sábado, 7 de novembro de 2015

ESMAGAMENTO DE PREÇOS E AMBIENTE






         Numa perspectiva sócio económica, tenho-me interessado pela evolução dos preços dos alimentos que servem de base à nossa alimentação. Entre outros, verifico com surpresa o preço cada vez mais baixo da carne, em especial de frango e o preço manifestamente baixo, da banana importada quando comparado com o de outras frutas.
         Comecemos pela carne de frango.
         O sector avícola nacional sofreu grande expansão com o consequente aumento dos resíduos provenientes das indústrias de processamento das aves. Esses resíduos caracterizam-se pelo elevado teor de matéria orgânica e carga patogénica, constituindo um material de alto poder poluente.
         Recentemente, tem havido uma maior preocupação com a preservação ambiental, através da publicação de legislação que pretende controlar a carga poluente presente no efluente, antes da sua deposição no meio ambiente.
         Os efluentes oriundos do abate de aves, quando não tratados, representam focos de proliferação de insectos, odores e ainda quando lançados em cursos de água, podem ocasionar a eutrofização dos mesmos. Este processo caracteriza-se pela diminuição do oxigénio dissolvido no meio e a proliferação exagerada de plantas aquáticas, resultando em maiores conteúdos de azoto e fósforo dissolvidos, pondo em risco a sobrevivência da fauna piscícola.
         Por sua vez, a banana não sobe de preço há longos anos; tem um preço consideravelmente mais baixo que o das restantes frutas importadas.
         Os grandes produtores de banana utilizam elevadas cargas de adubos e pesticidas de modo a aumentar a produção e, consequentemente, os lucros. Refira-se que os países produtores de bananas são países de economia emergente onde, tradicionalmente, a preservação ambiental não constitui uma prioridade.
         Será que a indústria da carne de aves, vendendo-se o frango a pouco mais de um euro por quilo ou a indústria de produção de bananas vendendo-se por vezes a banana a menos de um euro por quilo, terá interesse e capacidade financeira para internalizar os grandes custos ambientais referidos acima?

                                                  FNeves