No
texto anterior vimos que a cada emoção corresponde um comportamento. É a emoção
que nos leva a agir e são os eventos externos que, ao provocarem um determinado
impacto em nós, nos conduzem a ter determinada atitude. Muitas vezes esses comportamentos
são involuntários, fruto da chamada perda de controlo. No entanto, também
podemos optar por um percurso de autoconhecimento que nos vai permitindo afinar
os nossos comportamentos, não por imposição e/ou manipulação dos mesmos, mas
simplesmente por compreensão dos eventos externos e do impacto que estes criam
em nós.
Um
curto-circuito no percurso entre o evento externo, a emoção sentida e o
comportamento pode provocar descontrolo ou uma manifestação incoerente entre o
que sentimos e o que queremos comunicar.
Quando
uma emoção não encontra forma de se expressar, facilmente entramos num
mecanismo de substituição no qual tentamos substituir - ou melhor, abafar – uma
emoção através de uma sensação. Assim, quando a intensidade emocional é forte e
nos bloqueia, recorremos a algo que nos proporcione uma sensação física forte
de forma a deixar de sentir tal emoção: por exemplo, recorremos a comida,
álcool, drogas, sexo, etc. para sentirmos fisicamente algo aparentemente
positivo na ilusão de aliviar aquela tensão emocional que, quando não expressa
de forma adequada, nos cria desconforto.
Sentir
prazer através da ingestão de álcool, ou comida, por exemplo, alivia
momentaneamente a tensão, mas a emoção que está na origem do desconforto
voltará enquanto não for expressa. Assim, aprender a comunicar as emoções que
sentimos é a única forma de parar com que sejam elas a controlar a nossa vida.
Fazer
a leitura dos eventos, isto é, compreender o que eles provocam em nós, ouvir o
que sentimos dentro de nós e conseguirmos exprimi-lo é uma aprendizagem
possível. E aí somos nós que estamos ao leme do nosso barco e decidimos para
onde ir, e não o barco a levar-nos para paradeiros incertos.
Rossana
Appolloni