sábado, 14 de setembro de 2013

DO APEGO À LIBERDADE


Depender de alguém é uma forma de anular a própria vida na medida em que o amor-próprio é sacrificado e oferecido ao outro de uma forma irracional. Quando a dependência está estabelecida, a entrega não é um ato de amor mas sim uma rendição guiada pelo medo com o objetivo de preservar o que o outro oferece de bom. Desta forma, a pessoa dependente começa a sofrer uma espécie de despersonalização até se tornar num apêndice da pessoa amada.
Quando a dependência é mútua, então instala-se um cenário autodestrutivo em que cada um perde a autonomia e a individualidade. Perante uma relação nociva deste tipo, normalmente é muito difícil as pessoas conseguirem pôr-lhe um termo, pois ultrapassar o sentimento de abandono ou de perda afetiva é muito doloroso.
Todos nós precisamos de afeto e estar sem o outro é sentido como estar sem uma parte de nós, é como se não existíssemos ou, pior ainda, existimos mas com um vazio interior imenso. Ao sentirmos falta do que nos proporciona segurança e prazer, sentimo-nos incompletos.
A solução a este vazio passa por o preenchermos com amor por nós próprios. Não se trata de nos desapaixonarmos pela outra pessoa, mas sim apaixonarmo-nos por nós. Há que ultrapassar os medos que se escondem por detrás do apego e ao mesmo tempo reforçar a autoestima.
 A segurança em nós próprios é o que nos permite relacionarmo-nos de uma forma saudável na medida em que nos torna capazes de gerir os medos do abandono sem termos de destruir a própria identidade em nome do que chamamos amor.
Só quando perdermos o medo de perder a outra pessoa é que revelamos verdadeiramente o nosso ser e nos sentimos plenos. O que define o amor não é o apego, o desejo, a dependência, mas a liberdade de se ser quem se é, no prazer de estar com o outro sem medo de o perder.


                                                  Rossana Appolloni