sexta-feira, 23 de março de 2012

DESENVOLVIMENTO E SOLIDARIEDADE - X


                                        Turismo ético e solidário

            Termino esta série de artigos sobre “Desenvolvimento e solidariedade”, abordando um tema que poderia constituir-se num importante factor de crescimento económico e, simultaneamente, implicar um apreciável desenvolvimento humano de uma região. Trata-se do chamado turismo ético e solidário.
            Ora, verifica-se que, em regra, os operadores turísticos têm como principal preocupação proporcionar o paraíso aos clientes, o exotismo, as praias de sonho, os países longínquos, as estruturas de acolhimento requintadas, com paisagens de encantar…
            Mas, perguntar-se-á, haverá alguma intenção, na maior parte desses operadores, em proporcionarem alguma informação sobre aspectos sociais, políticos e culturais dos países e locais que se oferecem para visita?
            Por outro lado, este tipo de negócio é dominado por grandes empresas que competem entre si, utilizando mão-de-obra local de baixos salários e em que os maiores beneficiários, principalmente nos países subdesenvolvidos, são elas, pouco restando para as populações locais.
            Há, pois, ainda um longo percurso a percorrer neste campo,
quer fornecendo ao turista, ou ele próprio procurar, uma maior consciencialização para os problemas sociais, políticos, económicos e ambientais em relação às populações que o recebe e, ao invés, impedir a perda das identidades culturais locais dessas mesmas populações,
quer proporcionando mais benefícios às empresas e comunidades locais, reduzindo a remessa dos lucros para os países de origem, muito especialmente quando aquelas pertencem a países ainda pouco desenvolvidos.
De acordo com a “Mó de Vida”, a primeira cooperativa de consumidores em Portugal que desenvolve a actividade do Comércio Justo e Solidário, o turismo, ao mesmo tempo que pode constituir uma maneira de enriquecimento social e cultural, “deve promover uma forma de viajar que respeite as comunidades locais, que tenha fraco impacto ambiental e que garanta uma justa distribuição de lucros.”
Podemos, pois, fazer turismo, contactando com outras pessoas e culturas, maravilhando-nos com paisagens, monumentos e fenómenos naturais, aprendendo, recreando-nos, mas, em simultâneo, podemos proporcionar com a nossa presença o desenvolvimento daqueles que visitamos, admirando e dando valor àquilo que são e àquilo que têm.

                                                                           Mário Freire