Têm tido lugar na
Escola Superior de Educação de Lisboa reuniões de um grupo de pessoas ligadas à
educação que não se conforma com a actual situação educacional do País. Esse
grupo enunciou um conjunto de Princípios Orientadores e de Acção e elaborou
algumas Propostas para a Melhoria da Educação. Esses Princípios e essas
Propostas podem ser lidas no Jornal de Letras de 24 de Junho a 7 de Julho de
2015.
Nesse grupo falou-se
“numa escola exaurida, donde desapareceu, para muitos alunos e professores, o
gosto por aprender e ensinar, transformada em campo de treino para exames, sendo
indispensável mudar este estado de coisas. Mas mudar como, quando todos estão
fartos e cansados de tanta mudança absurda?” De entre os vários temas
abordados, destacaria dois: a participação e a autonomia.
Quanto à participação, nenhuma escola está
impedida, junto dos cidadãos, de lhes solicitar a definição dos objectivos da
educação e as diferentes formas de os concretizar. A comunidade em geral não
deve alhear-se do que se passa na escola porque dela sairão, bem ou mal, os
cidadãos que tomarão o futuro nas suas mãos. Por outro lado, há que incentivar
a participação dos pais, solicitando-lhes sugestões e propondo-lhes tarefas que
possam contribuir para uma maior valorização da escola e dos alunos. Além
disso, essa participação deveria estender-se aos alunos, propondo-lhes, por
exemplo, que sugerissem itens que pudessem figurar no Regulamento da Escola.
Uma maior participação nesse Regulamento implicaria uma maior responsabilidade
no seu cumprimento.
Quanto à autonomia, a escola já não é, apenas, um
espaço onde só se ensina e aprende. Ela desempenha funções no domínio da
alimentação dos alunos, no seu apoio psicológico, na acção social, na detecção
de maus-tratos… Por outro lado, ela tenta encontrar estratégias que procurem
dar respostas a múltiplas situações de alunos provenientes de famílias
disfuncionais ou com graves carências de vária ordem. Por isso, “a escola deve
dispor de autonomia financeira, pedagógica e administrativa que possa fazer
face às situações que se lhe apresentam”. O grupo propõe, ainda, que “a
direcção dos agrupamentos deveria ser revista de modo a respeitar a
especificidade dos vários graus de ensino e a idade dos que os frequentam.
Foram, apenas, dois
tópicos que foram abordados. Muitos outros dos estabelecidos mereceriam, pelo
menos, serem reflectidos e, se possível, concretizá-los.
Mário Freire