Num boletim do
Conselho Nacional de Educação de Fevereiro de 2012 dizia-se, por intermédio da
sua presidente, que “a aplicação da Estratégia de Lisboa, ao longo destes
últimos anos, tem tornado bem visíveis os efeitos em Portugal de uma
escolarização de massas tardia que resultou num claro deficit de qualificações,
por comparação com os restantes países da União Europeia”. Ora, a Estratégia de
Lisboa, aprovada pelo Conselho Europeu no ano 2000, é um plano que visa o
desenvolvimento de uma sociedade e de uma economia fundadas no conhecimento.
Mudando de modo acelerado a
sociedade, só com a aquisição permanente de novos conhecimentos é possível
tentar acompanhar as modificações que vão tendo lugar. Acontece, porém, que
muitos não conseguem fazer tal acompanhamento e, por isso, vão ficando
excluídos ou, pelo menos, na margem da sociedade.
A pobreza pode levar à exclusão da
sociedade. E o desemprego muito contribui para isso. A aquisição de novas competências
profissionais, tendo em consideração as tecnologias que hoje dominam, terá que
ser o cerne do combate à exclusão económico-social. E, neste campo, um vasto
leque de obrigações cabe ao Estado, através das escolas e dos centros de
formação profissional. Mas também às empresas que, em colaboração com aquelas
instituições, não podem furtar-se a proporcionarem as aprendizagens adequadas. Trata-se
de um dever social!
Mas a exclusão cultural é também um
outro tipo de marginalização que contribui para retirar do mundo do
conhecimento um vasto leque de pessoas que não chegam a aperceber-se de um
outro universo que está a seu lado e o qual elas estão incapacitadas de
explorarem e usufruírem.
Enfim, razões mais que suficientes
para eleger o saber como um desígnio que não acabe na escola mas que seja,
apenas, o prelúdio de uma aventura que só termine na morte.
Mário Freire