domingo, 11 de março de 2012

DESENVOLVIMENTO E SOLIDARIEDADE - IX


                                 Solidariedade e sustentabilidade

            A que tipo de desenvolvimento se assiste, nos dias de hoje? Muitas das pequenas e médias empresas, que até há pouco tempo tinham viabilidade, estão agora a falir, enviando para o desemprego, todos os dias, dezenas de pessoas.
Começamo-nos a perguntar: será que todos aqueles que são obrigados a fechar as portas das suas empresas, aqueles que têm que ir para casa por falta de trabalho, se estão a tornar prescindíveis, ficando a mais nesta sociedade que está a sofrer transformações rápidas e profundas?
O desenvolvimento médio, per capita, da humanidade, aumentou imenso. Mas isso contribuiu para diminuir o fosso entre os poucos que têm muito e os muitos que nada têm?
Por outro lado, as paisagens naturais estão em franca degradação, assistindo-se a uma redução drástica da biodiversidade; as alterações climáticas são já uma inquietante realidade, com consequências ainda não completamente inventariadas, em múltiplos sectores da actividade humana.
Decorre destas questões e problemas que há que fazer algo por parte daqueles que detêm os poderes, sejam eles o político, o económico e o financeiro, para que as sociedades e as pessoas de agora possam beneficiar dos saberes que hoje estão disponíveis para que o trabalho e o emprego sejam um instrumento de valorização pessoal e de autonomia financeira; para que se possam extirpar a fome e as condições degradantes em que uma parte da humanidade ainda vive.
Mas esses poderes têm que olhar, igualmente, para o futuro, para as gerações vindouras a fim de que elas não venham a encontrar um mundo ainda mais desigual, sob o ponto de vista social, e mais desregulado, sob o ponto de vista ambiental. Para isso, o desenvolvimento tem que incorporar medidas e preocupações em que o lucro não seja medido apenas por factores financeiros; tem que contemplar vertentes ambientais que dêem sustentabilidade a uma exploração correcta dos recursos naturais e tem, finalmente, que eleger a solidariedade como meio que proporcione um maior equilíbrio entre os países e entre as pessoas de um mesmo país, proporcionando-lhes mais educação, mais saúde, mais emprego, enfim, mais dignidade.   

                                                                             Mário Freire