Em Setembro do ano corrente, a
Agência Americana do Ambiente descobriu que muitos automóveis vendidos nos EUA
dispunham de software que alterava o seu desempenho ambiental (em termos de
emissão de gases poluentes) quando estavam a ser testados. Esse software,
bastante sofisticado, conseguia monitorizar e controlar diversas variáveis que
condicionam o funcionamento do motor. Como resultado, os motores emitiam gases
poluentes com um teor, por exemplo, de óxidos de azoto muito inferiores aos
valores reais. Porém, essa aparente qualidade desaparecia quando o automóvel deixava
a bancada de testes e ia para a estrada.
Os fabricantes sabem que os
consumidores preferem os chamados produtos verdes e estão dispostos a pagar
mais por eles. Sabem também que a legislação de muitos países é muito exigente
em termos ambientais. Não existindo vontade de a respeitar, haverá então que
contornar a lei de modo a chegar aos potenciais clientes que apreciam o verde,
geralmente com maior sensibilidade ambiental e dispostos a pagar mais que o
usual. Em tempos de crise, este poderá ser um factor decisivo na estratégia de
marketing de uma empresa. Todavia, estas não podem apresentar os seus produtos
unicamente publicitando as suas características que os poderão diferenciar como
produto verde; terão também que convencer os clientes de que o processo
produtivo, na sua globalidade, e também a própria empresa, são amigos do
ambiente e contribuem para a sua preservação.
As marcas, na sua estratégia comercial,
perante a possibilidade de facturar mais uns milhões e conquistar mercado,
parecem não hesitar em servir-se de todos os meios ao seu alcance para atingir
os seus objectivos. Porquê, então, não equipar os automóveis com o software de
ponta, que os transforme em computadores ao serviço das empresas?
FNeves