domingo, 6 de janeiro de 2013

O MÉTODO DE ENSINO MÚTUO E O INÍCIO DA FORMAÇÃO DE DOCENTES


            A preparação das gerações vindouras, ao longo da História, foi sempre uma tarefa entregue aos progenitores, familiares próximos ou autoridades locais, representantes das famílias, tribos ou clãs, utilizando sempre processos empíricos de transmissão de saberes através da prática continuada dos trabalhos necessários ao grupo. Os aprendizes, em acção directa junto dos mestres, iam assim acumulando o seu capital profissional, à medida que progrediam nos conhecimentos, mais ou menos metodicamente, conforme o rigor e interesse do mestre, com maior ou menor aplicação do aprendiz, muitas vezes vítima de insucessos e desistências. Mas era um ensino individualizado, mesmo em grupo e que ia satisfazendo, ao que parece poder deduzir-se, as necessidades de autosuficiência da vida em comum, sendo a maioria produtos de natureza material, embora subsistisse também um pecúlio cultural de cariz espiritual em transmissão.
            O crescimento da população e o aumento das necessidades humanas, económicas e sociais determinaram novos processos de formação dos jovens, mais produtivos e eficazes.  Não havia professores ou mestres em quantidade e qualidade para solução de tal carência. Isto originou o recurso a todos os docentes habilitados, forçando-os à regência de turmas muito numerosas, por vezes com uma centena de alunos.Não era possível fazer ensino individualizado, nem o ensino simultâneo poderia responder, com alguma eficácia, em grupo  de proporções tão grandes.
            Daí o recurso a monitores, alunos mais adiantados, que auxiliavam o mestre no ensino de grupos mais restritos.
            Assim nasceu o método mútuo, que, além de económico, contém uma componente formativa e humanista  de cooperação e solidariedade.   
            Eis a forma como se dispunham os alunos e respectivos monitores numa sala com capacidade para cem alunos entregues a um só professor, auxiliado por monitores, normalmemte dez, também alunos mais adiantados nos conhecimentos.
            A figura representa o esquema da planta da Escola de Ensino Normal pelo método de ensino mútuo  de Belém, Lisboa, publicada por António Nóvoa em Le Temps des Professeurs, vol. !, pag. 428, Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1987.


                    Francisco Goulão