segunda-feira, 30 de abril de 2012

TRABALHOS PARA CASA - 3


                             
         
                         O papel dos professores  

Porque é que os professores propõem trabalhos para casa aos alunos? Talvez se pudessem enumerar um certo número de razões justificativas para os TPC. Assim, num primeiro relance, os professores vêem neles uma oportunidade de reforçar os conteúdos que foram ensinados na sala de aula. Outras vantagens poderiam ser enunciadas tais como o de promoverem um sentido de responsabilidade e de ajudarem os alunos a melhor gerir a gestão do tempo do estudo em casa.
Aspecto importante é a natureza e a dimensão dos trabalhos que são propostos. Não é pela quantidade de TPC efectuados que os alunos melhor ficam a aprender determinada matéria. Bastaria, a maior parte das vezes, uma ou duas questões que, fazendo uso das noções dadas na aula, fossem susceptíveis de as mesmas serem aplicadas em determinadas situações ou na resolução de dado problema. Exceptuando, talvez, o 1º ou o 2º ano de escolaridade, o propor actividades de natureza meramente repetitiva ou de cópia, sem qualquer objectivo pedagógico que não seja o de, apenas, ocupar o tempo, é concorrer para a desmotivação no estudo.
Por outro lado, não basta propor TPC aos alunos e, depois, na aula seguinte, simplesmente, ignorá-los. Esta prática tem efeitos nocivos quer sob o ponto de vista pedagógico, tornando irrelevante o trabalho que foi feito em casa, não dando respostas a eventuais dúvidas suscitadas durante a execução dos mesmos e que deveriam ser satisfeitas na aula, quer sob o ponto de vista ético, pois incentiva o aluno ao não cumprimento das suas obrigações, sem que daí lhe advenham consequências, ao mesmo tempo que retira autoridade ao professor.
A criança e o adolescente têm que ter os seus tempos livres após as aulas, se estas foram, na verdade, espaços de autêntica aprendizagem e de mobilização da atenção. Por isso, tudo o que contribuir para a retirada desse tempo tem que ter significado, ser momento para aproveitar e não, apenas, para ocupar e, daí, merecer a atenção do professor.

                                           Mário Freire