domingo, 29 de setembro de 2013

QUEREMOS MONOLOGAR OU DIALOGAR?


Há que admitir que muitas vezes ficamos irritados quando as coisas não correm da maneira como nós queríamos. Por vezes temos pouca capacidade de superar a frustração que sentimos perante a ideia de que nem sempre podemos obter o que desejamos. Na base desta frustração está o egocentrismo, presente em todos nós com intensidades diferentes.  
O egocentrismo é uma qualidade da personalidade através da qual o sujeito se coloca a si próprio como centro de uma determinada situação, minimizando por completo a presença e o interesse dos outros. Uma pessoa egocêntrica tem dificuldade em criar empatia com as outras pessoas na medida em que não consegue pôr-se no papel do outro e ver outros pontos de vista.
Todas as crianças passam por uma fase onde reina o egocentrismo, pois acreditam que o mundo gira à volta delas. Se lhes negarmos uma vontade elas não compreendem, por muito que a justificação seja plausível. Exigirão a todo o custo que o seu desejo lhes seja concedido, pois o “eu quero” é mais importante do que o “não se pode”. Ora, quando este tipo de atitude se manifesta num adulto, evidencia-se uma grande imaturidade, precisamente pela semelhança com estes comportamentos infantis.
Aumentar a tolerância à frustração implica ver além do próprio ego (eu). A solução passa por aprender a perder e perceber o que é que podemos ganhar com essa aparente derrota. Ultrapassar uma desilusão não passa por resignar-se, que implica uma atitude passiva, mas sim encontrar outras formas de lidar com a situação. Se não conseguimos o que queremos, que proveito podemos tirar dessa dificuldade? Nenhuma situação é negativa em si, só é negativo o uso que fazemos dela.
Ao vivermos as situações sempre e exclusivamente do nosso ponto de vista, em função dos nossos desejos e vontades, é como monologar no meio de uma multidão… é isso que verdadeiramente queremos?

                                                 Rossana Appolloni