terça-feira, 4 de outubro de 2011

1911-2011 - CENTENÁRIO DO HINO NACIONAL PORTUGUÊS - 3


                            
                                    Cem anos após: Letra alternativa

Segue a apresentação de proposta de uma letra alternativa que visa, primariamente, suprimir anomalias anteriormente aqui referidas. Deve-se este ensaio à um emigrante com dupla cidadania que vai mantendo o anonimato. No país de acolhimento, mormente face ao embaraço ocorrido na sua tradução, sentiu, relativamente à mensagem do Hino Nacional Português, o ridículo de certas expressões e sobremodo a gravidade do apelo suicida anteriormente neste blog denunciado. A título individual, procedeu a uma composição que prima pela originalidade da inspiração e introduz alterações substanciais relativamente ao texto oficial.  Desde 1995 que, sob registro e pseudónimo cunhada, procede ao envio da sua composição, sucessivamente, a três Presidentes da República Portuguesa: Dr. Mário Soares, Dr. Jorge Sampaio e Professor Aníbal Cavaco Silva. Só este último se dignou, mediante o Chefe da Casa Civil, comunicar, por oficio e  com data de Abril 21-2006, o seguinte: “Acuso a recepção da carta que V. Exa. dirigiu a Sua Excelência o Presidente da República, a qual mereceu a melhor atenção.” 
Tem vindo a ser apresentada, neste blog, uma plêiade de mestres que, na Primeira República, se destacaram como educadores, mau grado as vicissitudes politicas da época. Hoje, como então, outras prioridades estão na opção ou obcecação a nível das esferas politicas. De novo, por certo, pretendem delegar causas como esta, respeitando e quiçá propondo o lema do “é o povo quem mais manda.” Na Grei está o fulcro da Nação e, nos seus educadores e educólogos se deposita certamente a confiança de que, na lealdade e coragem, não abdicam da sua missão. Patriotismo, democracia e liberdade de expressão abrem portas à opção.
Passando à composição referida, segue esta em paralelo de comparação com a letra em vigor. Obviamente que a proposta e liberdade de adopção restam alheias à presunção de cariz oficial. Trata-se, no entanto, de um acto de cidadania responsável lançado, como proposta e aposta numa reforma que, em termos legais, urge e compete ao Governo da Nação promover, salvo plebiscito quiçá oportuno e não só tolerado mas desejado, por parte de um regime inoperante em clima de anomia e depressão. O mote aqui sugerido é Conscientização (Tomada de consciência e acção). Face a alternativas e convicção, perdem validade as escusas. Face à inércia, criatividade. Face à abdicação, iniciativa.


                                    Hino Nacional (Música a mesma)

Letra oficial  (1) ……………………………. Letra alternativa (2)

Estrofes ……………………………………………   Estrofes


Heróis do mar, nobre povo ………………… Tens, Portugal, no teu Povo
Nação valente, imortal, …………………….. chama de um fado imortal.
levantai hoje de novo ………………………… Bem antigo e sempre novo,
o esplendor de Portugal! ……………………. é teu cunho original!

Entre as brumas da memória, ……………….Prosseguindo tua História,
ó Pátria, sente-se a voz …………………….. …será, sim, a nossa vida
dos teus egrégios avós ………………………….um preito à Bandeira erguida,
que há-de guiar-te à vitória. …………………com teus Heróis na memória.

REFRÃO                                                         REFRÃO

Às armas ! Às armas! ……………………………Içada a Bandeira,
Sobre a terra e sobre o mar. ……………     pondo em nós o seu olhar,
Às armas! Às armas! ……………………         solene, altaneira,
Pela Pátria lutar! ……………………………      nos convida a proclamar:
Contra os canhões marchar, marchar! …….   Em prol da Grei, servir, lutar!

Estrofes ………………………………………….Estrofes


Desfralda a invicta bandeira  ………………Nós te queremos honrado,
à luz viva do teu céu! ………………………digno de teus galardões;
Brade à Europa, à terra inteira: …………….companheiro, lado a lado,
Portugal não pereceu! ……………………...no concerto das nações.

Beija o solo teu jucundo …………………..Foi sulcando o mar profundo,
o Oceano a rugir de amor; ………………   que abraçaste a  terra inteira,
e teu braço vencedor ………………………dando, pela vez primeira,
deu novos mundos ao mundo!……………. novos rumos ao velho o mundo.

Refrão ………………………………………… Refrão


……………………………………………. Estrofes

[Sem estrofes correspondentes]…………… Tens Portugal, mundo em fora
    (Texto oficial) ………..                              em tua gente um valor.
…………………………………………………………   Quão dispersa… Mas, embora,
………………………………………………………..   sempre unida em teu amor.
…………………………………………….
…………………………………………………………..O que importa, quando ausentes,
……………………………………………... ………….é teu berço em nossos lares;
…………………………………………………………..quer na terra, quer nos mares,
 ……………………………………………...............saber que nos tens presentes.

………………………………………………Refrão

Estrofes………………………………………….. Estrofes


Saudai o sol que desponta ………………….Há, na saudade que temos,
sobre um ridente porvir; ……………………sonhos de um grande porvir.
Seja o eco de uma afronta ………………….Hoje, jurando, prometemos
o sinal do ressurgir………………………….fielmente te servir.

Raios dessa aurora forte …………………   Teus na vida e teus na morte,
são como beijos de mãe ……………………tua Terra nos sustém,
que nos guardam, nos sustêm ……………...Pátria-Amada, Pátria-Mãe,
contra as injúrias da sorte. …………………Herança, Legado e Sorte.

Refrão................................................  Refrão............................
 

 (1) – Provindo de A Portuguesa, 1890, música de Alfredo Keil e letra de Henrique Lopes de Mendonça. Em 1911, a Assembleia Nacional proclamou oficialmente A Portuguesa como Hino de Portugal. Tal como actualmente mantido, é já uma versão, em parte reduzida e alterada, editada em 1957 pelo Governo de Salazar, unificando a letra e adaptando a correspondência melódica.

(2) - Composição mantida sob pseudónimo, acompanhada do seguinte comentário comparativo sublinhando os contrastes com a letra em vigor:

ESTROFES -  O ponto de partida é a identidade da Nação expressa no seu Povo, que não a crise de um espectro que sonha em animar as cinzas do olvido. Não mais a revolta do "brade à Europa", mas o diálogo consumado no seio da União Europeia e num contexto global. Na força e actualidade do argumento, acresce como novidade a inclusão de estrofes alusivas à diáspora lusitana, traduzindo patrioticamente elos de comunicação e factores de inclusão.

REFRÃO – Alheio a represálias de guerra, constitui um apelo contido e altruísta. Trata-se de um responso patriótico, na lógica das estrofes, evocando, como símbolo, a Bandeira nacional e apontando para o dever de servir e lutar em prol do bem comum.

TESE – Constitui a afirmação da nossa vocação histórica, incluindo uma perspectivação construtiva da sua continuidade, efectivamente associada ao processo federativo das nações democraticamente constituído. Ressalta o contraste da versão proposta com a polémica aguerrida e arrogante, baseada em triste fadário agravado pela afronta. Tanto nas estrofes como no refrão, é criada uma sequência coerente na prosopopeia dialogal e não a confusão gerada por um misto de diálogo e aparte. É de notar, por fim, que a métrica da letra proposta se adapta integralmente à música do Hino, musicalidade esta assaz adequada e que não terá sido posta em causa.

                                                                             João d’Alcor