quinta-feira, 8 de maio de 2014

25 DE ABRIL: A IMPORTÂNCIA DOS INTERESSES DA CRIANÇA NO ENSINO


Com data de 4 de Novembro de 1974 surge uma circular, oriunda da Direcção-Geral do Ensino Básico, que anuncia uma Campanha de sensibilização aos novos Programas do Ensino Primário, os quais tinham entrado em vigor no início do ano lectivo. Extraio um excerto da referida circular que, parece-me, resume a ideologia pedagógica subjacente à Campanha:
- “O ensino deverá ser sempre uma resposta aos interesses do aluno, devendo, por isso, ser motivado para que nele nasça o desejo de uma realização”.
            Verifica-se que os interesses da criança eram os elementos primordiais que iriam determinar a actuação do professor e a função da escola. Esta centralidade nos interesses constitui uma referência nos ideários da Escola Nova, de que a I República foi paladina. Assim sucedeu, também, nos anos de 1974 e 1975.
            Distanciadas essas duas épocas de cerca de 50 anos, elas limitam um período da História da Educação em Portugal que se caracterizou por um dogmatismo pedagógico acentuado, conduzido pelo professor, tendo o aluno um papel de diminuta participação. Caiu-se, depois, no lado oposto em que ao aluno tudo se consentia, abdicando o professor da sua autoridade ou sendo dela obrigado a abdicar.
            Ora, o professor, como mediador de conhecimentos, tem que fazer uso do seu saber e do seu bom senso para não cair num facilitismo que dificulte o desenvolvimento da criança. Além disso, ter como principal preocupação a satisfação dos interesses do aluno, é privá-lo das aprendizagens que as frustrações, quando não são traumatizantes, lhe podem ensinar. Elas são uma constante na nossa vida. Saber aceitar aquilo de que não gostamos ou não conseguimos atingir é prevenir a agressividade e contribuir para que uma pessoa, quando adulta, seja mais feliz. E isso aprende-se na família mas, também, na escola.


                                                 Mário Freire