Durante cerca de 10
anos vigorou a prática das aulas de 90 minutos nos 2º e 3º ciclos do Básico.
Agora, a decisão sobre a duração das mesmas, se de 45 minutos ou de 90, passa a
ser da responsabilidade das escolas, ouvindo pais, professores e alunos.
Para estabelecer a
duração de uma aula, de modo que ela seja proveitosa, deveria atender-se,
fundamentalmente, à capacidade de atenção do aluno. Ora, a atenção é um
processo cognitivo pelo qual são seleccionados estímulos e sobre eles se exerce
a concentração. Embora recebamos estímulos de várias origens, só atendemos a
alguns deles. Em educação há, pois, que focalizar a atenção do aluno sobre
determinados estímulos, ignorando outros que possam passar-se dentro ou fora da
sala de aula. Esta capacidade de seleccionar os estímulos, e que exige esforço
mental, vai variando com a idade, sendo maior num aluno do 12º ano do que num
aluno do 5º ano.
Parece, pois,
aceitável, considerando esta variável, que a duração das aulas nos anos de
baixa escolaridade, seja menor do que nos anos mais elevados. Por outro lado,
na sociedade digital em que vivemos, com a multiplicidade e brevidade de
mensagens a que as crianças e adolescentes são submetidos, certamente que aulas
de 45 minutos serão susceptíveis de terem maior rendimento do que aulas cuja duração
é de 90 minutos.
Claro que a atenção do
aluno não varia, apenas, em função do tempo de exposição a uma mensagem. Há
factores neurológicos e situacionais que podem ser um obstáculo à atenção. Além
disso, a forma como a matéria é apresentada, o tipo de interacção que o aluno
tem, quer com o professor, quer com os colegas na sala de aula, os meios
utilizados, a sua disposição espacial na sala… são elementos igualmente condicionadores
da atenção dos alunos. E esta é factor primordial da aprendizagem e da
disciplina.
Passando, pois, a escola
a ter que decidir sobre esta matéria, seria conveniente que ela ponderasse
estes factores que, em minha opinião, justificam, na pré-adolescência e
adolescência, as aulas com a duração de 45 minutos. Mas que sejam 45 minutos
bem aproveitados!
Mário Freire