sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A IGUALDADE E A DIVERSIDADE


            O sector da educação é um dos que maiores recursos consome, de entre os que ao Estado compete administrar. No entanto, não têm faltado nas últimas décadas críticas quanto ao modo e ao conteúdo dessa mesma administração. Parece que esse sector ainda não conseguiu afirmar-se, verdadeiramente, como o principal motor do desenvolvimento do nosso país.
            É preciso que todos, independentemente das condições socioeconómicas, tenham iguais oportunidades para singrar e poderem vir a exercer as funções mais complexas e elevadas para que estão capacitados.
            Uma das linhas de força que tem vigorado no nosso sistema de ensino é o de que a igualdade implica uniformidade: o mesmo número de alunos para todas as turmas, os mesmos métodos, os mesmos programas para todas as escolas. 
            Ao nível da escolaridade obrigatória, as exigências devem ser as mesmas para todos. Mas isso não quer significar que todos tenham que percorrer os mesmos caminhos. A diversidade das situações pessoais, familiares e sociais dos alunos deveria acarretar percursos diferentes. “Toda a arte da pedagogia”, como disse Claude Allegre, antigo ministro da educação de França, “é precisamente conduzir a um mesmo nível os alunos, seguindo caminhos diferentes”. Por isso, a verdadeira igualdade, aquela que proporciona idênticas oportunidades, é a diversidade.
            Este postulado pode ter consequências que vão ao arrepio do que está estabelecido. Assim, existem disciplinas nobres (matemática, língua materna, inglês) e disciplinas secundárias (ciências naturais, história, música, educação física…)? Mas não terá o ensino a finalidade de proporcionar aos alunos um conjunto de conhecimentos e capacidades que lhes dê a possibilidade de expandirem as suas personalidades e de revelarem os seus próprios talentos?
            Tentar atingir a igualdade através da diversidade é, pois, um desafio com que os decisores políticos mas também os dirigentes escolares, os professores e a comunidade em geral deveriam aceitar para valorizar as crianças e os jovens e, assim, contribuir para um maior desenvolvimento do país. 

                                                   Mário Freire