Várias
experiências no campo da psicologia e da neurologia têm contribuído para o
estudo da relação entre o prazer proporcionado pela contemplação de uma obra de
arte e as reações do sistema cerebral humano. As conclusões vão no sentido de
que a apreciação da beleza e da harmonia favorecem o trabalho do chamado
circuito de recompensa do sistema nervoso central. Este circuito, relacionado
com o comportamento emocional, encontra-se numa zona cerebral associada às
sensações de prazer. A ativação deste circuito e dos respetivos
neurotransmissores é essencial à nossa capacidade de satisfação.
Com
base nestas conclusões, foi realizado um inquérito em França no sentido de
avaliar como as pessoas que frequentam os museus e outros locais de exposições
públicas reagem à relação com a arte. Como resultado, 86,6% dizem sentir-se
felizes depois de visitar um museu ou uma exposição e 79,4% afirmam que a
contemplação de uma obra de arte alivia o stress e acalma. Tomando em
consideração várias idades e categorias socioprofissionais dos inquiridos,
constata-se que a maioria considera a arte um fator de prazer, estímulo mental
e de valorização pessoal.
Apreciar
obras de arte num museu, ir ao teatro ou ao cinema, assistir a um concerto ou
mesmo admirar monumentos são formas de estimularmos a nossa parte emocional
através de uma vivência puramente individual e que difere de pessoa para
pessoa.
Nem
todos nós nos emocionamos com a mesma obra artística, nem a intensidade é
igual. O importante é descobrirmos o que nos toca e alimentarmos essa fonte de
prazer. A nossa sensibilidade também vai mudando ao longo do tempo e à medida
que nos formos nutrindo através da arte, vamos refinando o nosso gosto. Para
isso, ao contrário de muitas outras atividades da vida atual, feitas à pressa e
sem grande ponderação, a apreciação da arte requer alguma disponibilidade e
tempo. Tempo para apreciar, para sentir e para se entregar a uma experiência
que nada tem de racional e que tem valor por si só.
Rossana Appolloni