sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O LADO POSITIVO DA AGRESSIVIDADE




A raiva não é um sentimento (condição afetiva que dura mais tempo) nem um estado de ânimo (espécie de pano de fundo presente ao longo do dia, por exemplo). A raiva é uma emoção que emerge na sequência de uma situação externa; é uma reação que advém de uma avaliação que fazemos sobre um determinado evento que acontece à nossa volta.

Em qualquer situação que seja previsto um confronto, quer se trate de uma reunião no emprego, quer de uma entrevista de trabalho, o nosso sistema emocional tenta sempre equilibrar a nossa atitude relativamente ao fluxo de informação que nos vai chegando e regula o nosso corpo, preparando-nos para a necessidade de uma possível ação. Simultaneamente, comunicamos as nossas intenções através das emoções, muitas vezes com maior intensidade e eficácia do que fazem as palavras.

 Esta relação entre o que recebemos do externo e o que ativamos no interno é perfeitamente normal e inevitável. O problema é que por vezes o impacto da informação que recebemos do exterior é de tal maneira forte que perdemos o controlo das nossas emoções, logo, das nossas ações.

Curiosamente, irritamo-nos mais com as pessoas de quem mais gostamos: marido, mulher, namorado/a, filhos e pais são quem mais nos faz perder a cabeça. Esta situação justifica-se, em parte, porque não há amor e ligação afetiva que não arraste consigo uma parte de agressividade.

Tudo neste mundo traz consigo o seu oposto. No entanto, a raiva não é apenas uma expressão emotiva negativa. Ela representa também uma resposta à ameaça, à frustração e ajuda-nos a lutar pela nossa segurança, dando-nos a energia emotiva e física para resolver um problema. Assim, ser agressivo não é errado de todo, pois a raiva pode ser uma força positiva e construtiva, uma emoção que permite fazer valer as próprias razões e negociar as próprias necessidades. A questão à volta da agressividade é que ela deve ser utilizada com consciência e para a nossa proteção, não para agredir o próximo.

Rossana Appolloni

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS À ESCALA INTERNACIONAL




Preparar os jovens para entrar no mercado de trabalho é muito mais que lhe dar uma formação inicial; todos os trabalhadores deverão melhorar as suas competências de modo a poder progredir na carreira e adaptar-se às exigências do mundo laboral.

Cada vez mais os empregadores desenvolvem as suas actividades à escala internacional; daí que muitos países implementem a sua política de competências de modo a oferecer mão-de-obra qualificada às suas empresas, incluindo as que foram deslocalizadas, contribuindo ainda para a redução da emigração, em especial a que envolve mão-de-obra qualificada.

Uma forma de encorajar o desenvolvimento de competências à escala internacional consiste em conceber políticas que favoreçam a internacionalização do ensino superior.

A mobilidade internacional dos estudantes aumentou consideravelmente nos últimos anos. Para os empregadores do país de acolhimento, os estudantes em mobilidade internacional apresentam uma vantagem: as suas qualificações são fáceis de avaliar. Muitos deles trabalham a tempo parcial enquanto estudam, o que lhes permite criar laços com a sociedade e com o mercado de trabalho do país de acolhimento e, posteriormente, encontrar um emprego.

Os fluxos migratórios podem, igualmente, ter efeitos positivos sobre o capital humano dos países de origem: os emigrantes que regressam trazem com eles conhecimentos e experiência úteis para o seu país. Para aproveitar estas vantagens, muitos países esforçam-se por facilitar e até encorajar o regresso dos seus cidadãos (não é o caso que sucede presentemente em Portugal). Esse encorajamento pode consistir em medidas de carácter fiscal que possam abranger quadros qualificados e outros que queiram regressar ao seu país.

                                                                     FNeves

 

 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CRITÉRIO


Vendo o erro, se eu me alerto
evitando nele cair,
mais sensato é, por certo,
do que a outrem corrigir.

Chaga expor sem a curar,
para além do criticismo,
outro mal vem ajuntar:
Faz cair no pessimismo.

Face ao erro e quanto é mal,
quão correcto é, afinal,
evitar qualquer desdém.

E o que é mais: Tomar a sério
que, de facto, o bom critério
é ver tudo à luz do bem.

