Quando
não estamos bem connosco, não estamos bem com os outros. Este tipo de frase não
é novidade, mas talvez o possa ser o que ela verdadeiramente significa. Quando
o comportamento de outra pessoa nos incomoda significa que alguma coisa desse
comportamento nos diz respeito e não o queremos reconhecer e/ou aceitar em nós.
As
outras pessoas são o nosso espelho na medida em que é através da nossa
interação com elas que temos a oportunidade de nos conhecermos a nós próprios.
O que admiramos nos outros é o que admiramos em nós, o que nos irrita nos
outros, é o que nos irrita em nós. Não significa que somos iguais aos outros
mas sim que temos características, talvez até ainda por exprimir, que nos
identificam com aquela pessoa. Este emaranhado de semelhanças explica porque é
que muitas vezes o comportamento de outra pessoa nos atrai tanto no início e
depois nos repulsa, ou vice-versa. Tudo depende da nossa capacidade de aceitar
essas qualidades em nós.
Não
gostarmos da atitude de outra pessoa não implica que essa atitude nos pertence,
podemos simplesmente não concordar com ela. No entanto, do simples não
concordar ao ficar irritado e revoltado vai uma grande distância. Quando isso
acontece, então devemos parar e tentar ganhar autoconsciência sobre o que se
passa dentro de nós que nos faz ter essa reação. Por esse motivo é que os
nossos inimigos (no sentido de quem mais nos inquieta) são os que mais contribuem
para o nosso autoconhecimento. Nesse sentido, se quisermos crescer, não devemos
evitá-los mas sim “aproveitá-los” até termos harmonizado em nós essa parte. E
enquanto não o fizermos, deparar-nos-emos sempre com o mesmo tipo de pessoas e
situações: são oportunidades de aprendizagem para podermos subir mais um degrau
no nosso percurso de vida.
Rossana Appolloni