lhe uma integração no mundo do trabalho.
            A mulher não alcançou, com a 1ª República, a plena igualdade nos seus direitos cívicos e políticos mas ficou o rastro de um combate que, de então até agora, deu os seus frutos. É para que se lute por essa plena igualdade que foi criado o Dia Internacional da Mulher. Celebremo-lo e demo-lo a conhecer às gerações mais jovens!

                                                      Mário Freire

domingo, 23 de março de 2014

PARA UMA HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA (6)

Uma outra personalidade com história no domínio da paleontologia, como amador, foi o inglês Gideon Algernon Mantell (1790-1852).




                                  Gideon Mantell

Enquanto adolescente e animado por grande interesse pela geologia e pela paleontologia, Mantell explorou o terreno na área da sua residência, no condado de Sussex, recolhendo e coleccionando os fósseis que encontrava. Já como médico, grande parte do seu tempo de descanso foi ocupado na procura, colheita e estudo dos fósseis diversos, nas camadas de cré do Cretácico superior desta mesma região, numa actividade cujos resultados publicou em livro e lhe abriu as portas com membro da Sociedade Lineana de Londres. Mas a sua actividade como paleontólogo não parou. E foi assim que, em 1820, ele e a sua mulher encontraram, numa pedreira perto Cuckfield, no Cretácico inferior do mesmo condado, os primeiros restos ósseos de dinossáurios (posteriormente descritos como Iguanodon e Hylaeosaurus) que o colocaram na história da paleontologia. Em comemoração destaa descobertas e da contribuição deste achado para a paleontologia, foi erguido, em 2000, um monumento em memória de Mantell no relvado de Green Whiteman, em Cuckfield.



Reconstituição do esqueleto de Iguanodon, imaginado como um lagarto gigante, desenhada por Gideon Mantell.


Configuração de Iguanodon imaginada por Hammatt Billings, em 1842, numa ilustração exposta no Museu Robert Merry, de Boston, EUA.


Esqueleto de Iguanodon, no Museu de Bruxelas, numa gravura de finais do século XIX


                                            Galopim de Carvalho


sexta-feira, 21 de março de 2014

OS ESPAÇOS VERDES E A QUALIDADE DO AMBIENTE NAS CIDADES


Nos espaços verdes existem espécies vegetais variadas. São zonas de recreio e lazer por excelência, podendo ser compensadores de condições precárias de habitação e favorecer a convivência entre grupos sociais. O contacto com a natureza contribui para o bem-estar da população, melhorando a sua qualidade de vida.
Funcionam como pulmão do tecido urbano. Contribuem para a absorção da água da chuva, reduzindo os danos ocasionados pelas inundações. A presença de espaços verdes permite, também, limitar a poluição das águas de superfície que escoam sobre os espaços pavimentados, os quais contêm poluentes de várias origens.
A vegetação tem uma função importante para a protecção dos solos contra a erosão pela água e pelo vento. Ela melhora a estética da paisagem urbana, criando uma modificação de textura e um contraste de cores e de forma em relação às construções.
As árvores em vias públicas e noutras áreas livres de edificação constituem a floresta urbana e contribuem para o conforto humano. De facto, elas promovem a melhoria microclimática, nomeadamente com as sombras e o vento, proporcionando, ainda, a diminuição da poluição atmosférica e da poluição sonora, a melhoria estética das cidades, a acção sobre a saúde humana e ainda benefícios sociais e económicos.
Os parques urbanos são um dos componentes-chave de uma cidade especialmente preocupada em propiciar uma boa qualidade de vida aos seus habitantes; algumas das cidades com os melhores índices de desenvolvimento humano dedicam especial atenção aos parques urbanos.
Um dos exemplos mais paradigmáticos de um parque urbano é o Central Park, em Nova Iorque. Outro exemplo semelhante é o Hyde Park, em Londres. Em Portugal e, em especial no Alentejo, onde se verificam temperaturas extremas no Verão, deveria também haver uma preocupação especial na construção de tais equipamentos de lazer.

