segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PRECISAMOS DE TEMPO PARA APRENDER!



           Um dos aspectos a considerar na personalização do ensino é o de adequar as tarefas às capacidades dos alunos. Mas, em certos casos, as suas dificuldades não decorrem tanto da complexidade da tarefa a executar mas, antes, da falta de tempo para a sua execução. Nestes casos, os alunos podem atingir os objectivos estabelecidos desde que lhes seja dado mais tempo. E esta situação deveria aplicar-se não só para determinadas tarefas padronizadas, por exemplo, os exames, mas também para outras, no decorrer das próprias aulas.
            Certos temas poderiam, então, ser abordados pelo professor numa perspectiva de diferenciação no tempo. Este modo de actuar, para além de proporcionar maior segurança ao aluno, evita que o professor prepare uma multiplicidade de actividades diferentes, uma vez que aquele a irá realizar de acordo com o seu próprio ritmo.
Mas, como em quase tudo na vida, uma mesma situação apresenta aspectos favoráveis e desfavoráveis. E a diferenciação no tempo não foge a esta norma. Ora, o inconveniente desta abordagem, caso fosse um processo continuado, é o de que a turma em breve deixaria de funcionar como grupo. Por isso, o professor terá, igualmente, de diferenciar a sua relação pedagógica, de acordo com as circunstâncias que se lhe apresentam (e a sua competência).
       Quando se fala em educação, vêm logo à mente os métodos utilizados, os materiais didácticos em uso, a competência dos professores, os meios financeiros disponibilizados, a adequação dos edifícios escolares às necessidades do ensino e, naturalmente, os alunos. Ora, é para eles que todas as outras variáveis convergem. Mas essa convergência nem sempre tem, na devida conta, o tempo que eles necessitam para proporcionarem uma aprendizagem eficaz, sustentada, pensada, interiorizada. Precisamos de tempo para pensar! Precisamos de tempo para aprender!

                                               Mário Freire

sábado, 12 de janeiro de 2013

DEDICAÇÃO



Quem só vive para bem
nem queixumes tem do mal.
De filáucia nada tem.
Dar nas vistas, nunca tal.

Não se aflige e sempre crê,
mesmo em quem de tal se ri.
Bem que tem, em todos vê,
dada a luz que traz em si.

Em si, tudo é bem-querer:
Devoção e o dever
andam sempre de mãos dadas.

Privilégio vem a ser
ter o dom de conviver
com pessoas dedicadas.

João dÁlcor

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SER O AUTOR DA PRÓPRIA VIDA



A vida é uma tentativa constante de nos tornarmos verdadeiros autores da nossa história, sermos livres nas nossas escolhas, tal como quando um escritor escreve um livro e decide, livremente, o que fazer com a narrativa.
No entanto, ao tentarmos fazer isso, encontramos obstáculos e refugiamo-nos com alguma facilidade no sentimento de que não somos nós quem criou as nossas vidas. Sentimo-nos conduzidos pelas normas culturais, pelas expectativas da família, pelas necessidades sociais, etc.
Por outro lado, somos animais com consciência, não nos limitamos a existir. Temos uma relação com o que acontece ao nosso redor e com os outros, através de uma identidade que não nos é dada mas que somos nós que construímos, na sequência do que pensamos e do que sentimos.
No fundo, fazemos uma espécie de bricolage: somos artistas sem começarmos do zero, pois não nascemos com uma folha em branco para escrevermos a nossa vida. As matérias de base são-nos presenteadas, o que significa que grande parte da nossa vida é-nos dada sem a termos escolhido: a nossa família, o país, a condição social, o sexo, a beleza… o resto é construção. A nossa situação existencial é a de construir as nossas vidas com base em materiais pelos quais não houve opção, tal como um artista que é obrigado a trabalhar com determinados materiais para a sua criação.
Onde está então a nossa liberdade? Onde está a capacidade de nos tornamos pessoas diferentes? Está na possibilidade de construirmos o que quisermos com esses materiais. A nossa missão é transformarmos esta história numa obra na qual experimentamos verdadeiramente o que somos, isto é, tornamo-nos autores das nossas vidas, mesmo que não tenhamos sido nós a começar a história.
Não vale a pena viver na frustração dos materiais que não temos, pois quanto a isso não há nada a fazer. Mas dentro do que temos, há possibilidades infinitas de criarmos histórias únicas e admiráveis: a de sermos nós próprios!

                                                    Rossana Appolloni

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

DIFERENCIAR AS TAREFAS PARA PROGREDIR NA APRENDIZAGEM



Proporcionar uma igualdade de oportunidades a todas as crianças e jovens de modo que possam desenvolver o seu potencial até ao limite das suas possibilidades é um desafio que se coloca aos políticos mas, igualmente, àqueles que directamente lidam com os problemas educacionais. 
Ora, todos nós somos diferentes uns dos outros. Propor as mesmas matérias e idênticos métodos à generalidade dos alunos de uma mesma turma não parece, pois, a maneira mais adequada para se alcançar esse grande objectivo. Há que diferenciar e personalizar as matérias e os métodos a utilizar, tentando que cada aluno aprenda de acordo com as suas próprias características.
Esta ideia já vem de longe, tendo sido sucessivamente retomada e ampliada. E ela ganha tal importância nos nossos dias que é considerada, nestes começos do século XXI, como um dos pilares em que assentam os grandes propósitos das reformas dos sistemas educacionais.
Ora, se no plano teórico ela é aliciante, a sua concretização nem sempre se torna fácil, muito especialmente quando as turmas têm um elevado número de alunos. A pergunta surge, pois, naturalmente: como diferenciar, então, o ensino e a aprendizagem? É possível propor um trabalho diferente para cada aluno? Como preparar trinta actividades diferentes?
Mas se a diferenciação individual se torna difícil em turmas de trinta alunos, tal poderá ser minorado se essa mesma turma for dividida em grupos de nível mais ou menos semelhantes e para cada um deles se propuserem tarefas que tenham em conta as características dos que os constituem. Claro que quanto menor for o número de alunos por grupo, maior será o número destes e, como consequência, maior o número de actividades a propor.
É uma maneira de o professor praticar a diferenciação, tendo em vista a personalização. Mas não haverá outros modos de a concretizar?


