Quem
tiver consultado a revista brasileira Veja
de 1 de Maio de 2013, encontrou uma entrevista com a americana Wendy Kopp. Ora
esta mulher, considerada pela Revista como missionária
da educação, fundou nos finais dos anos 80, ainda como universitária, um
Programa educacional denominado Teach for
America. Este Programa, que tem sido um sucesso, destina-se a alguns dos
mais brilhantes universitários recém-formados, colocando-os a dar aulas de
ensino básico nas escolas das zonas urbanas e rurais mais desfavorecidas dos
Estados Unidos.
Ela
inspirou-se no facto de “o pessoal de Wall Street” bater à porta dos melhores
alunos e convidá-los a trabalhar, durante dois anos, no mercado financeiro.
Porque não, então, fazer o mesmo para outros excelentes alunos, dando-lhes uma
oportunidade de, com o seu trabalho e entusiasmo, poderem contribuir para um
mundo com menos desigualdades?
Ela,
tendo obtido o apoio de várias empresas, conseguiu pôr de pé a sua ideia, a
qual se encontra hoje materializada numa grande instituição de educação e de
promoção humana.
O
Programa tem um processo de selecção exigente em que se procuram os
recém-formados, quaisquer que sejam os seus cursos, “que acreditam no potencial
de todas as crianças, que são incansáveis na busca de objectivos, que
perseveram diante dos desafios, que são capazes de influenciar e motivar os
alunos”, como diz a entrevistada. Para isso, há que ensinar-lhes a trabalhar
com crianças e fazê-los adquirir capacidades e conhecimentos para poderem ser
professores que tomem decisões, dentro dessas comunidades desfavorecidas, que sejam
eficazes. Os contextos em que esses professores trabalham exigem deles
capacidades de liderança. Por isso, o Programa adopta como lema ensinar é ser líder. Esses jovens professores
assumem a responsabilidade integral pelo sucesso dos alunos e têm um
salário.
Além
de se constituir para os recém-formados como uma experiência profissional
desafiante, as empresas aproveitam esses jovens porque sabem que eles aliam o
talento à capacidade de liderança a qual é constantemente exercitada quer
dentro das aulas, quer na sua relação com as famílias.
O
Programa está disseminado por 25 países (Reino Unido, Alemanha, Áustria, China, Nova Zelândia,
Brasil, Israel, Índia…), por vezes, com ligeiras adaptações, de acordo com os
contextos socioeducativos.
Em
Portugal não há carência de professores. Mas não poderia um Programa deste tipo,
com as modificações que as circunstâncias impusessem, ser um meio de valorizar
alguns dos jovens que saem do Ensino Superior, ao mesmo tempo que prestariam um
trabalho de promoção social junto de sectores populacionais
desfavorecidos?
Mário
Freire