João d’Alcor

sábado, 24 de novembro de 2012

O PERIGO DAS REDES SOCIAIS NA INTERNET PARA OS JOVENS


              Facebook, Twitter, MySpace, são termos comuns no vocabulário adolescente e juvenil. Pensa-se que dois terços dos jovens portugueses entre os 14 e os 18 anos usem diariamente estas redes sociais. Mas as crianças de 10 e 11 anos não estão imunes à exposição nelas.
Ora, muito do tempo passado nestas redes é gasto na divulgação de dados pessoais e fotografias, indicação das actividades desenvolvidas ou que pretendem desenvolver, chegando, muitos deles, a revelar informações como o local de residência, a escola que frequentam e a expor, até, a privacidade de familiares e de amigos. 
A utilização destas redes sociais pelos jovens e adolescentes pode originar dois tipos de problemas e um alerta:
Primeiro problema - O tempo gasto nelas pode ser um forte concorrente do tempo destinado ao estudo. Uma pesquisa realizada pela empresa Internet Time Machine, especializada em tendências na Web, apontou o facebook como estando no topo dos vícios digitais, ficando à frente de vícios como sexo ou cigarro.
Segundo problema - A divulgação, sem plena consciência do que isso possa representar, de dados da vida pessoal e familiar tornam as pessoas expostas a vulnerabilidades múltiplas das quais incorrem na possibilidade de não poderem sair ilesas, muito especialmente quando se intrometem terceiros que são estranhos.
Um alerta – Os pais, antes de colocarem um computador no quarto dos seus filhos, deveriam estar conscientes de que eles irão ficar em contacto com o mundo, com o melhor e com o pior que esse mesmo mundo pode revelar. Há, por isso, que educá-los para a responsabilidade, para a verdade e para a discrição e mostrar-lhes quanto de prejudicial podem representar determinadas mensagens, emitidas ou recebidas. É preciso ganhar-lhes a confiança mas estar sempre vigilantes e atentos a comportamentos que saiam da normalidade.

                                                                Mário Freire

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

VIVER CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO


Os Estóicos partem do princípio que por um lado está nas nossas mãos a forma como pensamos e como agimos no mundo, mas por outro lado não controlamos o que é provocado por causas exteriores e que pertence à esfera do destino. No entanto, isto não significa que sejamos destituídos de liberdade.
Se temos de aceitar aquilo que é alheio à nossa vontade, podemos, no entanto, procurar um sentido para a nossa existência. Quer o homem queira quer não, a maior parte das coisas acontece sem a sua intervenção.
Não podemos alterar a materialidade e a ordem do mundo mas podemos definir o nosso juízo de valor sobre os acontecimentos e atuar nos limites do nosso pensamento fundado na racionalidade e no controlo das emoções.
Perante uma contrariedade inevitável, de nada serve revoltarmo-nos e perder o controlo de nós próprios, que só contribui para agravar a situação. No meio de uma tempestade sabemos que corremos perigo mas, se em vez de entrar em pânico, conseguirmos dominar o medo, temos mais hipóteses de sobreviver.
Para os estóicos, a liberdade humana não consiste em lutar contra os acontecimentos mas sim em avaliar o que eles significam para nós em cada momento. Podemos ficar indiferentes àquilo que não depende de nós mas devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para fazer bem aquilo que depende de nós.
O código de conduta dos estóicos assenta numa teoria dos deveres que visa reconciliar o indivíduo com as contrariedades e o sofrimento inerentes à arbitrariedade da vida. O âmbito da moral reside exclusivamente naquilo que depende de nós. É da nossa apreciação moral e do sentido que damos aos acontecimentos anteriores que depende a nossa integridade existencial. O que conta não é tanto a eficácia do resultado das nossas ações quanto a intenção moral de fazer o bem que esteve na origem da nossa decisão.
O controlo da mente e a tranquilidade de espírito devem prevalecer sobre a instabilidade e a imprevisibilidade da vida. Assim, há que ponderar na célebre recomendação de Marco Aurélio: viver cada dia da nossa vida como se fosse o último.