                                          FNeves



quarta-feira, 19 de março de 2014

GREAT DREAM (I)


O movimento Action for Happiness desenvolveu um estudo científico cujo resultado apresenta os 10 pontos que mais contribuem para uma vida mais feliz. Todos somos diferentes, mas estes 10 itens têm um impacto positivo geral sobre qualquer um de nós. Os primeiros 5 (GREAT) relacionam-se com a interação com o mundo exterior e os outros 5 (DREAM) dependem exclusivamente da nossa atitude perante a vida. Vejamos os primeiros 5:
GIVING = DAR (fazer algo pelos outros): ajudar as pessoas fortalece-as e ajuda a construir uma sociedade melhor. Quando se fala de ‘dar’ não se fala apenas de coisas materiais: podemos dar o nosso tempo, ideias e energia. Para receber coisas boas, é preciso, antes de mais, dar essas mesmas coisas. Faça aos outros o que gostaria que fizessem por si!
RELATING = RELACIONAR-SE: as relações são o que mais contribui para a felicidade. As pessoas com uma forte rede social são mais felizes, mais saudáveis e vivem mais tempo, pois através delas sentimos amor, significado, apoio, pertença e valorização pessoal.
EXERCISING = EXERCÍCIO (cuidar do corpo): corpo e mente estão ligados. Ser fisicamente ativo faz-nos sentir bem, aumenta o nosso bom humor e combate a depressão. Não precisamos de correr maratonas, mas dedicarmo-nos todos os dias um pouco ao corpo (incluindo dormir bem) ajuda-nos a sentirmo-nos melhor.
APPRECIATING: APRECIAR (reparar no mundo à volta): quantas vezes não reparamos no que acontece à nossa volta. Se a distração der lugar à atenção do momento presente, teremos mais espaço para nos ligarmos ao que sentimos aqui e agora. Focarmo-nos no passado deprime-nos e focarmo-nos no futuro cria-nos ansiedade. Apreciar o presente afasta-nos da sensação de rotina e monotonia, pois tudo é diferente, todos os dias.
TRYING OUT: EXPERIMENTAR (aprender novas coisas): aprender afeta o nosso bem-estar de muitas formas: dá-nos ideias novas, ajuda-nos a manter a curiosidade, proporciona-nos uma sensação de realização e estimula a nossa autoconfiança e resiliência. Lembre-se que a aprendizagem não se dá apenas em livros, mas também através de novas experiências.

                                                  Rossana Appolloni


segunda-feira, 17 de março de 2014

ELOGIO



Que o louvor nos faça bem,
há um sim que vem à liça,
não obstante haver alguém
refutando tal premissa.

Verdade é que mal usado,
ou buscado, tem seus quês.
Mas pior, sendo evitado,
quer por mim ou por vocês.

Que no apreço aos demais,
vir a dar um elogio
venha a ser um dado constante.

Se há encómio que me dais,
é benesse que aprecio;
não recuso, é ‘stimulante.


João d’Alcor

sábado, 15 de março de 2014

OS VINCOS QUE NÃO DESAPARECEM



            Segundo dados agora divulgados referentes a 2013, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa registou mais casos de violência escolar e eles indicam que a violência escolar aumentou quase 22% no último ano. Esses dados abrangem as comarcas de Lisboa, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Caldas da Rainha, Vila Franca de Xira, Almada e Barreiro.
            A propósito do tema da violência na escola, recebi há dias um pps, daqueles que andam a circular pela internet sem autor conhecido, que achei poderia ter cabimento reproduzi-lo nesta crónica, correndo o risco de alguns dos leitores já dele terem conhecimento. Eis o que ele diz:
“Uma professora quis ensinar à sua turma os efeitos do bullying. Deu a todos os alunos uma folha de papel e disse-lhes para a amarrotarem, deitarem para o chão e pisarem. Em suma, podiam estragar a folha o mais possível mas não rasgá-la. As crianças ficaram entusiasmadas e fizeram o seu melhor para amarrotarem a folha, tanto quanto possível.
A seguir, a professora pediu-lhes para apanharem a folha e abri-la novamente com cuidado, para não a rasgarem. Deviam endireitar a folha com o maior cuidado possível. A senhora chamou-lhes a atenção para observarem como a folha estava suja e cheia de marcas. Depois, disse-lhes para pedirem desculpa ao papel em voz alta, enquanto o endireitavam. À medida que mostravam o seu arrependimento e passavam as mãos para alisar o papel, a folha não voltava ao seu estado original. Os vincos estavam bem marcados. A professora pediu então para que olhassem bem para os vincos e marcas no papel. E chamou-lhes a atenção para o facto que essas marcas nunca mais iriam desaparecer, mesmo que tentassem repará-las.
‘É isto que acontece com as crianças que são “gozadas” por outras crianças - afirmou a professora – vocês podem pedir desculpa, podem tentar mostrar o vosso arrependimento, mas as marcas, essas ficam para sempre.’ ”.
A mensagem foi dirigida a crianças. Talvez muitos adolescentes das nossas escolas precisassem, igualmente, de receber mensagens deste tipo!


