domingo, 8 de abril de 2012

TRABALHOS PARA CASA - 1


                                         Relações com a família

            Uma das práticas mais antigas e que ainda se mantém no ensino, com toda a sua pujança, é a dos trabalhos para casa (TPC), principalmente no ensino básico. No entanto, a controvérsia que ela tem suscitado é, na verdade, tão antiga como a prática que ela visa.  
            Ora, os TPC implicam-se com várias entidades, sejam elas os professores, os alunos, a família, os explicadores e os ATL (actividades de tempos livres). Eles têm, por isso, uma grande visibilidade social.  
            Que argumentos, então, são expendidos para que eles existam e, por outro lado, que eles deixem de existir?  
            Pais ou encarregados de educação que foram ensinados a levar TPC, que estejam mais atentos ao que se passa nas aulas e verifiquem que um professor nunca prescreve tais trabalhos, que imagem têm eles desse professor?
Esta tradição parece, pois, difícil de romper uma vez que ela implica um aproveitamento do tempo nos estudos, em casa, por parte dos filhos e, por isso, ela continua a ser vista, de uma maneira geral, por parte da família, de utilidade.
Além disso, os TPC constituem, ainda que indirectamente, um elo de ligação entre a escola e a família, pois há mensagens, embora de natureza específica, que vão circulando entre a escola e a família e entre esta e aquela que possibilitam aos pais uma informação sobre o andamento das matérias nas aulas.
Outro aspecto a considerar é o modo como os pais vêem a relação que os filhos têm com os TPC. Será que para a criança ou adolescente eles constituem um meio de valorização escolar ou, apenas, uma obrigação que têm de cumprir e dela se desenvencilharem o mais depressa possível? E, neste último caso, qual o seu o papel? Por outro lado, em que medida os TPC surgem como um meio para estabelecer ligação entre gerações?
            Parece não haver dúvidas, contudo, de que os TPC implicam, directa ou indirectamente, com a estrutura familiar. Mesmo que os pais (ou encarregados de educação) não tenham possibilidades de interferir directamente na feitura desses trabalhos, estes acarretam um certo número de circunstâncias, que mais não sejam na organização do espaço onde eles são efectuados, que têm que ser propícias à realização dos mesmos. Ora, envolver os pais na acção educativa dos filhos é sempre um aspecto positivo.

                                                                     Mário Freire