Rossana Appolloni

terça-feira, 20 de novembro de 2012

MELHORES COMPETÊNCIA, MELHORES EMPREGOS...UMA VIDA MELHOR



As competências elementares são definidas como sendo a aptidão para resolver problemas em ambientes de forte componente tecnológica (a capacidade para utilizar as novas tecnologias, na resolução de tarefas complexas), a compreensão da escrita (a capacidade de compreender e utilizar informações contidas num texto escrito) e o cálculo  a capacidade de utilizar, aplicar, interpretar e comunicar informações e conceitos matemáticos).
As competências tornaram-se a moeda de troca do século XXI. Um investimento insuficiente conduz à marginalização das pessoas; os avanços tecnológicos não se traduzem em crescimento económico e os países perdem a sua competitividade. De notar, no entanto, que as competências não se transformam automaticamente em emprego e em crescimento.
A crise económica mundial, acompanhada de altas taxas de desemprego, em particular entre os jovens, torna ainda mais importante a necessidade de melhoria das competências e o combate às enormes desigualdades salariais entre os trabalhadores.
É, pois, fundamental investir na melhoria das competências ao longo da vida profissional, não esquecendo o pré-escolar e a escolaridade obrigatória. De facto, é significativa a percentagem de jovens que não atingem as competências básicas ao fim da escolaridade obrigatória e um número considerável de adultos não possui as capacidades mínimas necessárias para ter sucesso na sociedade actual.
Mesmo durante a crise de 2010, com taxas de desemprego elevadas, houve países em que foram referidas dificuldades em encontrar trabalhadores com competências adequadas. Poderá concluir-se que ou os trabalhadores não possuem as competências necessárias ou não as utilizam de forma apropriada para promover o desenvolvimento económico.

                                     FNeves


domingo, 18 de novembro de 2012

O RESPEITO PELA DIFERENÇA


Muitas crianças se deparam com a ambivalência de, por um lado, manterem a sua própria cultura familiar ou, por outro, aceitarem a escola com valores, comportamentos e atitudes que lhes são desconhecidos.
O aluno ao confrontar-se com as múltiplas identidades que coexistem na sua vida, tem que aprender equilíbrios nem sempre fáceis, entre valores defendidos no bairro em que vive e valores defendidos na comunidade educativa. Tem que quebrar desconfianças e hostilidades, tem que aprender a apreciar outro tipo de culturas.    
Muitas vezes referenciados como diferentes, ao longo do seu percurso escolar, acabam por se sentir inseguros e perante uma baixa autoestima e medo de errar.
Para objetivar a inclusão, a dinâmica educativa da escola, para além de ter responsabilidade na transmissão dos saberes, deverá criar estratégias que possibilitem enquadrar o perfil do aluno através de uma análise da comunidade em que se insere e do entendimento da sua expressão cultural, o que permitirá desenvolver as suas competências específicas em consonância com a aquisição de conhecimentos.
Numa perspetiva inclusiva é essencial abandonar um processo de racionalização baseado no princípio de ensinar a todos de igual modo.  Na regulação e gestão escolares há que dar valor à diversidade de atribuições e de interesses.
Salienta-se a importância de um sentimento de confiança no professor, da satisfação das necessidades sociais junto da comunidade e do respeito pela expressão individual e coletiva dos jovens e das famílias. Deste modo, torna-se pertinente a emergência de um novo paradigma baseado em valores, conceções e referências e numa reflexão crítica/ colaborativa em busca de uma sociedade mais justa.

                                                             Paula Molarinho

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

CRISOL



  
Provas temos todos nós
cujo peso faz tremer.
Mais ainda quando, a sós,
nos quedamos a sofrer.

Cruz levada sem ajuda
tem os pregos de um castigo.
Sem recurso a quem me acuda,
transportá-la não consigo.

Onde paira a solução,
lenitivo face à dor?
Insto ao Céu, com devoção.

‘No crisol do coração:
-  É-me dito - Sente o Amor,
pondo a mão na minha Mão.’