                                                    Mário Freire

quinta-feira, 13 de março de 2014

PARA UMA HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA (5)



             Mary Anning (1799-1847). Pintura de autor 
                                desconhecido.


                      A primeira metade do século XIX

Figura grande da paleontologia, a inglesa Mary Anning (1799-1847), coleccionadora e comerciante de fósseis, ficou bem conhecida entre a comunidade de geólogos e paleontólogos, pelas suas importantes descobertas no Jurássico inferior marinho no litoral de Lyme Regis, no condado de Dorset. O seu trabalho como amadora foi reconhecido como de grande importância no desenvolvimento da paleontologia dos vertebrados marinhos. Em finais do século XVIII e começos do XIX, a recolha fósseis, como curiosidades da natureza, estava em voga como um passatempo, entre uma burguesia erudita, atitude que acabou por caminhar no sentido da investigação científica nos domínios da paleontologia, da geologia e da biologia. Autodidacta de muito saber, contactando professores universitários e outros especialistas e consultando os seus trabalhos escritos, Mary tornou-se uma referência, como paleontóloga, a par dos melhores do seu tempo.
Entre os seus achados de maior relevo, hoje expostos no Museu de História Natural de Londres, contam-se o primeiro esqueleto fóssil conhecido de um ictiossáurio, o primeiro de pterossáurio (localizado fora da Alemanha) e os dois primeiros de plesiossáurio.




 Plesiossáurio (réptil marinho) desenhado e descrito pela mão de Mary Anning, em 1824.




     Esqueleto de Plesiossáurio (Rhomaleosaurus cramptoni) no Museu de História          Natural de Londres, junto do retrato da sua descobridora.




Mary Anning foi sensível à ocorrência de gastrólitos e de outros achados (então conhecidos por “pedras de bezoar”) que continham, no seu interior ossos de peixes e escamas. Estudados por Buckland, este concluiu que tais achados eram excrementos fossilizados, a que deu o nome de coprólitos. No seu tempo, em Inglaterra, era interdito às mulheres votar, ocupar cargos públicos ou frequentar a universidade e, neste contexto social, os membros da Sociedade Geológica de Londres, todos eles homens e cidadãos influentes, não permitiam a entrada de mulheres no seu seio nem, sequer, para assistir às suas reuniões. Assim, a sua condição feminina e o facto de não possuir habilitações académicas não lhe permitiram participar plenamente na comunidade científica britânica, toda ela masculina e anglicana. Embora internacionalmente bem conhecida e respeitada, não foi aceite como membro da referida Sociedade, o mesmo sucedendo às suas contribuições científicas que, assim, não puderam ser publicadasfora. Não obstante esta segregação, foram muitos os que com ela contactaram, com propósitos científicos, com destaque para uma panóplia de grandes nomes da paleontologia e da geologia, como De la Beche, William Buckland, William Conybeare, Richard Owen, Louis Agassiz, Roderick Murchison, Charles Lyell, Adam Sedgwick, Charles Darwin e Gideon Mantell.

                                   Galopim de Carvalho

terça-feira, 11 de março de 2014

SER FELIZ NO TRABALHO (2)


