O sector da educação é um dos que maiores
recursos consome, de entre os que ao Estado compete administrar. No entanto,
não têm faltado nas últimas décadas críticas quanto ao modo e ao conteúdo dessa
mesma administração. Parece que esse sector ainda não conseguiu afirmar-se,
verdadeiramente, como o principal motor do desenvolvimento do nosso país.
É
preciso que todos, independentemente das condições socioeconómicas, tenham iguais
oportunidades para singrar e poderem vir a exercer as funções mais complexas e
elevadas para que estão capacitados.
Uma
das linhas de força que tem vigorado no nosso sistema de ensino é o de que a
igualdade implica uniformidade: o mesmo número de alunos para todas as turmas,
os mesmos métodos, os mesmos programas para todas as escolas.
Ao
nível da escolaridade obrigatória, as exigências devem ser as mesmas para todos.
Mas isso não quer significar que todos tenham que percorrer os mesmos caminhos.
A diversidade das situações pessoais, familiares e sociais dos alunos deveria acarretar
percursos diferentes. “Toda a arte da pedagogia”, como disse Claude Allegre,
antigo ministro da educação de França, “é precisamente conduzir a um mesmo
nível os alunos, seguindo caminhos diferentes”. Por isso, a verdadeira
igualdade, aquela que proporciona idênticas oportunidades, é a diversidade.
Este
postulado pode ter consequências que vão ao arrepio do que está estabelecido.
Assim, existem disciplinas nobres (matemática, língua materna, inglês) e
disciplinas secundárias (ciências naturais, história, música, educação física…)?
Mas não terá o ensino a finalidade de proporcionar aos alunos um conjunto de
conhecimentos e capacidades que lhes dê a possibilidade de expandirem as suas
personalidades e de revelarem os seus próprios talentos?
Tentar
atingir a igualdade através da diversidade é, pois, um desafio com que os
decisores políticos mas também os dirigentes escolares, os professores e a
comunidade em geral deveriam aceitar para valorizar as crianças e os jovens e,
assim, contribuir para um maior desenvolvimento do país.
Mário Freire