quarta-feira, 16 de abril de 2014

25 DE ABRIL: AS "NOVAS" ESCOLAS DO MAGISTÉRIO PRIMÁRIO


         As Escolas do Magistério Primário, até à Revolução de Abril, davam corpo a um sistema de formação de professores onde a ideologia do Estado Novo, com todos os seus valores e contra-valores, estava bem patenteada. Por isso, os novos detentores do poder, naqueles primeiros tempos de Abril, as elegeram como um dos alvos prioritários.
Pretendia-se, então, alterar profundamente não só o funcionamento dessas escolas como, também, a estrutura curricular do curso nelas ministrado. Desejava-se que elas fossem as formadoras daqueles que seriam modelos importantes das futuras gerações. Os professores delas saídos, espalhando-se por todo o País, indo até ao local mais recôndito, contactando com os pais e as populações, deveriam ter o encargo de ser o gérmen de um novo País, com uma nova mentalidade.
Não foi por acaso que a substituição de todos os seus antigos directores decorreu de um mero acto administrativo. Por isso, as Escolas do Magistério Primário foram as únicas instituições de ensino em que vigorou a nomeação governamental da figura do director, logo após a Revolução, ao contrário do que estava a ser levado a cabo nos ensinos preparatório, secundário e superior, para que os novos directores, tendo a confiança política do poder, pudessem levar a cabo as reformas que se julgavam necessárias, tendo em vista a formação de um novo professor.
Houve, pois, uma certa incoerência formal entre a urgência da democratização do sistema de ensino e a ausência de uma qualquer eleição que tivesse sufragado a direcção destas escolas.
Passados que foram 40 anos, o que resta das acções que tentaram dar corpo a esses ideais, alguns rondando a utopia, de fazer da escola e do professor do ensino primário um elemento de vanguarda para a transformação da sociedade?


                                    Mário Freire