Facto que há muito vinha sendo considerado na educação era o de que as condições económicas dos alunos constituíam factores de relevo no seu aproveitamento escolar. Ora, este ranking de 2012 veio comprovar essa realidade: exceptuando algumas casos, as classificações das escolas são tendencialmente mais baixas quanto maior é a percentagem de alunos carenciados. Para exemplificar tal facto poderia citar-se a escola de Resende, no distrito de Viseu, que foi a segunda mais baixa do país (7,3 valores) e em que a percentagem de alunos que beneficia de acção social é das mais altas de toda a rede escolar (82%).
Poderiam elencar-se algumas circunstâncias que, decorrendo do baixo nível socioeconómico do aluno, não favorecem o seu desenvolvimento cultural. Assim, as baixas expectativas dos pais em relação ao seu próprio futuro não estimula o aparecimento de expectativas elevadas relativamente ao futuro dos filhos. Ora, sabe-se bem quanto aquelas são motores para um empenhamento escolar.
A falta de interesse por parte dos pais em relação ao estudo pode conduzir ao absentismo escolar, à falta de controlo sobre o estudo e, até, ao abandono escolar. Muitos destes alunos constituem problemas disciplinares, uma vez que os seus interesses se situam fora da escola nem vêem nesta um meio de melhorar o seu estatuto social e económico.
Um outro caso, citado no mesmo jornal, que evidencia a relação que tem vindo a ser descrita é a do ex-Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Considerado um dos liceus de elite, o Passos Manuel é hoje uma das dez escolas com pior média em todo o país. Aqui, a situação assume contornos mais dramáticos, uma vez que muitos alunos são oriundos de famílias desestruturadas, em casas em que habitam várias famílias e onde a violência doméstica é moeda corrente. Ora, metade dos alunos desta escola é beneficiária da Acção Social Escolar.
É natural que uma população escolar em que predominam alunos oriundos de famílias problemáticas, estes mesmos alunos sejam portadores de problemas. E estes manifestam-se na sala de aula. Se não houver um ensino devidamente adaptado para estes casos, com turmas pequenas, de natureza profissionalizante, como é possível um professor manter o seu equilíbrio físico e emocional para ensinar?
Eis um campo vasto da educação onde políticas economicistas se podem revelar de resultados devastadores para os alunos e professores directamente atingidos e para a sociedade em geral.
Mário Freire