sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

"A MISSIONÁRIA DA EDUCAÇÃO"



Quem tiver consultado a revista brasileira Veja de 1 de Maio de 2013, encontrou uma entrevista com a americana Wendy Kopp. Ora esta mulher, considerada pela Revista como missionária da educação, fundou nos finais dos anos 80, ainda como universitária, um Programa educacional denominado Teach for America. Este Programa, que tem sido um sucesso, destina-se a alguns dos mais brilhantes universitários recém-formados, colocando-os a dar aulas de ensino básico nas escolas das zonas urbanas e rurais mais desfavorecidas dos Estados Unidos.
Ela inspirou-se no facto de “o pessoal de Wall Street” bater à porta dos melhores alunos e convidá-los a trabalhar, durante dois anos, no mercado financeiro. Porque não, então, fazer o mesmo para outros excelentes alunos, dando-lhes uma oportunidade de, com o seu trabalho e entusiasmo, poderem contribuir para um mundo com menos desigualdades?
Ela, tendo obtido o apoio de várias empresas, conseguiu pôr de pé a sua ideia, a qual se encontra hoje materializada numa grande instituição de educação e de promoção humana.
O Programa tem um processo de selecção exigente em que se procuram os recém-formados, quaisquer que sejam os seus cursos, “que acreditam no potencial de todas as crianças, que são incansáveis na busca de objectivos, que perseveram diante dos desafios, que são capazes de influenciar e motivar os alunos”, como diz a entrevistada. Para isso, há que ensinar-lhes a trabalhar com crianças e fazê-los adquirir capacidades e conhecimentos para poderem ser professores que tomem decisões, dentro dessas comunidades desfavorecidas, que sejam eficazes. Os contextos em que esses professores trabalham exigem deles capacidades de liderança. Por isso, o Programa adopta como lema ensinar é ser líder. Esses jovens professores assumem a responsabilidade integral pelo sucesso dos alunos e têm um salário. 
Além de se constituir para os recém-formados como uma experiência profissional desafiante, as empresas aproveitam esses jovens porque sabem que eles aliam o talento à capacidade de liderança a qual é constantemente exercitada quer dentro das aulas, quer na sua relação com as famílias.
O Programa está disseminado por 25 países (Reino Unido, Alemanha, Áustria, China, Nova Zelândia, Brasil, Israel, Índia…), por vezes, com ligeiras adaptações, de acordo com os contextos socioeducativos.
Em Portugal não há carência de professores. Mas não poderia um Programa deste tipo, com as modificações que as circunstâncias impusessem, ser um meio de valorizar alguns dos jovens que saem do Ensino Superior, ao mesmo tempo que prestariam um trabalho de promoção social junto de sectores populacionais desfavorecidos? 

                                                        Mário Freire