João d’Alcor

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

RANKING DAS ESCOLAS - A ESCOLARIDADE DOS PAIS



            Dos dados fornecidos pelo Ministério da Educação, relativamente ao ranking das escolas de 2012, verifica-se, de um modo geral, que quanto mais elevadas forem as habilitações dos pais, melhores são os resultados escolares alcançados pelos filhos. Esta relação há muito que era estudada, em contexto académico. Agora, ela é confirmada pelos resultados obtidos junto da maioria dos alunos sujeitos a exames e divulgada perante um público muito mais alargado.
            Significa esta relação que pais com maior nível de escolaridade conseguem envolver-se mais com os estudos e com a escola dos seus filhos do que aqueles cujo nível de escolaridade é menor. Assim, a título exemplificativo, a Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, pelo terceiro ano consecutivo, obteve a melhor média nos exames, de entre as escolas públicas. Ora, os pais dos alunos que a frequentam são os que têm uma escolaridade mais elevada a nível nacional.
            Em situação oposta se encontram os pais cujo nível de escolaridade é baixo. Estes apresentam maiores dificuldades em se envolverem com a escola e com o estudo dos seus filhos. Eles, manifestando menos confiança nas suas capacidades, questionam menos os filhos, preocupando-se mais com as questões de sobrevivência económica. A escola é para eles um espaço em que não se sentem confortáveis.
            É mais difícil, por isso, para estes pais, a comunicação entre a escola e a família. A escola terá, então, que estimular estes pais a virem até ela, não pelos problemas de comportamento ou deficiente aproveitamento dos filhos, mas porque está interessada em lhes propor algo que os possa ajudar na magna e cada vez mais difícil tarefa de educar.

                                                                        Mário Freire



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ESTOICISMO - 1


                     O QUE CONTROLAMOS NA NOSSA VIDA?

Segundo o estoicismo (corrente filosófica da Grécia Antiga do Séc. IV a.C.), deve ser feita uma distinção entre as coisas que dependem de nós e as que não dependem nem da nossa vontade nem da nossa ação. Se refletirmos acerca da existência humana no quadro desta perspetiva, depressa concluímos que a esmagadora maioria das coisas que acontecem no mundo e que acontecem na nossa vida não depende de nós.
A atitude existencial dos estóicos assume uma tomada de consciência trágica do ser humano, condicionado por um destino que dificilmente poderá alterar. Não depende de nós os estados da natureza, como por exemplo um cataclismo ou uma catástrofe; não depende de nós nascermos ricos ou pobres, sermos fracos, fortes ou saudáveis. Ao longo da vida não estamos resguardados de acidentes imprevisíveis nem de revezes que nos podem conduzir ao sofrimento, à doença ou à miséria. Pior do que tudo, não estamos isentos da morte nem sabemos quando e em que circunstâncias vamos morrer.
Tudo isto cria, naturalmente, grande ansiedade e infelicidade no ser humano na medida em que se sente impotente para enfrentar as forças do mundo que não controla.
Mas há uma coisa que depende de nós e que nada pode anular: a nossa força de vontade, a nossa determinação em praticar o bem, a coerência do pensamento e da ação. Se por um lado temos o que não controlamos, que é provocado por causas exteriores e que pertence à esfera do destino, por outro lado temos o que depende só de nós, da nossa decisão.
Mas se o que depende de nós é simplesmente a atitude, devemos então conformarmo-nos com tudo o que nos acontece? Não existe espaço de liberdade para o homem?
Para os estóicos, os passos a dar no caminho da serenidade e da felicidade relacionam-se com aceitar o que sabemos que  não podemos alterar, vivendo em harmonia com as leis da natureza e rejeitando o que nos causa preocupações inúteis. Deixar-se ir no rio da vida, sabendo que a forma de viver essa experiência é uma escolha nossa. 

