A promoção dos valores
éticos no aluno, para além dos aspectos intelectuais e emocionais, deveria
constituir-se num dos pilares do nosso sistema educativo. Afinal, não foi
devido a uma ausência desses valores, segundo se afirma, que a sociedade está a
viver uma crise profunda?
Ora, a preocupação com a educação do
carácter, na sua perspectiva ética, se muitas vezes vem registada nas grandes
metas das reformas, ela nem sempre se torna muito explícita nas acções
concretas que têm lugar no quotidiano das escolas.
Numa comunicação do Prof. Ramiro
Marques, na Universidade de Aveiro, em 2006, falava-se de uma metodologia de
promoção de valores. Dela permitia-me retirar algumas expressões que, julgo,
poderiam inspirar uma certa prática, tendo em vista a tal promoção: envolver os
alunos na tomada de decisões; desenvolver o raciocínio moral a partir dos
conteúdos; superar os conflitos sem violência; estimular a cooperação entre os
alunos; valorizar a responsabilidade, o gosto pelo trabalho e o esforço;
induzir os alunos a cuidarem uns dos outros; reflectir eticamente as situações…
Estes tópicos, não fazendo parte de nenhuma disciplina, poderiam estar
presentes em todas elas.
Tendo
em vista a promoção desses valores, cada escola poderia estabelecer um código
de conduta que fosse aplicado em todos os espaços escolares. Este código seria,
então, incluído num regulamento interno, no qual interviriam pais, professores
e, de acordo com a faixa etária, os alunos.
Introduz-se,
hoje, a palavra ética em inúmeros
campos, tais como o da política, o do desporto, o das empresas… A sua prática
quotidiana na escola, de que são exemplos alguns dos tópicos anteriormente
referidos, iria contribuir, certamente, para fazer dos nossos alunos pessoas
mais responsáveis e solidárias e melhor capacitadas a ingressarem no mundo do
trabalho.
Mário Freire