quarta-feira, 11 de maio de 2016

A DIMENSÃO RELIGIOSA NA EDUCAÇÃO

                     



A educação é um dos campos onde a Igreja Católica põe o seu empenho. E isso deve-se ao facto de se considerar que a educação não é apenas uma forma de socializar a pessoa mas, principalmente, de a personalizar e de a formar para a cidadania. Mas, afinal, o que é educar? É proporcionar conhecimentos mas, também, organizar intelectual e emocionalmente as pessoas, hierarquizando saberes e integrando-os numa cultura, promovendo valores, em que os espirituais não fiquem arredados.
Ora, aquelas componentes que constituem o objectivo da educação terão, em primeira linha, que ser iniciadas na família mas, depois, dadas as limitações desta em relação a alguns domínios, nomeadamente os de natureza intelectual, terá que delegar na escola parte da sua função. Mas isto não significa que a escola se deva preocupar apenas com esse domínio.
A educação escolar deveria ser uma experiência de desenvolvimento integral do aluno, em que cada um fosse respeitado e reconhecido e lhe fosse proporcionado o espaço e o tempo para a sua participação e crescimento individual, na sua interacção com os outros. Significa isto que educar não é apenas despejar meia dúzia de conceitos para dentro da cabeça dos alunos. Educar é nortear a actividade junto dos educandos por valores. E que espécie de valores? A educação para a liberdade, para o trabalho, para a responsabilidade solidária, para a verdade, para a exigência em relação a si próprio poderiam ser alguns deles. Mas, também, a dimensão religiosa do ser humano deveria ser uma componente dessa educação. Há que ensinar o aluno a interrogar-se sobre o sentido dos fenómenos que estuda e da vida e não, apenas, o como desses fenómenos.
As escolas católicas têm incluído na sua acção esse objectivo. Mas, também, as escolas públicas poderiam encontrar espaços onde os alunos aprendessem o exercício dos valores atrás referidos, onde reflectissem o porquê dos fenómenos, ao mesmo tempo que os fizessem participar em acções de natureza comunitária, de ajuda aos que precisam, em que o Bem Comum fosse aspecto fulcral. Talvez isso pudesse contribuir para se ter uma sociedade mais ética e nos desse mais competência para enfrentar as dificuldades do País! 


                                              Mário Freire