Algumas variáveis da escolha
A escolha de um curso ou profissão é algo que não pode ser feito de ânimo leve. É certo que nos dias de hoje ter-se um curso numa dada área não significa vir a exercê-lo e, muito menos, para o resto da vida. A volatilidade das circunstâncias, a evolução dos conhecimentos, as características do mercado de trabalho…obrigam a que, para além de uma formação em dado campo do saber, se seja possuidor de um conjunto de competências que proporcionem uma adaptabilidade às ocorrências que se vão deparando. Estas variáveis, porém, não implicam que o acaso oriente aquela escolha. Pelo contrário: a decisão de se ir para este ou para aquele curso deve ser um processo contínuo de pesquisa, tendo em conta variados aspectos, entre os quais salientaria:
- O conhecimento de si mesmo;
- O conhecimento do mundo dos cursos e das profissões;
- O conhecimento do mercado de emprego;
- As experiências adquiridas dentro e fora da sala de aula e da escola.
Por outro lado, há certas realidades que, sendo aparentemente marginais, podem ter uma influência capital no processo da escolha. Uma delas, já referida em crónica anterior, é o da competência do aluno em Matemática, muito especialmente quando se atinge o primeiro patamar da escolha, no 9º ano. Esta disciplina, sendo suporte de um amplo leque de cursos, pode ser um factor limitativo das opções que se colocam ao aluno.
Um aspecto marginal mas que, por vezes, se salienta no processo da escolha é o da moda. Um curso ser escolhido por alguns leva a que outros o façam. E o ser escolhido é, às vezes, uma questão, apenas, da palavra ou da expressão que o identifica. Há cursos cujo nome remete para um certo imaginário não necessariamente condizente com a realidade a que conduz.
O prestígio atribuído a um curso ou profissão pode ser, igualmente, uma outra variável de natureza subjectiva que pode condicionar uma escolha.
Enfim, a escolha de um curso é um acto complexo que, assentando nos conhecimentos e capacidades adquiridas ou, pelo menos, percepcionadas pelo próprio, com uma quota mais ou menos acentuada de subjectividade, vai mobilizar aspectos racionais e emocionais para a sua concretização. É na ponderação de todas estas componentes que pode resultar no dar do primeiro passo, mais ou menos próximo, mais ou menos longínquo, para a realização profissional e pessoal.
Mário Freire