A educação é um dos
campos onde a Igreja Católica põe o seu empenho. E isso deve-se ao facto de se
considerar que a educação não é apenas uma forma de socializar a pessoa mas,
principalmente, de a personalizar e de a formar para a cidadania. Mas, afinal,
o que é educar? É proporcionar conhecimentos mas, também, organizar intelectual
e emocionalmente as pessoas, hierarquizando saberes e integrando-os numa
cultura, promovendo valores, em que os espirituais não fiquem arredados.
Ora, aquelas
componentes que constituem o objectivo da educação terão, em primeira linha,
que ser iniciadas na família mas, depois, dadas as limitações desta em relação
a alguns domínios, nomeadamente os de natureza intelectual, terá que delegar na
escola parte da sua função. Mas isto não significa que a escola se deva
preocupar apenas com esse domínio.
A educação escolar
deveria ser uma experiência de desenvolvimento integral do aluno, em que cada
um fosse respeitado e reconhecido e lhe fosse proporcionado o espaço e o tempo
para a sua participação e crescimento individual, na sua interacção com os
outros. Significa isto que educar não é apenas despejar meia dúzia de conceitos
para dentro da cabeça dos alunos. Educar é nortear a actividade junto dos
educandos por valores. E que espécie de valores? A educação para a liberdade,
para o trabalho, para a responsabilidade solidária, para a verdade, para a
exigência em relação a si próprio poderiam ser alguns deles. Mas, também, a
dimensão religiosa do ser humano deveria ser uma componente dessa educação. Há
que ensinar o aluno a interrogar-se sobre o sentido dos fenómenos que estuda e
da vida e não, apenas, o como desses fenómenos.
As escolas católicas
têm incluído na sua acção esse objectivo. Mas, também, as escolas públicas
poderiam encontrar espaços onde os alunos aprendessem o exercício dos valores
atrás referidos, onde reflectissem o porquê dos fenómenos, ao mesmo tempo que
os fizessem participar em acções de natureza comunitária, de ajuda aos que
precisam, em que o Bem Comum fosse aspecto fulcral. Talvez isso pudesse
contribuir para se ter uma sociedade mais ética e nos desse mais competência
para enfrentar as dificuldades do País!
Mário
Freire