quinta-feira, 15 de março de 2012

EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA


          O tema da sexualidade se tem a ver, essencialmente, com as relações entre pessoas naquilo que elas têm de mais íntimo, ele, por sua vez, tem reflexos a vários níveis na sociedade. E essas relações entre pessoas e as consequências que delas decorrem são de tal modo significativas que as principais instituições de uma sociedade como sejam a família e a escola mas também as religiosas e as políticas, delas não possam alhear-se.
            Quando a abordagem desse tema salta para o espaço público da escola, é natural que ela suscite reacções diversas, pois estas reflectem princípios e valores subjacentes ao modo por que cada um vê a sexualidade.
Tratando-se da educação de algo a alguém, há que, em primeiro lugar, definir o que se pretende ensinar e, depois, gizar a metodologia, tendo em vista as características do público-alvo.
Ficar-me-ia, apenas, pela enunciação de três princípios que, em meu entender, deveriam presidir à definição dos objectivos da educação desta matéria.
Um deles é o de que a sexualidade é um dos fenómenos talvez dos mais complexos, mas também dos mais fascinantes de estudar, e de que a Natureza se serve para que os seres vivos possam continuar a existir. Enquadrar a sexualidade humana no mundo dos seres vivos, dando-lhe uma maior abrangência, é conferir-lhe maior dignidade e revelar ao aluno um certo sentido de irmandade com tudo aquilo que é a vida.
Um segundo princípio é o de não cingir o ensino da sexualidade humana a aspectos meramente orgânicos e descritivos dos sistemas reprodutores masculino e feminino e da relação sexual e a puras medidas higienistas, tendo em vista a informação sobre métodos contraceptivos, o de prevenir a sida, outras doenças sexualmente transmissíveis, evitar as gravidezes indesejadas e o aborto. Sem omitir tal informação, reduzir a educação sexual a este tipo de matérias é retirar-lhe a grandeza e a especificidade que ela assume na humanidade. Nem toda a sexualidade é sexo.
Um terceiro princípio é o de sublinhar que homem e mulher, apesar da igualdade de direitos e deveres perante a lei, as instituições e o mercado de trabalho de que ambos devem gozar, são física, psicológica e ontologicamente complementares. A sexualidade de ambos não é um mero dado biológico mas ela distingue-os nas suas maneiras mais profundas de ser e de estar; homem e mulher comunicam, exprimem e vivem o amor humano de modos diferentes. Por isso, falar de sexualidade sem abordar a afectividade é amputar a parte talvez mais significativa da relação entre os sexos.
Não será por a sexualidade ter sido, nos tempos que vão correndo, mais orientada para o prazer do que para o amor que a sociedade, em geral, e as famílias, em particular, estão sofrendo disfunções de que os filhos são os primeiros a sentir as consequências?  

                                                        Mário Freire