sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A FORMAÇÃO EMOCIONAL DOS PROFESSORES





Cada vez mais se vai tomando consciência da importância das emoções para a qualidade de vida e saúde das pessoas e para o desenvolvimento da sociedade. A realização pessoal e profissional estão delas dependentes. Por isso, hoje, se fala em inteligência emocional e até já existem técnicas para avaliar o nível dessa inteligência.
Usar os sentimentos para tomar decisões, saber esperar pelos elogios quando se atingem os objectivos, permanecer optimista apesar das contrariedades e obstáculos, conseguir acalmar sentimentos aflitivos de forma a não interromper ou interferir no trabalho, eis algumas das características de quem tem uma boa inteligência emocional.
Sendo este aspecto da personalidade humana tão importante na vida de cada um, a escola não pode permanecer-lhe indiferente. Pelo contrário, ela tem que incidir a sua atenção, a par da consideração pelas componentes cognitivas do aluno, nos aspectos emocionais. Mas estes interessam, também, ao professor. O modo como ele encara as suas emoções e as emoções dos alunos, os comportamentos destes e a maneira de lhes fazer face, assim como a abordagem que faz das matérias, tendo em consideração os referidos aspectos, interferem significativamente no modo de realizar o ensino e, consequentemente, nos efeitos que se produzem na aprendizagem. As muitas investigações efectuadas neste domínio suportam o que se afirma.
Um analfabeto emocional é aquele que não reconhece os seus estados emocionais, não sabendo lidar com eles de forma a melhor adaptar-se à realidade. Ora, um professor só poderá exercer o seu mister de alfabetizador emocional se, ele próprio, tiver consciência do modo como lida com as suas emoções, especialmente as que são susceptíveis de lhe provocarem a frustração, a ira, a melancolia, a ansiedade, o desespero…
Para isso, tentando adaptar as ideias de Goleman, o autor do conceito de inteligência emocional, o professor teria, antes de mais, de desenvolver a capacidade de reconhecer os seus sentimentos, interpretá-los adequadamente, de modo a conduzir a sua vida de uma forma estável e produtiva.  
Depois, haveria que gerar a força para encarar com optimismo a realidade que se lhe vai apresentando, implicando-se ainda mais nas tarefas quando se lhe deparam situações difíceis.
Um terceiro aspecto nesta formação seria o de incentivar a controlar os impulsos, a ansiedade, a ira…É este factor que condiciona o modo como se descarrega o mau humor na pessoa-alvo, como se expressam e controlam as emoções.
Finalmente, haveria que incentivar a capacidade para lidar quer com as reacções emocionais dos outros, quer com as situações emocionais desgastantes. Duas competências poderiam ajudar, no que se refere a este último aspecto: a de se colocar na situação do outro, tentando compreendê-lo nos seus sentimentos e a de se autocontrolar, resistindo aos impulsos, de ser capaz de dizer não perante circunstâncias facilitadoras do sim, de poder adiar uma recompensa imediata, de ser capaz de estar calado perante uma provocação gratuita…
Enfim, ensinar-se a ser emocionalmente inteligente, começa por nós próprios tentarmos sê-lo.
                                              Mário Freire