A
escola, como espaço de trabalho de pessoas com estatutos profissionais diferentes
mas, igualmente, em ligação com outras pessoas com diferentes estatutos
sociais, atrai sobre si múltiplas situações de conflito. Encontramos, assim,
conflitos entre alunos e alunos, entre pais e professores, entre professores e
alunos, entre professores e direcção, entre pais e direcção, entre professores
e professores…
Ora,
ocorre um conflito quando se geram atitudes de hostilidade a partir de duas ou
mais pessoas com objectivos diferentes e inconciliáveis.
Múltiplas
podem ser as causas dos conflitos na comunidade e, igualmente, no ambiente
escolar, que não vale a pena enumerar. Só dizer que eles, se não forem
adequadamente resolvidos, são susceptíveis de gerar situações perturbadoras do
ensino e da aprendizagem. Urge, pois, fazer-lhes face.
Há
muito que os conflitos na comunidade, especialmente os que têm lugar no campo
judicial, podem ser dirimidos recorrendo a mediadores. No âmbito da educação, experiências
de mediação começaram, igualmente, a ser aplicadas um pouco por toda a parte a
partir do início dos anos 80.
Em
Portugal não são ainda abundantes os trabalhos e as experiências que os
suportam que tratam da mediação em ambiente escolar.
A
mediação escolar é uma construção cultural que deve envolver todos os que fazem
parte da comunidade escolar. Mas ela é, também, uma prática pedagógica em que
todos devem ter a possibilidade de dar respostas novas aos conflitos. Ora, uma
das novidades introduzidas pelo processo de mediação é o de transformar a
culpabilidade em responsabilidade. Esta maneira de ver os conflitos vai, necessariamente,
originar uma maior necessidade de diálogo, ao mesmo tempo que incentiva a
formação do trabalho em equipa.
Afinal,
mais do que culpados, precisamos de ser e encontrar responsáveis pelo que
fazemos e pelo que nos fazem!
Mário Freire