Há
que admitir que muitas vezes ficamos irritados quando as coisas não correm da
maneira como nós queríamos. Por vezes temos pouca capacidade de superar a
frustração que sentimos perante a ideia de que nem sempre podemos obter o que desejamos.
Na base desta frustração está o egocentrismo, presente em todos nós com intensidades
diferentes.
O
egocentrismo é uma qualidade da personalidade através da qual o sujeito se coloca
a si próprio como centro de uma determinada situação, minimizando por completo
a presença e o interesse dos outros. Uma pessoa egocêntrica tem dificuldade em
criar empatia com as outras pessoas na medida em que não consegue pôr-se no
papel do outro e ver outros pontos de vista.
Todas
as crianças passam por uma fase onde reina o egocentrismo, pois acreditam que o
mundo gira à volta delas. Se lhes negarmos uma vontade elas não compreendem,
por muito que a justificação seja plausível. Exigirão a todo o custo que o seu
desejo lhes seja concedido, pois o “eu quero” é mais importante do que o “não
se pode”. Ora, quando este tipo de atitude se manifesta num adulto,
evidencia-se uma grande imaturidade, precisamente pela semelhança com estes
comportamentos infantis.
Aumentar
a tolerância à frustração implica ver além do próprio ego (eu). A solução passa
por aprender a perder e perceber o que é que podemos ganhar com essa aparente
derrota. Ultrapassar uma desilusão não passa por resignar-se, que implica uma atitude
passiva, mas sim encontrar outras formas de lidar com a situação. Se não
conseguimos o que queremos, que proveito podemos tirar dessa dificuldade?
Nenhuma situação é negativa em si, só é negativo o uso que fazemos dela.
Ao
vivermos as situações sempre e exclusivamente do nosso ponto de vista, em
função dos nossos desejos e vontades, é como monologar no meio de uma multidão…
é isso que verdadeiramente queremos?
Rossana Appolloni