Sob
o olhar do cidadão comum, cada vez mais explorado e, por enquanto, resignado e
ordeiro, a ganância insaciável do mundo das finanças não tem permitido o uso
pleno de tudo o que de bom o “Planeta Azul” tem para nos dar.
Estamos
a viver um tempo em que o saber científico e os recursos tecnológicos avançam a
passos de gigante e, dia após dia, nos deslumbram. Apesar das perseguições de
que foram alvo ao longo da História, em especial, no período que antecedeu o
iluminismo, as Ciências da Terra não deixaram de crescer e são hoje pilares da
sociedade moderna, facultando alavancas poderosas para o bem e para o mal, ao
serviço de uma humanidade, a um tempo, sabedora e desencantada, à procura de um
caminho que tarda em encontrar.
Quem
anda por dentro destas ciências sabe que elas são indispensáveis na procura e
na exploração racional dos recursos energéticos e em matérias-primas, no
planeamento do território, na construção de barragens, pontes e outras grandes
obras de engenharia, na defesa do ambiente (cada vez mais ameaçado) e na
prevenção face aos riscos sísmicos, vulcânicos e outros desastres naturais, com
são as cheias, os deslizamentos de terras e as derrocadas.
Na
sua caminhada de cerca de 4570 milhões de anos, na grande maioria, de mãos dadas
com o mundo vivo, a Terra, o nosso berço e a nossa casa, facultou-nos tudo o
que necessitamos para viver: um campo magnético que nos protege das radiações
letais (raios X, raios gama, raios ultravioletas e outras) emitidas pelo Sol, o
ar que respiramos, a água que bebemos e o chão que pisamos e nos dá o pão.
Face
as estas capacidades, a Geologia, a Mineralogia, a Paleontologia e as outras
disciplinas que nos permitem conhecer o mundo em que vivemos acabaram por
conquistar, em muitos países, estatuto de ciências de grandeza compatível com a
sua real e grande importância no desenvolvimento sustentado, o que não é o caso
em Portugal, onde permanecem subalternizadas nos currículos escolares e
continuam arredadas da cultura geral dos portugueses, dos mais humildes e
iletrados às elites intelectuais mais iluminadas.
Galopim
de Carvalho