segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ESTOICISMO - 1


                     O QUE CONTROLAMOS NA NOSSA VIDA?

Segundo o estoicismo (corrente filosófica da Grécia Antiga do Séc. IV a.C.), deve ser feita uma distinção entre as coisas que dependem de nós e as que não dependem nem da nossa vontade nem da nossa ação. Se refletirmos acerca da existência humana no quadro desta perspetiva, depressa concluímos que a esmagadora maioria das coisas que acontecem no mundo e que acontecem na nossa vida não depende de nós.
A atitude existencial dos estóicos assume uma tomada de consciência trágica do ser humano, condicionado por um destino que dificilmente poderá alterar. Não depende de nós os estados da natureza, como por exemplo um cataclismo ou uma catástrofe; não depende de nós nascermos ricos ou pobres, sermos fracos, fortes ou saudáveis. Ao longo da vida não estamos resguardados de acidentes imprevisíveis nem de revezes que nos podem conduzir ao sofrimento, à doença ou à miséria. Pior do que tudo, não estamos isentos da morte nem sabemos quando e em que circunstâncias vamos morrer.
Tudo isto cria, naturalmente, grande ansiedade e infelicidade no ser humano na medida em que se sente impotente para enfrentar as forças do mundo que não controla.
Mas há uma coisa que depende de nós e que nada pode anular: a nossa força de vontade, a nossa determinação em praticar o bem, a coerência do pensamento e da ação. Se por um lado temos o que não controlamos, que é provocado por causas exteriores e que pertence à esfera do destino, por outro lado temos o que depende só de nós, da nossa decisão.
Mas se o que depende de nós é simplesmente a atitude, devemos então conformarmo-nos com tudo o que nos acontece? Não existe espaço de liberdade para o homem?
Para os estóicos, os passos a dar no caminho da serenidade e da felicidade relacionam-se com aceitar o que sabemos que  não podemos alterar, vivendo em harmonia com as leis da natureza e rejeitando o que nos causa preocupações inúteis. Deixar-se ir no rio da vida, sabendo que a forma de viver essa experiência é uma escolha nossa. 

                                     Rossana Appolloni