Se a felicidade tem muito mais a ver com o que se faz do que com o que se tem, ter sorte é das piores coisas que podemos desejar! Alcançarmos o que se conquista é muito mais gratificante do que conseguirmos algo de mão beijada.
Poupar para conseguir comprar algo implica um investimento financeiro e psicológico que se traduz em satisfação, o que já não acontece se for de outra forma. Se desejamos algo, é melhor desejarmos ter a força e a perseverança para o conquistar do que centrarmo-nos no objeto em si. Esta é a única maneira de ir gozando todo o percurso e não apenas a meta.
 A felicidade é o caminho, não o fim. Ao longo do percurso podemos encontrar obstáculos, mas superarmos esses obstáculos, enfrentarmos os medos fazem-nos sentir vivos e quanto mais vivos nos sentimos, mais felizes somos. E, por vezes, os medos escondem-se por detrás de valores que nos são impostos socio e culturalmente: ouse, atreva-se a encontrar a parte “ridícula” que há em todos nós e goze a vida. Brinque com ela, divirta-se enquanto segue os seus sonhos, é a única forma de dar sentido a um percurso que muitas vezes nos parece vazio dele.
Faça algo diferente, experimente coisas novas e terá com certeza boas surpresas. Dedique-se também aos outros, ajude-os a concretizarem os seus projetos, exprima o que sente. Reconhecer alguém é das ações mais gratificantes para o outro e para o próprio.
Finalmente, pratique ações que vão ao encontro dos seus valores: conheça-os e aplique-os nas suas tarefas, caso contrário andará sempre em conflito interior, infeliz consigo próprio e, consequentemente, com quem o rodeia. Faça do seu trabalho uma fonte de felicidade, só depende de si!


                               Rossana Appolloni

domingo, 9 de março de 2014

ELIXIR




Elixir

Se há segredo em cada abelha,
é por certo o da doçura.
Junta à mestra que aconselha,
há instinto que o assegura.

Com prazer nos dá o mel;
mas jamais, dele a receita.
Em quem rouba injecta o fel;
não tolera tal desfeita.

Sua morada é casa cheia,
segurança no porvir
e banquete a partilhar.

- Tal  como em toda a colmeia,
segredo há no elixir
sempre em nós a cultivar.

João d’Alcor


sexta-feira, 7 de março de 2014

ENSINAR A FAZER CIÊNCIA


          Numa altura em que a discussão sobre a Ciência se deslocou para os areópagos políticos e em que os cientistas bolseiros parecem não estar a ser tratados como deveriam, talvez tenha interesse fazer algumas breves considerações sobre o ensinar a fazer Ciência. Ora, esta não é um corpo de verdades inalteráveis mas algo que está sujeito a uma contínua reestruturação, à medida que surgem novos dados. O progresso da Ciência faz-se através da tentativa de dar respostas a problemas.
            Ensinar um aluno a formular um problema científico é, sem dúvida, uma das etapas mais motivadoras para o fazer gostar da Ciência. E ele formula um problema quando é solicitado a identificar um ou vários acontecimentos discordantes. Por exemplo, porque é que as cores são tão variadas nos seres vivos? Basta olhar à nossa volta e qualquer espírito interrogador formulará questões para as quais não encontrará respostas, pelo menos imediatas. Ora, é a partir deste espírito inquiridor que se traduz em ver problemas onde a maioria não vê e, depois, tentar dar-lhes respostas, que se vai construindo a Ciência.
Há, pois, que identificar os tais acontecimentos discordantes, observá-los com todo o rigor, segundo vários ângulos, em várias circunstâncias. O papel do professor, nesta fase, é pois, crucial, pois ele tenta que o aluno separe aquilo que é essencial do que é acessório. Uma deficiente ou incompleta recolha de factos não permitiria seleccionar aqueles que seriam os relevantes – os dados. Ora, é com estes que se procura dar uma resposta, ainda que provisória, para o problema que está a investigar-se. É a chamada formulação da hipótese. Esta é uma das etapas que irá nortear as acções que irão seguir-se.
A Ciência vive de hipóteses, de explicações que têm que ser testadas, sempre que possível, e que assumem um carácter temporário, embora algumas se possam considerar de longa duração, como a da Evolução, a da Relatividade. Este carácter de efemeridade em Ciência mostra que um verdadeiro cientista é, normalmente, uma pessoa intelectualmente modesta pois ele experimenta no seu dia-a-dia quanto as explicações que dá para os fenómenos são, por vezes, passageiras. Ora, o professor, ensinando a fazer Ciência aos seus alunos, está também a ensinar-lhes que no estudo dos fenómenos (físicos, químicos, biológicos, históricos, sociológicos…) se tem que usar de prudência, não fazendo afirmações categóricas que, mais breve do que pensamos, poderão ser desmentidas. Tal como na nossa vida!


