Foi apresentado para discussão
pública o novo programa de Matemática. Tudo quanto se fizer pelo melhoramento
do ensino e da aprendizagem desta disciplina é de aplaudir, dada a relevância
que ela assume na formação geral do aluno.
Na
verdade, a Matemática, para além das múltiplas operações mentais e de
organização que proporciona, actua como um poderoso discriminador profissional
e social. Assim, se não fossem os deficits que muitos alunos apresentam nesta
disciplina, mais seriam as oportunidades que eles teriam à sua frente, no
espectro das escolhas profissionais.
A inibição do uso da máquina de calcular até
ao 9º ano parece-me ser uma medida que irá ter um impacto positivo na
aprendizagem da Matemática. Na verdade, o aluno, ao recorrer àquele instrumento,
priva-se de exercitar a sua capacidade de memorização. Mas é na memória que
reside a identidade de uma pessoa (como a doença de Alzheimer o comprova).
Ora
o aluno, ao efectuar operações aritméticas simples sem máquina, fica a saber
como é que os resultados se obtiveram. Por outro lado, o exercício da
memorização cria automatismos mentais que lhe permitirão aceder a outras
operações, essas sim, de reflexão, de análise, de síntese, de avaliação para as
quais, então, terá de recorrer a meios de automação.
Muitas
das dificuldades no cálculo que os alunos apresentam no 2º e 3º ciclo decorrem,
precisamente, desta falta de automatismos que eles trazem de anos de
escolaridade mais baixa. Esta situação traduz-se na dificuldade em realizarem
operações simples, gerando, depois, desmotivação que irá repercutir-se na vida académica
que se lhe segue.
Opiniões
contrárias baseadas em estudos não têm faltado sobre esta temática. A
experiência de longos anos de contacto com alunos do básico ao superior
aconselha-me, no entanto, a defender a posição que expressei.
Mário
Freire