Num estudo apresentado
há tempos no Le Monde dizia-se que os
jovens passam 24 vezes mais tempo diante de um ecrã do que de um livro. Assim,
eles, entre os 15-24 anos, nos seus tempos livres, estão, em cada dia, diante
de um ecrã, televisor e computador, mais de três horas e meia e menos de 10 minutos com um livro.
O estudo não referia o tempo passado ao telemóvel e em outros suportes
electrónicos.
Estes números vêm ao encontro de um
documento emitido pelo Conselho Nacional de Educação, no ano passado, com o
título genérico de Educação para a
Literacia Mediática em que, através de vários autores, se chama a atenção
para o papel que hoje desempenham os media
electrónicos e as suas repercussões nas nossas vidas e, muito
especialmente, na dos jovens.
Por
isso, a escola não os pode ignorar; pelo contrário, ela terá que fazer deles um
elemento fundamental na
formação dos alunos, quer como instrumentos de apoio à aprendizagem, quer como
fontes proporcionadoras de informação, quer como objectos de estudo em si
próprios e nas suas relações com as pessoas e com a sociedade.
Relativamente a este último aspecto, o aluno
tem que adquirir a consciência de que os media
electrónicos são instrumentos com um potencial de risco grande, assim como de
condicionamento e de manipulação, proporcionando, por outro lado, a sua
intervenção nas grandes causas a favor do ambiente, da solidariedade, da luta
contra a discriminação…
Considerando,
pois, a importância dos media, o
Conselho Nacional de Educação aprovou uma Recomendação
sobre Educação para a Literacia Mediática, contendo um conjunto de
indicações dirigidas ao Governo e à Assembleia da República. Afinal, se à
escola cabe intervir directamente junto do aluno, não é naqueles órgãos de
soberania que se jogam as grandes directrizes para a educação?
Mário Freire