                                                     Mário Freire

quarta-feira, 5 de março de 2014

A TERCEIRA IDADE E O AMBIENTE


Considera-se a velhice uma terceira idade. Com o aumento actual da esperança de vida, fala-se ainda de uma quarta idade, que seria um período difícil de determinar por escapar ao critério cronológico. A quarta idade seria uma fase da vida em que o organismo já não consegue satisfazer as exigências do meio ambiente.
Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo. Tais alterações são naturais e gradativas, dependentes das condições genéticas e do modo de vida. Uma alimentação adequada, a prática regular de exercício físico, a exposição moderada ao sol, a estimulação mental, o controlo do stress, o apoio psicológico da comunidade e uma atitude positiva perante a vida são alguns dos factores que podem retardar ou minimizar os efeitos da passagem do tempo.
Os idosos acumulam no seu organismo, ao longo da vida, contaminantes ambientais indutores da doença, tais como os metais pesados e os PCBs, estes presentes em grande quantidade de materiais sintécticos.
A visão da necessidade de atenção global à saúde da população idosa era, até meados do século passado, pouco relevante devido ao reduzido número de indivíduos dessa faixa etária nas sociedades de então. Nas últimas décadas, com o crescente aumento de idosos no mundo, houve um reconhecimento das implicações decorrentes do envelhecimento e da sua importância. As actividades de promoção de saúde deverão incluir a actuação nos campos biológico, psicossocial, político e legal, entre outros.
            O processo de envelhecimento caracteriza-se também pela diminuição das defesas do organismo que, somada à exposição durante anos a inúmeros factores de risco, muitos de natureza ambiental, tem tornado os idosos mais vulneráveis às doenças. Tornam-se então grandes consumidores dos recursos destinados à saúde - 90% das despesas em saúde dum individuo são realizadas nos últimos 10 anos de vida, referiu em entrevista pública um dos nossos brilhantes responsáveis políticos do sector.
A situação é difícil e os profissionais que acompanham os idosos não estão ainda suficientemente preparados para lidar com a complexa interação entre as doenças e com os factores de natureza sócio-cultural e ambiental que actuam como determinantes da sua saúde.

                                    FNeves


segunda-feira, 3 de março de 2014

PARA UMA HISTÓRIA DA PALEONTOLOGIA (4)


