quarta-feira, 20 de abril de 2016

QUE DISCIPLINA DE ECOLOGIA PARA AS NOSSAS ESCOLAS?


                              



O Papa Francisco publicou uma encíclica (Louvado sejas, Editora Paulinas, 2015) em que se debruça sobre o que está a ocorrer no planeta Terra, devido à imoderação com que o homem trata o ambiente e propõe, à luz do Evangelho e da doutrina da Igreja, soluções para uma sociedade com menos desigualdades sociais, menos agressiva ao homem e ao ambiente e mais promotora do Bem Comum.
Mas, o que é que a Ecologia tem a ver com as desigualdades sociais e ser promotora do bem para todos? Na verdade, se observarmos os programas de disciplinas de Ecologia e de Ciências da Natureza nos ensinos básicos, secundário e superior, eles afloram, de uma maneira geral, os temas ecológicos segundo uma perspectiva muito redutora, considerando essencialmente aspectos técnico-científicos, não dando o salto para os problemas sociais advenientes de um desequilíbrio, provocado pelo homem, no ambiente.
A poluição e as mudanças climáticas, a questão da água, a perda da biodiversidade, a deterioração da qualidade de vida humana e a degradação social, a desigualdade planetária são alguns dos problemas que o Papa Francisco levanta logo no primeiro capítulo da sua encíclica.
Afinal, a que estamos hoje a assistir? Combatem-se as consequências de uma indústria poluidora com produtos antipoluentes de uma outra indústria que polui; para um estilo de vida frenético que põe em primeiro lugar o dinheiro, receitam-se tranquilizantes que intoxicam; as enfermidades que afectam as culturas vegetais atacam-se com pesticidas que provocam doenças no homem. Enfim, combate-se um mal, muitas vezes fonte de lucros só para alguns, com outro mal que continua a dar lucro agora, para outros e, às vezes, até para os mesmos. E tudo isto em nome do progresso, sem se atenderem às verdadeiras causas dos desequilíbrios existentes.
Há, pois, que desmontar toda uma engrenagem exploradora que nos amordaça. Há que tornar o sistema de ensino, do básico ao superior, um agente de transformação de um novo estilo de vida. E, para isso, muito pode contribuir uma perspectiva ecológica transdisciplinar que não descure o homem e a sociedade.


                                                Mário Freire