                                     Rossana Appolloni



















sábado, 10 de novembro de 2012

A LITERACIA EM TODAS AS IDADES


                            A LITERACIA EM TODAS AS IDADES

Cada grupo etário, a saber, crianças, adolescentes e adultos devem seguir caminhos distintos na aquisição da literacia.
As crianças devem ser estimuladas e acompanhadas pela família: um aumento da literacia dos adultos deve reflectir-se num aumento do prazer da leitura, no desenvolvimento da linguagem e na inclusão social das crianças. Não deve ser ignorado pelos responsáveis educativos a necessidade de uma despistagem, logo que possível, de problemas de audição e visão, entre outros, que poderão contribuir decisivamente para futuros problemas no que à literacia diz respeito.
Também na escola se poderá implementar a literacia infantil desde que existam professores interessados em novos métodos de aprendizagem da leitura e da escrita. O trabalho docente deverá contar com a colaboração da família, sobretudo em situações tais como a dislexia, que exijam intervenção especializada; os curricula devem motivar a leitura e a escrita, promovendo nos alunos a autoconfiança e o desejo de sucesso; os recursos disponíveis devem incluir materiais em suportes diversos, que motivem os alunos a trabalhar com prazer.
No que aos adolescentes e adultos se refere, as preocupações são idênticas, embora com aspectos específicos a ter em conta.
Na escola, os professores devem apresentar a leitura e a escrita como capacidades fundamentais a desenvolver, sem as quais dificilmente será possível entrar no mercado de trabalho. Os curricula deverão incentivar a utilização de materiais de leitura de natureza diversa que poderão incluir desde livros em suporte papel até livros electrónicos e SMS. Os professores jovens não terão dificuldade naquilo que diz respeito à leitura digital; aos menos jovens deverá ser dada a formação adequada.
 A cooperação entre escolas e com o meio empresarial poderá também ser útil, promovendo uma eficiente utilização de materiais e uma mais rápida inclusão no mercado do trabalho.
Tendo em vista a detecção atempada de eventuais problemas de deficiente prática de literacia e numeracia nos adultos, as autoridades devem providenciar sistemas que promovam a sua monitorização. Só assim será possível desenvolver políticas e criar estratégias para os grupos identificados.
Também os media devem contribuir para que o problema da deficiente literacia seja associado a todos e não apenas aos migrantes e aos mais desfavorecidos. O trabalho de voluntariado poderá ser de extrema utilidade desde que convenientemente organizado.

                               FNeves






quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O PAPEL DA FAMÍLIA NO PROCESSO EDUCATIVO



É da responsabilidade da família a tarefa da construção identitária dos seus membros. A família percebida como um mundo afetivo transmite as primeiras experiências necessárias à socialização do indivíduo na vida em sociedade.
O envolvimento dos pais e a dinâmica das famílias torna-se crucial na educação dos jovens. As suas práticas e formas de funcionamento definem consequentemente a diversidade das trajetórias escolares. Analisando-se o clima familiar podemos referir que a família não funciona como um todo homogéneo e harmonioso mas como um espaço de estratégias coletivas. Torna-se importante perscrutar amiudadamente as dinâmicas familiares.
Por outro lado, a escola torna-se cada vez mais central com o desenvolvimento de estratégias sociais no âmbito do quotidiano do jovem.
Em pesquisas realizadas com pais de alunos com sucesso ou insucesso escolar, analisaram-se as diferentes perceções dos pais sobre a escola na perspetiva do desempenho dos filhos e do quotidiano escolar envolvente. Verificou-se que em sua maioria os pais de alunos com sucesso escolar atribuíram a responsabilidade a todos os agentes educativos enquanto os pais de alunos com insucesso escolar atribuíram a responsabilidade apenas à escola e aos professores.
As maiores barreiras ao desenvolvimento da colaboração entre a família e a escola são geralmente resultados de perceções distorcidas e de falta de entendimento mútuo. Estas questões conduzem à reflexão da necessidade de se criarem estratégias de aproximação dos pais ao contexto educativo numa partilha gratificante.
Com base nos diferentes indícios sobre a vida escolar, se os pais percecionam um ambiente de aprendizagem favorável aos filhos, manifestam-se mais confiantes e reconhecem o papel construtivo dos professores na educação dos seus filhos.


                                            Paula Molarinho



terça-feira, 6 de novembro de 2012

CRISTALIZAÇÃO


Designado mineral,
fui, na classificação,
relegado p’ra final.
Reino eu ser não é questão:

Da chamada natureza ,
parte eu sou  e bem vital.
Desde o peso à leveza,
eu me expresso e, como tal,

é na cristalização,
seja em neve ou ametista,
que mais sou apreciado.

Fogo e frio, em mim, são
o segredo do artista,
segredo este a mim confiado.


