De
uma maneira geral, os professores ensinam aquilo que eles próprios aprenderam.
Contudo, há que estar aberto às mudanças que o mundo sofreu nestes últimos anos
e adaptar esse mesmo ensino a essas mudanças. O desafio que hoje se coloca não
é tanto o de permitir aos alunos que eles reproduzam aquilo que aprenderam mas,
antes, o de lhes proporcionar capacidades criativas de modo que eles aprendam a
extrapolar e a utilizar os conhecimentos para fazer face a situações novas ao
longo das suas vidas.
Ora
a realidade aparece-nos como um todo, embora ela possa ser encarada segundo
múltiplas perspectivas; daí surgirem as diversas disciplinas. Os professores
deveriam, então, reflectir sobre a maneira de ligar os conhecimentos entre si e
ajudar os alunos a compreender que os ramos do saber não são mais do que
linguagens diversas para melhor se entender o mundo. Para isso, há que fazer
cair o muro entre as matérias mas, também, entre as turmas e, até, entre as
escolas.
O professor do
futuro não dará as suas aulas isolado na sua sala, centrado na sua matéria
específica. Ele terá que relacionar-se com os outros saberes, aprender com os
outros colegas, tirar partido do que se faz nas escolas vizinhas.
Um ensino
interdisciplinar, compartilhado por várias disciplinas, proporciona uma
aprendizagem mais organizada e estruturada.
Por outro lado, não
é um ministério que decide sobre a maneira como as crianças e os jovens devem
aprender; pelo contrário, aquele deveria apoiar-se nos professores e
perguntar-lhes quais as aprendizagens a proporcionar aos seus alunos para fazer
face às mudanças rápidas que o mundo está a sofrer.
Mário
Freire