quarta-feira, 25 de novembro de 2015

UM COMPUTADOR COM RODAS





            Em Setembro do ano corrente, a Agência Americana do Ambiente descobriu que muitos automóveis vendidos nos EUA dispunham de software que alterava o seu desempenho ambiental (em termos de emissão de gases poluentes) quando estavam a ser testados. Esse software, bastante sofisticado, conseguia monitorizar e controlar diversas variáveis que condicionam o funcionamento do motor. Como resultado, os motores emitiam gases poluentes com um teor, por exemplo, de óxidos de azoto muito inferiores aos valores reais. Porém, essa aparente qualidade desaparecia quando o automóvel deixava a bancada de testes e ia para a estrada.
            Os fabricantes sabem que os consumidores preferem os chamados produtos verdes e estão dispostos a pagar mais por eles. Sabem também que a legislação de muitos países é muito exigente em termos ambientais. Não existindo vontade de a respeitar, haverá então que contornar a lei de modo a chegar aos potenciais clientes que apreciam o verde, geralmente com maior sensibilidade ambiental e dispostos a pagar mais que o usual. Em tempos de crise, este poderá ser um factor decisivo na estratégia de marketing de uma empresa. Todavia, estas não podem apresentar os seus produtos unicamente publicitando as suas características que os poderão diferenciar como produto verde; terão também que convencer os clientes de que o processo produtivo, na sua globalidade, e também a própria empresa, são amigos do ambiente e contribuem para a sua preservação.
            As marcas, na sua estratégia comercial, perante a possibilidade de facturar mais uns milhões e conquistar mercado, parecem não hesitar em servir-se de todos os meios ao seu alcance para atingir os seus objectivos. Porquê, então, não equipar os automóveis com o software de ponta, que os transforme em computadores ao serviço das empresas?

                                                           FNeves