Vivem-se hoje tempos de grande incerteza e
de dificuldades. O desemprego, mais do que uma ameaça, é uma realidade que está
a afligir milhares de famílias. Para além dos aspectos económicos que acarreta,
o desemprego traz problemas de natureza psicológica que podem ser destruidores
da estabilidade familiar.
Assim,
aos que sofrem esse flagelo fica-lhes diminuída a autoestima; eles sentem uma
grande frustração com a vida e, não raras vezes, são atingidos por um estado
depressivo que pode resultar em depressão.
Ele
está, ainda, associado ao aumento de violência conjugal.
Torna-se,
pois, necessário encarar o desemprego não só como um problema económico mas
situá-lo, também, como um problema de natureza psicológica e social.
Perante
uma situação de desemprego no seio familiar, é natural que os pais andem
apreensivos, preocupados e se mostrem infelizes. A sua disponibilidade para
atender os filhos é menor; a falta de paciência alia-se, frequentemente, à
irritabilidade no trato com eles.
Por
outro lado, a escassez nos recursos materiais associada à fragilidade
psicológica dos pais, conduz a discussões entre estes mais frequentes.
Estão,
assim, criadas as condições para que as crianças sejam vítimas de uma situação
económico-social que as vai atingir, directa e indirectamente, no seu
desenvolvimento psicológico, com repercussões no comportamento e aproveitamento
escolares.
Que
fazer, então, perante tais situações adversas no ambiente familiar? A resposta
não é fácil, uma vez que ela contém várias dimensões! Os laços familiares
poderão, em primeira instância, atenuar situações de dificuldade. Igualmente as
estruturas de proximidade, como instituições de solidariedade social, paróquias,
freguesias e outros organismos de acção social são pontos de ajuda conjuntural na
atenuação de alguns destes problemas.
As
crianças, porém, as últimas responsáveis e as primeiras vítimas, terão que ser
dentro do lar, na medida do possível, preservadas da intempérie que sobre os
seus pais se abateu.
Mário Freire