Robert Hook combateu, veementemente, a ideia generalizada de que os fósseis eram o resultado de virtudes operadas no seio das rochas ou que surgiam sob o efeito de influências celestiais. À semelhança do seu contemporâneo dinamarquês (Nicolau Steno), interpretava os fósseis como restos de organismos que haviam sido submetidos a um processo de petrificação. Numa ousadia que atentava contra a crença religiosa da unidade da Criação, chamou a atenção para a existência de fósseis cujos indivíduos não têm representação actual, aceitando, portanto, que havia, no presente, novas espécies.
Defensor da mesma visão, Leibniz reconheceu os fósseis como vestígios petrificados de seres vivos do passado, actualmente extintos, e, nesta medida, é também lembrado como um dos fundadores da paleontologia. Ao afirmar que “nas múltiplas mudanças operadas na Terra ao longo do tempo, um grande número de seres sofreu transformações”, Leibnitz lançou a semente do transformismo
Em Inglaterra, na mesma época, o botânico John Woodward (1665-1728), influenciado pela abundância de fósseis que lhe foi dado observar no condado de Gloucester, organizou uma numerosa e valiosa colecção de “petrificados” que fez história, de início, como núcleo do Museu Woodwardiano, em Cambridge, e, posteriormente, como acervo do Museu Sedgwick, na mesma Universidade. O livro que nos deixou, An Attempt towards a Natural History of the Fossils of England, em dois volumes (1728 e 1729), é expressão do seu muito saber como paleontólogo.
No livro “Helvetica Lithographia”, publicado em 1726, o médico e naturalista suíço Johann Jakob Scheuchzer (1672-1733) descreveu, em 1726, um esqueleto fóssil, retirado de terrenos do Miocénico, perto do Lago Constança, que identificou como sendo de um homem (Homo diluvii) vitimado pelo Dilúvio.
Esta descoberta, aproveitada pela Igreja como demonstrativa da veracidade desta crença, vingou até 1811, data em que o naturalista francês Georges Cuvier (1769-1832), lembrado como pai da anatomia comparada, reexaminou o dito fóssil e identificou-o como uma salamandra gigante, dando, assim, um violento golpe no diluvianismo.
Na mesma época, o cônsul francês no Egipto, Benoit de Maillet (1656-1738), divulgava uma teoria sobre a evolução da Terra, segundo a qual teria havido alternância de períodos de invasão e de recuo do mar ao longo do tempo geológico que, ousadamente para a época, estimava em muitos milhões de anos. Antecipando os conceitos de transgressão e regressão marinhas, foi pioneiro na ideia que considera a vida terrestre como uma transformação adaptativa da vida marinha.
Ao tempo em que o naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778), na sua obra Systema Naturae (1758), iniciava a sistemática dos seres vivos, Anton Lazzaro Moro  formulava inovadoras teses sobre a origem dos fósseis marinhos. Investigando sob a pressão dos compromissos e restrições de natureza religiosa e incompreendido por muitos, que o acusavam de desrespeitador da Fé, este abade e vulcanista veneziano foi autor de avanços notáveis relativamente à paleontologia encarada como disciplina científica, com destaque para o livro "De Crostacei E Degli Altri Marini Corpi" (1740), no qual expressa as suas ideias sobre as mudanças verificadas depois da Criação.
Nesta linha de abandono das explicações fantasiosas ainda prevalecentes, o naturalista francês George-Louis Leclerc (1707-1788), mais conhecido por Buffon, defendia que as conchas encontradas no seio de algumas rochas eram restos de moluscos marinhos desaparecidos e recuperava a expressão “espécies perdidas” criada dois séculos atrás, por Bernard Palissy, muito antes do nascimento da paleontologia como ciência.
Considerado a figura central de todo o pensamento na história natural, na segunda metade do século XVIII, Buffon foi o fundador do embrião do Museu Nacional de História Natural de Paris, cujo papel no domínio do progresso da paleontologia é um dado histórico. Na mesma época, o chamado “Sistema Woltersdorf”, considerado uma das mais antigas classificações dos produtos não vivos da Terra, divulgada em 1748, pelo teólogo e mineralogista alemão, John Lukas Woltersdorf (1721-1772), mostra que o autor já reconhecia os fósseis como restos de seres vivos petrificados. Com efeito, além das classes que incluíam rochas e minerais (Terrae, Lapides, Sali, Bitumina, Semimetala, Metala), distinguia a classe Petrifada, na qual reunia restos de vertebrados e invertebrados, continentais e marinhos, bem como de vegetais.
Anos mais tarde, o naturalista francês, Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet (1744-1829), mais conhecido por Lamarck, na sua obra “Historie Naturelle des Animaux sans Vertèbres”, editada em 1802, dava verdadeiro início à paleontologia dos invertebrados. Foi também este naturalista quem apresentou a primeira teoria fundamentada sobre a evolução dos seres vivos, logo contestada pelo seu contemporâneo George Cuvier (1769-1832), catastrofista convicto e adversário assumido das ideias de Lamarck.
Introdutor do criacionismo, Jean Leopold Nicolas Fréderic Cuvier, de seu verdadeiro nome, defendia que a Terra sofrera extinções periódicas de muitos animais, seguidas por períodos de acalmia, durante os quais teria lugar nova criação. Fundador da anatomia comprada e da paleontologia dos vertebrados em termos modernos, trabalhou no Museu Nacional de História Natural de Paris como assistente e em estreita colaboração com o zoólogo Étienne Geoffroy Saint-Hilaire (1779-1844). No seu livro “Leçons d’anatomie comparée”, editado em 1800, Cuvier formulou o chamado “Princípio da Correlação das Partes”, segundo o qual “as características anatómicas e funcionais dos vertebrados estão relacionadas entre si e com o ambiente”. 
A anatomia comparada nos vertebrados permitiu aos paleontólogos reconstituir a configuração corporal correspondente aos ossos que iam sendo achados e, ainda, a reconstituição de espécies fósseis desconhecidas. Uma outra contribuição de Cuvier para a paleontologia foi ter aplicado os conhecimentos da zoologia e da botânica actuais ao estudo dos animais e plantas fósseis. Defensor de uma visão catastrofista da História da Terra, mostrou que os esqueletos fósseis de mamutes e mastodontes eram diferentes dos elefantes actuais, dando, assim, ênfase ao seu conceito de extinção.
Cuvier estudou os fósseis da Bacia de Paris, onde reconheceu uma série de sucessivas faunas, tendo verificado que as camadas sedimentares mais jovens desta série continham fósseis de vertebrados mais próximos dos que existiam na actualidade e que nenhum deles tinha representação em animais do presente. Concluiu, então, que esses fósseis correspondiam a animais do passado que se extinguiram. Também ele, um catastrofista, Alexandre Brongniart (1770-1847), geólogo e mineralogista francês, teve papel notável como paleontólogo. Realizou um importante estudo sobre trilobites e contribuiu com elementos pioneiros para a estratigrafia, através do conhecimento de fósseis, passíveis de datar os estratos de rochas sedimentares.
Quando o número e a variedade de fósseis, encontrados e estudados pelos paleontólogos pioneiros, ganhou uma dimensão suficientemente importante, a Igreja não pôde continuar a negar que tais achados eram restos de seres vivos do passado e, assim, os clérigos mais conservadores defendiam que os fósseis correspondiam a restos de animais vitimados pelo Dilúvio bíblico.
Foi neste quadro que William Smith (1769-1839), iniciador da paleontologia estratigráfica, desenvolveu as suas ideias. Além de geólogo de renome, este inglês foi grande inovador no domínio da paleontologia. O seu trabalho contribuiu para pôr fim à interpretação, advogada pelas Escrituras, que negava a origem orgânica dos fósseis. Ao demonstrar o valor dos fósseis no reconhecimento das camadas geológicas, o seu trabalho foi decisivo no estabelecimento de uma geocronologia relativa e no desenvolvimento da estratigrafia.
Smith verificou que determinada sobreposição de estratos de rochas sedimentares, observável num dado lugar, se podia encontrar noutros locais e concluiu pela possibilidade de caracterizar cada estrato pelo conjunto dos fósseis nele incluídos. Concluiu, ainda, que a mesma sucessão de estratos podia ser encontrada em muitas regiões do país. Esta sua conclusão permitiu-lhe formular o “Princípio da Sucessão Faunística”, cuja consistência procurou e pôde ser verificada em termos universais. No seu trabalho, ”Treatise on the Classification of Strata”(1815) reuniu, estudou e figurou uma vasta colecção de fósseis, possibilitando a outros estudiosos testar a sua teoria.


