quinta-feira, 14 de abril de 2016

PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA EM EDUCAÇÃO





                       
Têm tido lugar na Escola Superior de Educação de Lisboa reuniões de um grupo de pessoas ligadas à educação que não se conforma com a actual situação educacional do País. Esse grupo enunciou um conjunto de Princípios Orientadores e de Acção e elaborou algumas Propostas para a Melhoria da Educação. Esses Princípios e essas Propostas podem ser lidas no Jornal de Letras de 24 de Junho a 7 de Julho de 2015.
Nesse grupo falou-se “numa escola exaurida, donde desapareceu, para muitos alunos e professores, o gosto por aprender e ensinar, transformada em campo de treino para exames, sendo indispensável mudar este estado de coisas. Mas mudar como, quando todos estão fartos e cansados de tanta mudança absurda?” De entre os vários temas abordados, destacaria dois: a participação e a autonomia.
Quanto à participação, nenhuma escola está impedida, junto dos cidadãos, de lhes solicitar a definição dos objectivos da educação e as diferentes formas de os concretizar. A comunidade em geral não deve alhear-se do que se passa na escola porque dela sairão, bem ou mal, os cidadãos que tomarão o futuro nas suas mãos. Por outro lado, há que incentivar a participação dos pais, solicitando-lhes sugestões e propondo-lhes tarefas que possam contribuir para uma maior valorização da escola e dos alunos. Além disso, essa participação deveria estender-se aos alunos, propondo-lhes, por exemplo, que sugerissem itens que pudessem figurar no Regulamento da Escola. Uma maior participação nesse Regulamento implicaria uma maior responsabilidade no seu cumprimento.
Quanto à autonomia, a escola já não é, apenas, um espaço onde só se ensina e aprende. Ela desempenha funções no domínio da alimentação dos alunos, no seu apoio psicológico, na acção social, na detecção de maus-tratos… Por outro lado, ela tenta encontrar estratégias que procurem dar respostas a múltiplas situações de alunos provenientes de famílias disfuncionais ou com graves carências de vária ordem. Por isso, “a escola deve dispor de autonomia financeira, pedagógica e administrativa que possa fazer face às situações que se lhe apresentam”. O grupo propõe, ainda, que “a direcção dos agrupamentos deveria ser revista de modo a respeitar a especificidade dos vários graus de ensino e a idade dos que os frequentam.

Foram, apenas, dois tópicos que foram abordados. Muitos outros dos estabelecidos mereceriam, pelo menos, serem reflectidos e, se possível, concretizá-los. 

                Mário Freire