“A
única razão para a existência do tempo é as coisas não acontecerem todas em
simultâneo” (Albert Einstein)
No
estilo de vida das sociedades contemporâneas, é frequente dizer-se que não
temos tempo suficiente para fazer tudo o que queremos. Corremos de um lado para
o outro para cumprir obrigações profissionais, tratar ou visitar familiares,
ou, simplesmente, estarmos com as pessoas de quem gostamos.
Esta
sensação de pressa constante acompanha o desenvolvimento tecnológico do mundo
moderno em que máquinas cada vez mais complexas e sofisticadas trabalham com
maior potência e rapidez para nos fazer poupar tempo, para nos transportar,
para nos informar, para nos dispensar de tarefas monótonas e pesadas, ou para
nos tratar da saúde e prolongar a nossa vida.
O tempo, sempre o
tempo, que temos de aproveitar e sem o qual a nossa existência parece não ser
vivida na sua plenitude. A conquista do tempo para nós próprios é um fator
essencial do nosso bem-estar. O que nos dá prazer e faz sentido não pode ser
feito à pressa. Se queremos ouvir uma música, não podemos pôr o cd a rodar a
uma velocidade superior à adequada para pouparmos tempo! Ouvir-se-iam apenas
ruídos sem nexo.
Se atentarmos bem na frase de Einstein
verificamos que não se trata apenas de uma questão de velocidade, mas de uma
determinada quantidade de coisas que não é possível nem desejável fazer ao
mesmo tempo. Ao ouvir música, ver o telejornal, falar com quem estou e ler os
emails no telemóvel, algo fica pelo caminho. Fazer demais transforma-se em
fazer de menos. Fazer demasiadas coisas ao mesmo tempo é fazer tudo mal em
simultâneo.
Há,
pois, um ponto limite em que o excesso de carga e o excesso de velocidade
neutralizam o tempo ótimo da experiência humana. A vida plena de coisas pode
tornar-se uma vida vazia de sentido. Nada impede de sermos ativos e
despachados, sobretudo quando aquilo que fazemos, em vez de ser feito à pressa
e em simultâneo, representa um desafio pessoal que é feito com paixão. Então, o
tempo passa sem darmos por isso e encontramo-nos connosco próprios.
Rossana Appolloni