A exploração de pedreiras tem
originado grandes extensões de áreas degradadas, especialmente desde o início
do século XX.
A escassez de controlo e
fiscalização têm conduzido a alterações ambientais com impacte visual bem
evidente. São numerosas e inconfundíveis as “crateras” não vulcânicas
resultantes de pedreiras abandonadas desde há décadas, mesmo em áreas
protegidas.
A actual legislação obriga os
proprietários à regularização dos solos e do coberto vegetal após a exploração.
Todavia, existem casos em que as empresas concessionárias não podem ser
responsabilizadas pelas consequências ambientais decorrentes daquela
actividade, ou porque as respectivas concessões já reverteram para o Estado ou
porque essas empresas entretanto faliram.
Recentemente, veio a público a
proposta das entidades responsáveis pelo Ambiente de permitir o eventual
depósito de resíduos industriais nas crateras de pedreiras abandonadas desde há
décadas, nomeadamente na Zona dos Mármores, no Alentejo. Poderá desse modo
facilitar-se o cumprimento da legislação que obriga os proprietários à sua
recuperação pós-exploração, através da regularização do coberto vegetal e dos
solos. Haverá todavia que fiscalizar com rigor os resíduos depositados, tendo
em vista a preservação da qualidade dos solos e dos aquíferos que os
atravessam.
O impacte visual, paisagístico e
ambiental das pedreiras é, habitualmente, grande: trata-se de crateras que
rompem a paisagem natural. No entanto, e paradoxalmente, o efeito destruidor no
território, é compensado pela possibilidade de utilização agrícola ou
florestal, promoção turística e cultural, entre outros, destes novos espaços e
posterior devolução à população.
Estão a ser levados a cabo, um pouco
por todo o mundo, projectos de recuperação de pedreiras abandonadas. Os responsáveis
por esta intervenção são arquitectos, engenheiros e arquitectos paisagistas,
muitas vezes com participação pública e privada, numa união entre economia,
ecologia e paisagem. Em Portugal, é de realçar o projecto do arquitecto Souto
Moura que transformou uma pedreira abandonada bem perto do centro da cidade de
Braga, num estádio de futebol, por todos conhecido. E por que não lembrar que a
Praça do Marquês de Pombal em Lisboa, resultou da recuperação de uma área
degradada pela exploração de pedreiras.
FNeves