                              Galopim de Carvalho

sábado, 1 de março de 2014

SER FELIZ NO TRABALHO (1)


A felicidade tem muito mais a ver com o que se faz do que com o que se tem. As pessoas felizes procuram alegrias e satisfações relacionadas com as próprias conquistas e não com o que podem comprar e adquirir.      
A realização pessoal é de longe mais intensa e gratificante do que a conquista material. A realização pessoal abrange várias áreas, entre as quais está incluída a parte profissional. Ninguém pode considerar-se feliz se profissionalmente se sente frustrado, contrariado e insatisfeito.
Há alguns elementos que se distinguem nas pessoas consideradas felizes, vejamos alguns:
O sucesso tem mais peso quando é partilhado. Trabalhar em equipa é mais gratificante porque se cria uma ligação com os outros que aniquila a sensação de solidão e de luta extenuante. Reforçam-se os sucessos e atenuam-se as falhas. Entrar em ligação com outra pessoa, no que se pode até chamar de ressonância positiva, tem benefícios individuais incríveis.
 Por outro lado, também há em nós a necessidade de sentir que se consegue conquistar algo sozinho, pelas próprias forças e competências, que são únicas no mundo. Não deixando de fazer parte de um todo, exprima o que de único há em si, contribua para que o todo funcione melhor porque faz parte dele. Encontre a sua especificidade, o ingrediente que é essencial para que o bolo seja saboroso, evitando o mais possível comparações. Há sempre quem possa ser melhor e pior do que nós. Todos somos diferentes e todos temos algo de melhor e de pior do que os outros. Para fazer comparações, só vale a pena fazê-las consigo próprio, relativamente a como era no passado e a como é no presente. Pode não ser o melhor, mas sentirá uma satisfação tremenda ao sentir que faz o melhor que consegue.

                                                   Rossana Appolloni