“A terceira grande revolução da escola moderna”
Luc Chatel, actual ministro da Educação de França, numa conferência que pronunciou em Agosto passado, em Versailles, enunciou as duas grandes revoluções por que passou a escola e anunciou aquela que, no seu entender, deve ser a terceira grande transformação. Quanto à primeira identifica-a como a instituição da escola laica, gratuita e obrigatória; a segunda é a democratização e a massificação do sistema educativo. Quanto à terceira, aquela que urge fazer e que constitui um grande desafio para os agentes educativos, consiste na personalização. Diz ele que “é preciso passar da escola para todos para a escola do êxito de cada aluno”.
A preocupação pela personalização do ensino, que remonta aos anos 30 do século passado sob a designação de ensino individualizado, está a assumir-se, nos dias de hoje, como um dos temas dominantes do pensamento pedagógico.
A aprendizagem é um acto pessoal; cada aluno apresenta características peculiares e tem um ritmo próprio para aprender e, por isso, ao ensino exige-se uma adaptação a essas mesmas características e ritmo.
O tipo de ensino que ainda hoje predomina nas nossas escolas é o de se constituir a turma como um todo homogéneo em que o professor, formulando os mesmos objectivos, utilizando os mesmos métodos, explicando as matérias que se encontram programadas, se dirige a todos os que, sentados na sua frente, tentam acompanhá-lo, esforçando-se por adquirir as mesmas noções, procurando trabalhar a um mesmo ritmo, efectuando as mesmas tarefas no mesmo tempo.
Ora a personalização do ensino, como estratégia metodológica, vai contra aquela maneira de ensinar e constitui uma das respostas para fazer face ao insucesso escolar. Ela, propondo metas e processos de aprendizagem que se adaptem aos diferentes tipos de alunos da turma, contribui para a atenuação das desigualdades sociais que se repercutem dentro da escola, beneficiando, sobretudo, os que mais dificuldades manifestam, sem que os outros sejam prejudicados.
Falar das estratégias utilizadas na personalização do ensino não cabe no teor destas crónicas. No entanto, no âmbito das formações inicial e contínua dos professores, abre-se um vasto campo de intervenção que deveria ser explorado para bem dos alunos e da sociedade.
Mário Freire