A
raiva não é um sentimento (condição afetiva que dura mais tempo) nem um estado
de ânimo (espécie de pano de fundo presente ao longo do dia, por exemplo). A
raiva é uma emoção que emerge na sequência de uma situação externa; é uma
reação que advém de uma avaliação que fazemos sobre um determinado evento que acontece à nossa volta.
Em qualquer situação
que seja previsto um confronto, quer se trate de uma reunião no emprego, quer
de uma entrevista de trabalho, o nosso sistema emocional tenta sempre
equilibrar a nossa atitude relativamente ao fluxo de informação que nos vai
chegando e regula o nosso corpo, preparando-nos para a necessidade de uma
possível ação. Simultaneamente, comunicamos as nossas intenções através das
emoções, muitas vezes com maior intensidade e eficácia do que fazem as
palavras.
Esta relação entre o que recebemos do externo
e o que ativamos no interno é perfeitamente normal e inevitável. O problema é
que por vezes o impacto da informação que recebemos do exterior é de tal
maneira forte que perdemos o controlo das nossas emoções, logo, das nossas
ações.
Curiosamente,
irritamo-nos mais com as pessoas de quem mais gostamos: marido, mulher,
namorado/a, filhos e pais são quem mais nos faz perder a cabeça. Esta situação
justifica-se, em parte, porque não há amor e ligação afetiva que não arraste
consigo uma parte de agressividade.
Tudo
neste mundo traz consigo o seu oposto. No entanto, a raiva não é apenas uma
expressão emotiva negativa. Ela representa também uma resposta à ameaça, à
frustração e ajuda-nos a lutar pela nossa segurança, dando-nos a energia
emotiva e física para resolver um problema. Assim, ser agressivo não é errado
de todo, pois a raiva pode ser uma força positiva e construtiva, uma emoção que
permite fazer valer as próprias razões e negociar as próprias necessidades. A
questão à volta da agressividade é que ela deve ser utilizada com consciência e
para a nossa proteção, não para agredir o próximo.
Rossana Appolloni