terça-feira, 18 de junho de 2013

MÁQUINAS DE CALCULAR SÓ A PARTIR DO 9º ANO: SIM OU NÃO?


      Foi apresentado para discussão pública o novo programa de Matemática. Tudo quanto se fizer pelo melhoramento do ensino e da aprendizagem desta disciplina é de aplaudir, dada a relevância que ela assume na formação geral do aluno.
Na verdade, a Matemática, para além das múltiplas operações mentais e de organização que proporciona, actua como um poderoso discriminador profissional e social. Assim, se não fossem os deficits que muitos alunos apresentam nesta disciplina, mais seriam as oportunidades que eles teriam à sua frente, no espectro das escolhas profissionais.
 A inibição do uso da máquina de calcular até ao 9º ano parece-me ser uma medida que irá ter um impacto positivo na aprendizagem da Matemática. Na verdade, o aluno, ao recorrer àquele instrumento, priva-se de exercitar a sua capacidade de memorização. Mas é na memória que reside a identidade de uma pessoa (como a doença de Alzheimer o comprova).
Ora o aluno, ao efectuar operações aritméticas simples sem máquina, fica a saber como é que os resultados se obtiveram. Por outro lado, o exercício da memorização cria automatismos mentais que lhe permitirão aceder a outras operações, essas sim, de reflexão, de análise, de síntese, de avaliação para as quais, então, terá de recorrer a meios de automação.
Muitas das dificuldades no cálculo que os alunos apresentam no 2º e 3º ciclo decorrem, precisamente, desta falta de automatismos que eles trazem de anos de escolaridade mais baixa. Esta situação traduz-se na dificuldade em realizarem operações simples, gerando, depois, desmotivação que irá repercutir-se na vida académica que se lhe segue.
Opiniões contrárias baseadas em estudos não têm faltado sobre esta temática. A experiência de longos anos de contacto com alunos do básico ao superior aconselha-me, no entanto, a defender a posição que expressei.


                                               Mário Freire