João d’Alcor

domingo, 4 de novembro de 2012

RANKING DAS ESCOLAS - AS CONDIÇÕES SOCIOECONÓMICAS DOS ALUNOS


               Facto que há muito vinha sendo considerado na educação era o de que as condições económicas dos alunos constituíam factores de relevo no seu aproveitamento escolar. Ora, este ranking de 2012 veio comprovar essa realidade: exceptuando algumas casos, as classificações das escolas são tendencialmente mais baixas quanto maior é a percentagem de alunos carenciados. Para exemplificar tal facto poderia citar-se a escola de Resende, no distrito de Viseu, que foi a segunda mais baixa do país (7,3 valores) e em que a percentagem de alunos que beneficia de acção social é das mais altas de toda a rede escolar (82%).
            Poderiam elencar-se algumas circunstâncias que, decorrendo do baixo nível socioeconómico do aluno, não favorecem o seu desenvolvimento cultural. Assim, as baixas expectativas dos pais em relação ao seu próprio futuro não estimula o aparecimento de expectativas elevadas relativamente ao futuro dos filhos. Ora, sabe-se bem quanto aquelas são motores para um empenhamento escolar.
            A falta de interesse por parte dos pais em relação ao estudo pode conduzir ao absentismo escolar, à falta de controlo sobre o estudo e, até, ao abandono escolar. Muitos destes alunos constituem problemas disciplinares, uma vez que os seus interesses se situam fora da escola nem vêem nesta um meio de melhorar o seu estatuto social e económico.
            Um outro caso, citado no mesmo jornal, que evidencia a relação que tem vindo a ser descrita é a do ex-Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Considerado um dos liceus de elite, o Passos Manuel é hoje uma das dez escolas com pior média em todo o país. Aqui, a situação assume contornos mais dramáticos, uma vez que muitos alunos são oriundos de famílias desestruturadas, em casas em que habitam várias famílias e onde a violência doméstica é moeda corrente. Ora, metade dos alunos desta escola é beneficiária da Acção Social Escolar.
            É natural que uma população escolar em que predominam alunos oriundos de famílias problemáticas, estes mesmos alunos sejam portadores de problemas. E estes manifestam-se na sala de aula. Se não houver um ensino devidamente adaptado para estes casos, com turmas pequenas, de natureza profissionalizante, como é possível um professor manter o seu equilíbrio físico e emocional para ensinar?
            Eis um campo vasto da educação onde políticas economicistas se podem revelar de resultados devastadores para os alunos e professores directamente atingidos e para a sociedade em geral.

                                                                      Mário Freire

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A SABEDORIA DO EPICURISMO - 3


Sob o tema da felicidade, vimos no primeiro texto sobre Epicuro, filósofo da Grécia Antiga, que devemos encontrar um equilíbrio entre o que temos e o que nos é possível alcançar; no segundo texto daquele filósofo foi referida a importância dos amigos; neste terceiro texto sobre os ensinamentos de Epicuro falaremos da aprendizagem como um dos grandes prazeres da vida.
Aprender contribui para a nossa felicidade não só porque a aprendizagem é uma tarefa colectiva de permanente debate de ideias com os outros, mas porque a descoberta, o conhecimento e a compreensão dos fenómenos do mundo nos permitem tomar consciência do que há de maravilhoso e único na existência humana.
No entanto, a maior ameaça que paira sobre a felicidade do ser humano – mesmo daqueles que são ricos ou poderosos – é o medo da morte e o medo do sofrimento para além da morte. Sobre esta questão, Epicuro defende uma posição materialista de grande sensatez. Se é certo que devemos evitar qualquer tipo de dor, a morte em si mesma é algo que não sentimos porque deixamos de sentir no preciso momento em que ela acontece. Dito de outro modo, enquanto cá estamos a morte não existe, quando a morte existe já cá não estamos.
Da mesma maneira, não nos devemos inquietar com o que acontece depois da nossa morte, uma vez que os humanos e os deuses coabitam em mundos distintos. Depois de morrer não temos que recear a ameaça dos deuses ou do que quer que seja, pois pura e simplesmente não existindo já nada existe. Assim como nada existia para nós antes de nascermos, nada existe depois de morrermos. Por isso, a conclusão que se impõe é aproveitar a vida o melhor que pudermos, tirando partido de todos os pequenos prazeres que ela diariamente nos propicia.

                                                Rossana Appolloni