                                                                 Mário Freire


domingo, 6 de janeiro de 2013

O MÉTODO DE ENSINO MÚTUO E O INÍCIO DA FORMAÇÃO DE DOCENTES


            A preparação das gerações vindouras, ao longo da História, foi sempre uma tarefa entregue aos progenitores, familiares próximos ou autoridades locais, representantes das famílias, tribos ou clãs, utilizando sempre processos empíricos de transmissão de saberes através da prática continuada dos trabalhos necessários ao grupo. Os aprendizes, em acção directa junto dos mestres, iam assim acumulando o seu capital profissional, à medida que progrediam nos conhecimentos, mais ou menos metodicamente, conforme o rigor e interesse do mestre, com maior ou menor aplicação do aprendiz, muitas vezes vítima de insucessos e desistências. Mas era um ensino individualizado, mesmo em grupo e que ia satisfazendo, ao que parece poder deduzir-se, as necessidades de autosuficiência da vida em comum, sendo a maioria produtos de natureza material, embora subsistisse também um pecúlio cultural de cariz espiritual em transmissão.
            O crescimento da população e o aumento das necessidades humanas, económicas e sociais determinaram novos processos de formação dos jovens, mais produtivos e eficazes.  Não havia professores ou mestres em quantidade e qualidade para solução de tal carência. Isto originou o recurso a todos os docentes habilitados, forçando-os à regência de turmas muito numerosas, por vezes com uma centena de alunos.Não era possível fazer ensino individualizado, nem o ensino simultâneo poderia responder, com alguma eficácia, em grupo  de proporções tão grandes.
            Daí o recurso a monitores, alunos mais adiantados, que auxiliavam o mestre no ensino de grupos mais restritos.
            Assim nasceu o método mútuo, que, além de económico, contém uma componente formativa e humanista  de cooperação e solidariedade.   
            Eis a forma como se dispunham os alunos e respectivos monitores numa sala com capacidade para cem alunos entregues a um só professor, auxiliado por monitores, normalmemte dez, também alunos mais adiantados nos conhecimentos.
            A figura representa o esquema da planta da Escola de Ensino Normal pelo método de ensino mútuo  de Belém, Lisboa, publicada por António Nóvoa em Le Temps des Professeurs, vol. !, pag. 428, Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1987.


                    Francisco Goulão

 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

CURIOSIDADE



É a curiosidade,

tão patente na criança,

condão de qualquer idade;

pouco importa se esta avança.
 

Variando nos motivos

e na forma de indagar,

temos todos, nós os vivos,

o sentido de a albergar.
 

Prazenteira e bem alerta

faz-nos ela companhia,

rumo sempre à descoberta.


Mesmo quando indiscreta

e do rumo se desvia,

bom que é tê-la, até à meta.


                                                      João d’Alcor


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

EFEITO BORBOLETA

 



A nossa vida é a mais importante de todas! Não estamos aqui simplesmente para preencher um espaço, muito menos para desempenhar um papel secundário no filme de outra pessoa. Nós somos os protagonistas da nossa própria vida e como tal somos nós que decidimos que tipo de vida ter: com quem queremos sair e viajar, que estudos seguir, que trabalho fazer, onde viver, com quem partilhar o nosso espaço, etc.
Só nós sabemos o que verdadeiramente precisamos para sermos felizes, pelo que ninguém pode interferir voluntariamente nas nossas escolhas. E quem nos ama saberá respeitá-las. Nós somos importantes: basta pensar em como tudo seria diferente se não existíssemos. Todos os sítios por onde passamos e todas as pessoas com quem já nos cruzámos na vida seriam diferentes se não existíssemos.
Estamos todos interligados uns aos outros e somos todos afetados pelas decisões uns dos outros.
Imagine que todos os dias apanha o metro para ir trabalhar. Acorda à mesma hora, toma o pequeno-almoço sempre no mesmo café, faz a caminhada do costume até à estação de metro e por volta da mesma hora, mais minuto menos minutos, lá está ele. Apanha-o e vê algumas pessoas que já lhe são familiares e outras nem por isso.
Imagine agora que em vez de ir de metro para o trabalho decide ir a pé, ou de autocarro. Casualmente encontra um amigo de infância com quem acaba por trocar contactos e com quem mais tarde vem a organizar um evento com outras pessoas. Dá para imaginar o desenrolar da história?
Talvez este seja um exemplo simples, mas o importante é perceber que cada escolha que fazemos na vida, por muito insignificante que possa parecer, pode influenciar o nosso dia ou a nossa vida… ou a vida da nossa cidade, ou do nosso país! Estamos todos imersos num desencadear de situações que nos escapam à consciência. Por isso, assuma a responsabilidade de todas as opções que faz, das maiores às mais pequenas, pois elas acabam por influenciar tudo o que o rodeia!
O bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. [Edward Lorenz, 1963]

                                                 Rossana Appolloni