Na
infância todos nós aprendemos a guardar certos pensamentos ou a partilhá-los
apenas com determinadas pessoas. Podem até ser só acontecimentos de pouca
importância mas emocionantes, tal como um primeiro beijo, uma surpresa ou uma
receita de cozinha.
Diferentes
são aqueles segredos que se tornam um peso e um tormento, como pode ser o caso
de uma violência sofrida, traições, dependências ou doenças. Para quem os
guarda é de suma importância que ninguém os conheça, pelo medo das
consequências que pode ter.
O
efeito que um segredo tem sobre cada pessoa depende da quantidade de energia
que emprega para o manter como tal. Quanto maior for a energia, quanto maior o
esforço mental e o sofrimento, mais grave ele se torna. E quanto mais se tenta
reprimir o pensamento, mais a sua presença de torna forte.
Por
sua vez, quem guarda o segredo investe cada vez mais tempo com o que o
tormenta. Guardar um segredo pode chegar a ter repercussões físicas,
nomeadamente suores e outros tipos de desconforto. Portanto, manter silêncio
coloca o corpo numa condição stressante e estar em stress provoca mal-estar.
Durante a adolescência esta condição facilita problemas psicossociais, tais
como a depressão e a baixa autoestima. As consequências podem mesmo ser
inimagináveis.
Assim,
pior do que as consequências de desvendar um segredo, é persistir em mantê-lo.
Muitas vezes os segredos servem simplesmente para evitar o sofrimento de outra
pessoa, mas o mal que a própria faz a si mesma não compensa!
Para
sentir bem-estar é essencial que a pessoa goze de autonomia e liberdade de ser
quem é, bem como de sentir que é aceite pelos outros. Ao guardar um segredo, a
pessoa está a afastar-se das condições básicas para o seu bem-estar. Por isso,
comece por partilhar os seus segredos com quem acha que o compreenderá e não
emitirá juízos de valor. Ter um confidente é muito importante e reconfortante.
Se não o tem, procure-o! Há sempre alguém disposto a ouvir e a ajudar, basta
estar atento a quem o rodeia.
Rossana
Appolloni